É complicado comparar Alta Floresta no período em que eu fui prefeito, com agora, principalmente em termos de economia. Mas não posso deixar de relembrar que em 1993 quando assumi a prefeitura, tínhamos um índice de malária em Alta Floresta e nas demais cidade da região, de quase 30 óbitos mensais. Para fazer frente e este problema, colocamos 13 laboratórios em pontos estratégicos da cidade, para atender a população.
Tínhamos escolas, dentro de máquinas de arroz, dentro de curral de boi. Algumas escolas eram feitas de costaneira de madeira, piso batido, sem banco para as crianças sentarem e sem merenda escolar. Foi uma época com graves problemas socais e econômicos. Fazendas como Kayabi, Mogno e São Bento cortaram todo o café e o cacau, não compensava produzir.
Tínhamos uma favela no fundo da rodoviária, outra favela no fundo da Viação Maringá. No Vila Nova tinha 300 barracos, pessoas jogadas pelo chão.
Nossas avenidas, entre uma e outra, eram terra, calçada não existia em nossa cidade. Postos de gasolina, todos eles com terra. A cerca do cemitério era de arame farpado e não havia controle das pessoas que morriam. Como nossa região era garimpeira, quando morria alguém, se chegasse um parente aqui, não conseguia localizar a sepultura da pessoa. Era uma cidade completamente desorganizada.
E nossa arrecadação era muito pequena para enfrentar todos esses problemas. Como a prefeitura não tinha recurso, contamos com ajuda da sociedade. Eu, como prefeito, nunca comprei madeira para fazer uma ponte. Conversava com o Sindicato dos Madeireiros, que arrumava a madeira. Eu sabia que era nossa obrigação, mas não tínhamos capacidade financeira para fazer. O sindicato arrumavam a madeira e muitas vezes até a máquina e o óleo. A prefeitura só entrava com os funcionários para fazer o serviço.
Para agravar a situação, tivemos o problema do ex-presidente Collor, a URV, que causou um trauma muito grande financeiramente, não só em Alta Floresta, mas no Brasil inteiro. Enfim, foi uma época muito difícil. Tive a ajuda dos deputados estaduais Romoaldo Júnior Leonildo Menin para viabilizar recursos junto ao governo do Estado, e a felicidade de ter o Rogério Silva {meu Irmão} como deputado federal, que viabilizou a perimetral Rogério Silva, Avenida Amazonas a Avenida Robson Silva e viabilizamos energia elétrica para o Vila Nova.
Hoje vejo que Mato Grosso, que era o 15º a 18º em arrecadação entre os Estados, é o maior produtor de grãos do país. sua arrecadação que era em torno de R$ 60 a 70 milhões por ano, hoje está na casa dos 20 bilhões. O Brasil cresceu muito, principalmente o agronegócio. E hoje vejo Alta Floresta como um sonho realizado, trabalho de muitas pessoas, da população, dos políticos. A cidade está organizada. A realidade de Alta Floresta é outra completamente diferente. Fico muito feliz de ter participado deste processo e de ter contribuído para que a cidade crescesse.
Visitei a Tecnoalta [Exposição realizada recentemente] e percebi que as pessoas que há 30, 40 anos atrás acreditaram em Alta Floresta, hoje estão vendo seus sonhos realizados.
Grandes empresas como a Bunge, Amaggi, Cargill e muitas outras, estão financiando nosso produtor rural, fazendo com que a nossa cidade produza muito e chame a atenção das concessionárias Massey Ferguson, John Deere, Valtra e outras, que estão acreditando no município. Então, vejo Alta Floresta muito promissora. Ainda há dificuldades, mas hoje há uma base pronta. E tenho certeza que a cidade, de agora para a frente, tem tudo para crescer.
Neste aniversário de 43 anos de Alta Floresta, parabenizo a população, a todos aqueles que não desistiram diante das dificuldades, as empresas que aqui se instalaram que contribuíram com o crescimento da cidade.
Robson Silva, pioneiro, empresário e ex-prefeito de Alta Floresta (1993/ 1996).