Anna Bittencourt
TV Press
Aos 67 anos – destes, quase 40 dedicados à tevê –, Amaury Jr é sinônimo de prestígio. É só pensar nele que a música “Keep It Comin’ Love”, dos americanos KC and The Sunshine Band vêm à cabeça, seja por seus programas ou pelas paródias exibidas em outras produções. Autor de entrevistas icônicas, seja na cobertura de festas ou na intimidade dos famosos, o apresentador celebra sua volta a Band, emissora que o revelou, para comandar o “Amaury Jr”. “Depois de 15 anos, saí da RedeTV! em absoluta paz e harmonia. Mas estava em um programa diário em um horário que não gostava”, admite. Desta vez, seu programa irá ao ar aos sábados, a partir das 23h30. Segundo ele, o seu novo contrato é para sempre. “Para eu não precisar ter o trabalho de me aposentar”, diverte-se. Com novos quadros e viagens planejadas, Amaury quer ir além da cobertura da noite. “Defino meu programa como uma revista variada de fim de noite”, explica.
Alçado à fama por apresentar o “Flash” de 1983 a 2001 pela Band, Amaury relembra que o ofício já o colocou em algumas saias justas. “As gafes não preciso nem comentar. Já esqueci muitos nomes, mas o pior é ter de entrevistar um desafeto e não deixar transparecer. Até porque o público não tem nada a ver com isso”, diz, com bom humor. Para a nova empreitada, ele garante que quer diversificar sua audiência, já que seu público é majoritariamente feminino e com idade superior a 40 anos, segundo um estudo feito por encomenda do apresentador. “Por isso quero estar sempre atualizado. Fico sempre de olho nas redes sociais e nos lugares que estão em alta em cada momento, em todo o mundo”, exagera.
P – Após 15 anos na RedeTV!, por que você decidiu voltar à Band?
R – Acho que tudo tem um prazo de validade e acredito que a estagnação não gera progresso. Eu queria fazer um programa semanal ao invés de diário. Cansei do dia a dia, mas lá as condições não permitiam. Tenho a vaidade de falar e ser ouvido, na verdade, existiram vários fatores. E sempre tive um caminho aberto com a Band. Sempre tive vontade de voltar para a casa que consagrou o formato que criei. Por isso, pedi para realizar as alterações que queria e consegui.
P – Quais eram as principais alterações que você tinha em mente?
R – A ideia é fazer uma releitura de tudo que eu já fiz, acrescentando ingredientes às marcas registradas do programa.
P – Como assim?
R – Não quero ficar preso às festas, por exemplo. É claro que isso não vai faltar, continuo querendo estar em grandes eventos. Acho que é na noite que as coisas acontecem. Mas quero fazer alguma coisa dentro do estúdio também, já pensamos em alguns quadros. Além disso, quero viajar. Vou à Rússia para mostrar algumas cidades que vão sediar a próxima Copa do Mundo, por exemplo. Quero promover debates pontuais sobre temas da atualidade, mas de forma divertida.
P – Com quase 40 anos de carreira, você ainda se prepara para suas entrevistas?
R – Depende. Fui entrevistar o presidente Michel Temer e me preparei. Já com o Roberto Carlos, não muito. Quando vou às festas, quase nada. Tem que saber dosar o que está acontecendo ali, naquele momento, o que aquela pessoa está sentindo e o que é relevante perguntar. A produção me ajuda com algumas colas também, é claro. Mas isso eu aprendi de forma intuitiva aqui na Band. Hoje já fiz mais de 60 mil entrevistas, já estou calejado.
P – E você não pensa em parar?
R – Eu? Aposentar? Ainda não. Não me enchi e festa não enche ninguém. Além disso, minha mãe me ensinou que tenho que raspar o prato. Ainda tem comida e eu estou morto de fome.
“Amaury Jr” – Band – sábados, às 23h30.