Maria Augusta Ribeiro
Posts no Instagram, dancinhas no Tik Tok e áudios no WhatsApp inundam a vida de pais orgulhos em compartilhar cada conquista de seus filhos. E assim milhares de dados de crianças são compartilhados com boas intenções na internet. Mas a exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais, feita pelos pais ou por eles mesmos está tendo consequências desastrosas. Pensando nisso a SBP- A sociedade Brasileira de Pediatria divulgou um documento alertando sobre a necessidade de maior critério ao expor os menores nas redes sociais.
Mas qual é o problema em compartilhar?
As redes sociais não são para isso? Veja quais são os 9 riscos de expor os filhos na rede: Fotos Íntimas e Pedofilia: Nos últimos anos, um dos crimes sexuais mais praticados em todo o mundo contra menores é a pedofilia via digital. Muito porque os pais não veem mal algum em publicar fotos dos filhos de biquíni, sem camisa ou mesmo sem roupa quando são bebês Expor uma criança em fotos com pouca roupa, não só vai atrair pedófilos, mesmo que seu perfil seja privado, como causar constrangimento no futuro. E pasmem, com a normalidade de se fazer post muitas crianças também fazem fotos íntimas dos pais sem eles perceberem e publicam na internet, com a ingenuidade de que tudo precisa ser compartilhado.
Na rede social tem sempre alguém mais bonito, mais alto, mais magro, e com um corpo mais sarado que o seu
Morphing: É a prática onde pessoas copiam uma foto na internet fazem uma montagem com outra foto pornográfica. Quase sempre não visto pelo público comum porque fica circulando em ambiente da Deep Web, e acaba por estimular conteúdo ilícito.
Meme: O hábito de fazer um recorte de comunicação e transformar alguém em imitação e piada, também é problema para as crianças. O famoso meme é engraçado no físico, mas com a internet seu poder de viralização é gigantesco. Imagine uma piada de mal gosto com o rosto do seu filho podendo ser acessada, curtida e compartilhada por diversos meios digitais milhares de vezes durante vários anos; não vai ser legal, né?
Check in: A Mania de colocar uma etiqueta digital confirmando os lugares onde está cada vez que sai de casa pode expor seu filho a crimes como roubo, extorsão e sequestro. Parece assustador pensar nessas possibilidades, mas já se perguntou por que os criadores das redes sociais não fazem isso? Qual o sentindo de registrar que entrou ou saiu de um lugar?
Sexting e Nudes
O Ato de enviar conteúdo erótico e fotos sem roupa pode expor seu filho a chantagem e revelar detalhes da vida sexual que nem ainda começou. Os menores podem com isso ser expostos a predadores sexuais, forçados a participar de desafios envolvendo nudes, e ainda ter as fotos vazadas e circuladas em redes sociais, canal de comunicação dentro de games e revelar detalhes de uma vida sexual que ainda nem aconteceu.
Cyberbullyng
Se o bullyng já era praticado na vida real, em ambiente digital ele é elevado à décima potência, e com isso casos de violência psicológica estão sendo experimentados por crianças antes dos 4 anos. A ideia do mais forte colocar apelidos, humilhar, ofender, zoar, discriminar, bater, chutar, empurrar, gozar, perseguir, aterrorizar, assediar, difamar, quebrar pertences, dominar, tiranizar, entre outros comportamentos, agora é potencializado em ambiente digital.
Fraude e Roubo
Nunca foi tão fácil para fraudadores obter informações como nome, idade, local onde reside, data de nascimento, nomes dos pais e etc. para realizar um crime contra menores como roubo de identidade, perda de privacidade e fraude. Um relatório da Barclays estima que mais de uma década de informações compartilhadas em excesso pelos pais produziram 7 milhões de incidentes de fraude, apenas no Reino Unido. Agora imagine no Brasil!
Transtornos alimentares e de imagem
Na rede social tem sempre alguém mais bonito, mais alto, mais magro, e com um corpo mais sarado que o seu. E isso pode gerar comportamentos de insatisfação, tristeza, e impactar na satisfação corporal e distorção da imagem corporal pelo ideal de beleza, levando a práticas alimentares não saudáveis ou inadequadas. E as empresas donas das redes sociais sabem dessa realidade e pouco fazem para conter o conteúdo publicado, que estimula o culto ao corpo cada vez mais slim.
Saúde mental de crianças e adolescentes
Em dois anos de Alexa no Brasil, depois de “Bom dia”, a pergunta mais frequente feita ao assistente foi “quais são os sintomas de bornout”. E muitos dos autores dessas perguntas foram crianças menores de 11 anos. Se por um lado as redes sociais permitem a interação e a exibição o tempo todo, por outro lado estão adoecendo as pessoas e os diagnósticos começam cada vez mais cedo. Nunca se falou tanto em saúde mental e como a exposição em excesso nas redes proporciona um ambiente prejudicial à saúde mental dos pequenos. Sempre pergunto aos pais por que seu filho precisa ter uma rede social. Se a resposta foi interação, ela pode começar no físico, pois é na vida real que estabelecemos vínculos.
A tecnologia é uma ferramenta maravilhosa, mas precisa continuar sendo apenas ferramenta. O comportamento de não publicar em excesso a nossa vida precisa ser orientado aos jovens a começar pelo maior exemplo de uma criança dentro de seus lares: os pais. Não basta suspender as redes dos jovens, é necessário conversa, orientação, controle parental. Os responsáveis pela gestão de uma geração com senso critico e protegida de crimes em ambiente digital é dever dos pais. Pense nisso!