João Rosa
Independentemente do que você se propõe fazer, sempre que o termo “prova” aparece uma sensação de insegurança é gerada simultaneamente. É uma coisa que nos assombra desde criança. A pergunta “será que essa cai na prova?” é praticamente uma unanimidade. O medo de na hora “dar branco”. Ou então aquela clássica puxada de orelha da mãe: “vai estudar, senão você não passa na prova!”.
E realmente é isso que acontece. Somos doutrinados desde a infância a estudar para passar na prova e não a aprender. E é fácil fazer o teste. Basta perguntar ao indivíduo o que caiu na prova alguns dias depois. Provavelmente a maioria não vai se lembrar. É o fenômeno do Alzheimer educacional. O carpe diem do aprendizado.
E nesse processo existe um catalizador do esquecimento, a “decoreba”. Uma aberração didática desenvolvida nos moldes de um instinto de sobrevivência. É uma coisa tão efêmera, que realmente só serve para aquele momento específico. A cobrança da vida “pós-prova” não funciona dessa maneira, ou alguém já te parou na rua e perguntou: “Fala amigão(ona), qual a fórmula de Bhaskara?”. Uma de tantas outras coisas que somos forçados a decorar nas mais diversas áreas da educação.
As cobranças, os problemas, os desafios, eles vão aparecer na vida, mas não nos moldes do “Quem Quer Ser um Milionário”. A preparação que se deseja de um indivíduo em relação a determinado tema é que ele saiba do que se trata, o contexto que está inserido, suas relações de interdependência e, sobretudo, onde procurar referências para ajudar na resolução.
A “decoreba” é um processo de especialização involuntário de quem estuda. Você decora de tanto que usa e não decora para usar. O professor de matemática só tem a fórmula de Bhaskara na cabeça por que ele ensinou isso “trocentas” vezes. Ensinar é a melhor forma de aprender.
Evidente que é necessário um indicador de desempenho e sim, a prova é o método mais simples, tanto para quem avalia quanto para quem é avaliado. Porém, definitivamente, não é o mais eficiente. A avaliação do desempenho deve ser contínua, acontecendo em paralelo ao desenvolvimento das atividades.
Mas a questão do esquecimento não é o que temos de pior em relação a prova. A peregrinação pelo “tirar nota” é tamanha que muitas vezes nos leva a ser corruptos, a fraudar o conhecimento por meio da popular “cola”. Uma atitude que muitos “malandrões”, infelizmente, levam para o resto da vida.
João Rosa (Botão), é professor