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Artigo Sexta-feira, 17 de Abril de 2020, 00:00 - A | A

17 de Abril de 2020, 00h:00 - A | A

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A pandemia e os impactos irreversíveis na Educação



Paulo Arns da Cunha 

Mais de 1,5 bilhão de alunos e 60,3 milhões de professores de 165 países foram afetados pelo fechamento de escolas devido à pandemia do coronavírus. Nessa crise sem precedentes, de proporção global, educadores e famílias inteiras tiveram que lidar com a imprevisibilidade e, em benefício da vida, (re) aprendemos a ensinar de novas maneiras. 
Uma questão a se pontuar é a desigualdade gigante entre os sistemas públicos e privados da Educação Básica - e a própria distância social entre as famílias dos estudantes. Enquanto alunos de escolas particulares aprendem por meio de diversos recursos e estratégias combinadas, como vídeo ao vivo ou gravado, envio de tarefas, mentoria e sessões em grupos menores para tirar dúvidas, muitos estudantes das escolas públicas sequer têm acesso à internet. 
Além disso, nem todos os municípios possuem estrutura de tecnologia para oferta de ensino remoto e nem todos os professores têm a formação adequada para dar aulas virtuais. Outra realidade que complica a adesão de alunos às aulas on-line são os softwares utilizados para esse fim, que, em sua grande maioria, são desenvolvidos para funcionar em computadores - ambiente acessado atualmente por apenas 57% da população brasileira, segundo o IBGE. Muitas crianças da geração Z nunca ligaram um computador e 97% dos brasileiros acessam a internet pelo celular.

Por isso, empresas, governos e organizações do mundo inteiro não estão medindo esforços para mobilizar recursos e aplicar soluções inovadoras e adaptadas ao contexto para oferecer aulas remotas e encontrar soluções equitativas para os 1,5 bilhão de alunos que estão em casa. 

E o ensino nunca mais voltará a ser o que era antes. Nos libertamos das paredes da sala de aula e descobrimos um mundo de oportunidades nas mãos dos jovens. Os professores vivenciaram novas formas de ensinar, novas ferramentas de avaliação - e os estudantes entenderam que precisam de organização, dedicação e planejamento para aprender no mundo digital.
A crise do coronavírus terá efeitos perenes sobre a forma de aprender. O isolamento está criando novos hábitos e comportamentos, tanto nas famílias, quanto nas instituições de ensino, que estão revendo uma série de processos, estruturas e metodologias. Aprendemos que lidar com a imprevisibilidade exige um trabalho em grupo muito mais alinhado e que, mesmo distantes, podemos unir esforços em prol de um bem maior. 
Toda crise é uma oportunidade de aprendermos algo novo e a única coisa que eu tenho certeza é que o mundo vai ser diferente depois do coronavírus. As crises ensinam aos que estão abertos ao novo. 

Paulo Arns da Cunha é diretor-executivo do Colégio Positivo.

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