José Vieira do Nascimento
Novamente não haverá Censo em 2021. É bem provável que também não haja em 2022, que é ano eleitoral. Dizer que o Censo demográfico é imprescindível para o país, é uma retórica recorrente. Todos sabem de sua importância para traçar o perfil do povo brasileiro. E mais do que contar a população, as informações do Censo orientam as políticas públicas de acordo com a realidade de cada região.
Entretanto, é estranho o silêncio de lideranças de Mato Grosso. Não ouvir vozes de protestos contra esta decisão, das lideranças políticas, principalmente prefeitos de município que estão em ascensão, em um estado que está em fase de grande crescimento econômico, é contrastante diante de um fato de grande proporção negativa.
Da mesma forma que soa tupiniquim, em pleno século 21, no auge da tecnologia da informação, um país como o Brasil está com seus dados oficiais, suas características e o perfil de sua população, ultrapassados. E o Censo é o raio -x da sociedade brasileira.
Trazendo para nossa realidade, para muitos municípios da região norte de Mato Grosso, a postergação do Censo representa um incalculável prejuízo em seus processos de crescimento. O último Censo foi realizado em 2010, numa realidade econômica e social bem diferente da que temos na atualidade.
Durante esta década, cidades como Alta Floresta, Matupá e Guarantã do Norte, para citar alguns exemplos, passaram por grandes transformações. Avançaram nos diversos segmentos que compreendem as estruturas socais e econômicas e estão em um novo cenário de ascensão.
No entanto, os dados oficiais conferidos pelos IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] à estas cidades, permanecem os mesmos e estão completamente ultrapassados, incondizentes com o momento atual. E isto impacta negativamente!
Em 2010 o Censo atribuiu à Alta Floresta uma população de 49.164 habitantes. Em 2020, o número cresceu para 51.959, conforme a estimativa do IBGE. Porém, este número é dissonante com o crescimento da cidade, que se estima já ter ultrapassado a 70 mil moradores.
Paga-se um preço extremamente alto por esta defasagem. Cidades das regiões Sul e sudeste do país, onde o crescimento está estabilizado num mesmo patamar há década, são menos atingidas com o cancelamento do Censo. Diferente de muitas cidades do norte de Mato Grosso que são extremamente prejudicadas por esta infeliz decisão do governo.
As decisões de governo nos países desenvolvidos são tomadas com base em dados oficiais. No Brasil estamos na contramão. Através do Censo, o governo define os investimentos nos setores essenciais, como saúde, educação e segurança.
Quantos milhões por ano Alta Floresta está perdendo de recursos em seus repasses constitucionais, na Saúde e Educação, por estar com a contagem de sua população defasada? É com base no número de habitantes que é definido o percentual no Índice de Participação dos Municípios- FPM.
Ademais, a projeção oficial de Alta Floresta para 70 mil habitantes, ascenderia inúmeras possibilidades, de novos investimentos. Uma cidade com este número populacional, é observada com outro critério pelos empreendedores. Da mesma forma das demais cidades da região que tem mais moradores do que o registro oficial do Censo.
Portanto, os gestores deveriam bradar contra esse contrassenso do governo federal e cobrar a realização do Censo demográfico, essencial para Mato Grosso e para o Brasil.
Editor do jornal Mato Grosso do Norte
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