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Artigo Sexta-feira, 13 de Novembro de 2020, 00:00 - A | A

13 de Novembro de 2020, 00h:00 - A | A

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Os cristãos e a política



Deusdédit de Almeida 

Assim afirma o código do Direito Canônico (Can. 747): “Compete a Igreja anunciar sempre e por toda a parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa humana ou salvação das almas”. 
Fundamentado nesta orientação canônica é que os pontífices apresentam suas exortações sobre as questões sociais, políticas e econômicas para a Igreja. Aos críticos dos nossos Pontífices, por suas intervenções e discursos sociais, sobretudo, hoje, em relação ao Papa Francisco, recomendamos, vivamente, a leitura atenta do código do Direito Canônico, livro III, sobre o “múnus de ensinar da Igreja.”  
A doutrina social da Igreja, também, tem sua fundamentação neste dispositivo canônico.  É nesta linha de pensamento que o Papa Pio Xl (1922-39), o Papa da ação católica, afirmou: “a política é a mais perfeita forma da caridade.” É a perfeita forma da caridade porque visa o bem comum da coletividade. Esta afirmação foi repetida e reforçada pelos seus sucessores. Esta visão social foi reforçada pelo estudioso francês, Pe. Lembret, o qual deu a melhor definição de política em sentido amplo: “a política é ciência, a arte e a virtude do bem comum”.
Por isso, os cristãos, não só podem, mas devem buscar sempre um envolvimento político para a transformação da sociedade e do mundo.  Assim, qualquer iniciativa social que favoreça o bem comum, se transforma em ação política. Por exemplo: um abaixo-assinado ou manifestações pacíficas para pedir creche, escola, segurança, asfalto, saneamento básico e urbanização da comunidade, são consideradas atividades políticas em sentido amplo. 
Neste sentido o evangelho tem, também, uma lucidez política. Pois, Jesus passou por este mundo fazendo o bem a todos, como diz o livro dos Atos dos Apóstolos (At 10,38). É por isso, que a Igreja, continuadora da missão de Jesus, deve continuar trazendo sua contribuição para o ordenamento político e paz social, em vista do bem de todos. 
Disse São Paulo VI: “a Igreja Católica é perita em humanidade”, devido o seu vasto conhecimento da história humana e longa convivência universal com várias civilizações políticas, ensinando e aprendendo. Neste sentido a Igreja se apresenta com muita credibilidade, para ser uma instância conscientizadora e orientadora na construção de uma sociedade mais humana, limpa, convivente, fraterna e solidária. Neste sentido a Igreja deve contribuir com sua reflexão para o fortalecimento do processo democrático. Porque, entendemos que a democracia é um marco civilizatório nas sociedades humanas.

É um bem para a coletividade. Assim entendemos que: “os males da democracia, devem ser combatidas com mais democracia e participação popular”.

As cartilhas produzidas pelas comunidades no período eleitoral, têm auxiliadas na formação crítica do povo e o surgimento de uma nova consciência política. Em relação a política partidária, a Igreja não se identifica com nem nenhum partido e nenhum projeto político partidário.
Porém, incentiva a participação e envolvimento dos seus leigos e leigas. Eles são os membros da Igreja no coração do mundo. Os leigos e leigas devem levar os valores cristãos e éticos para dentro dos partidos e não trazerem os partidos para dentro da Igreja.
O candidato, seja de que partido for, impregnado dos princípios cristãos, deve levar consigo para dentro do parlamento, esses valores éticos e cristãos, os quais, devem iluminar sua jornada política e seu procedimento.  Não queremos políticos representando a Igreja. Queremos políticos limpos, honestos e competentes, em todas as esferas de governo, representando a sociedade como um todo.
Assim nossa cartilha política visa a formação do eleitor consciente. Isto é aquele que valoriza o seu voto. Chamado, também, de voto qualitativo e não quantitativo, ou seja, voto comprado! É uma grande verdade a máxima: “voto não tem preço. Tem consequências”!  
Orientamos para que os cristãos não anulem o voto e nem votem em branco. Isto contribui para manter as coisas como estão. É necessário escolher alguém! Não devemos abrir mão do direito de votar a fim de mudar para melhor ou evitar males maiores. Lembrem-se: votar é um ato de cidadania e de amor à Pátria. Evoco a expressão de São João Bosco: “a sociedade precisa de bons cristãos e honestos cidadãos”!

Deusdédit de Almeida é sacerdote diocesano e Cura da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

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