José Vieira do Nascimento
Quem acreditava que poderia haver uma possível investigação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, se equivocou. Ele continua um intocável.
Na semana passada, houve euforia popular com a notícia de vários veículos de comunicação, que a Receita Federal estaria investigando Gilmar Mendes, para identificar suposta prática de lavagem de dinheiro, focos de corrupção e ocultação de patrimônio.
Mas a alegria durou pouco. A Receita foi forçada a pôr o rabinho entre as pernas e se retratar.
A Receita Federal foi obrigada a divulgar uma nota negando tudo e afirmar que não existe nenhuma investigação contra o poderoso ministro, apesar de a investigação estar em curso e de ter sido vazada por algum servidor.
Gilmar Mendes usou a sua supremacia para exigir providências do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo. Toffoli é o mesmo que despajou a favor de Renan Calheiros, às três horas da madrugada, um recurso que foi protocolado duas horas antes [uma hora da manhã], para proibir que o voto fosse aberto na eleição da presidência do Senado.
Apesar da magnitude de seu cargo, a imagem que Gilmar Mendes construiu diante de uma nação indignada com suas sofismável canetadas, a favor de inúmeros presidiários endinheirados, é de abnegação. Figura entre os brasileiros mais detestados da contemporaneidade. Cara que solta quem a população quer que fique preso...
E assim como a maioria dos ministros do Supremo, sua imagem transmite repúdio e indignação.
O desgaste dos ministros levou o STF a perde a confiabilidade. É visto como um poder que atua contra os interesses da sociedade.
Mesmo assim, num momento em que grande parte dos brasileiros evidenciou que não tolera mais abuso de autoridades, que usam de influência de seus cargos para benefícios pessoais, ministros do Supremo ignoram este clamor social e seguem com suas bravatas.
Agem de acordo com suas conveniências, usando de falsos subterfúgios para justificar seus atropelos jurídicos e promover a justiça de classes: Classe dos que tem dinheiro, distinta da classe dos pobres.
Políticos corruptos a população tem a oportunidade de trocar em cada eleição. No Supremo, o cargo é vitalício. Só se aposentam compulsório aos 75 anos.
Perpassando os fundamentos jurídicos [muitos deles questionáveis] usados em despachos por suas excelências, os ministros, para liberar presos de colarinho branco, a reflexão que nos remete é se, mesmo com tamanha desmoralização, o Supremo permanecerá uma corte de intocáveis? Casta superior, que se posiciona acima do bem e do mal?
José Vieira do Nascimento é diretor e editor responsável de Mato Grosso do Norte
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