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Carros Terça-feira, 13 de Maio de 2025, 15:41 - A | A

13 de Maio de 2025, 15h:41 - A | A

Carros / HONDA ZR-V

Combinado de conceitos

Honda ZR-V aposta no custo/benefício e na fusão de elementos de sedã e SUV



por Eduardo Rocha
Auto Press

               

A Honda apostou no meio-termo ao projetar o ZR-V. A marca japonesa queria um crossover maior que o HR-V, considerado pequeno demais no mercado estadunidense, mas menor que CR-V, apesar de compartilharem a mesma base do Civic. Também em relação ao próprio conceito do carro, a Honda buscou implementar um porte de SUV e com posição de dirigir de sedã, mantendo características como espaço interno, boa altura livre para o solo e carroceria encorpada.                

Até aqui, atrair interessados de diversos segmentos parecia ser uma boa ideia. Mas aí a Honda resolveu diferenciou o ZR-V outros aspectos. Caso do desenho, que não se identifica com o restante da gama Honda, e o motor, um tradicional 2.0 litros aspirado a gasolina. Isso em um momento que o turbo e a eletrificação já chamavam a atenção dos consumidores.                

Mesmo com todos esses empecilhos, o crossover da Honda conseguiu cumprir a missão de aumentar a presença da marca no mercado. Em 2024, primeiro ano pleno no mercado, o ZR-V apresentou um emplacamento médio em torno de 500 unidades mensais – o CR-V ficava em torno de 100 emplacamentos/mês. Esse desempenho certamente tem mais a ver com a credibilidade da marca do que pelo preço, que sempre foi de pouco convidativos R$ 214.500.                

Na época do lançamento, no final de 2023, esse valor o deixava acima de versões de topo de rivais como Jeep Compass, Corolla Cross e Volkswagen Taos. De lá para cá, sem levar em conta as promoções de concessionárias, a tabela do ZR-V ficou onde estava, enquanto os rivais mantiveram a política de aumentar o preço devagarinho para ninguém escutar. Atualmente, é mais barato que o Taos Highline ou o Compass Limited. Apenas o Corolla Cross se mantém mais barato –não por acaso, líder entre os SUVs/crossover médio-compactos.                

As medidas do ZR-V seguem o padrão dos modelos do segmento, com 4,57 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,61 m de altura e 2,66 m de entre-eixos. O porta-malas tem capacidade para 389 litros e a altura livre para o solo é de 17,8 cm. Sob o capô, o motor aspirado de 2.0 litros e quatro cilindros rende 161 cv e 19,1 kgfm e é gerenciado por um câmbio CVT com sete marchas pré-programadas.                

O interior segue o padrão estético da Honda, marcado pela grande saída de ar que rasga o console frontal de fora a fora, interrompida apenas a região do volante. Na parte central do console, aparece a tela flutuante de 9 polegadas da central multimídia. Já o painel traz uma tela digital de 7 polegadas ao lado do velocímetro analógico. No centro, há um console central de duas alturas, onde há um carregador de celular por indução.                

Na parte de segurança, o ZR-V traz oito airbags – frontais, laterais, de cortina e de joelhos – e o pacote de recursos ADAS chamado Honda Sense, com alerta de colisão com frenagem autônoma, controle de cruzeiro adaptativo com stop&go e monitoramento de faixa etc. Ele traz ainda chave presencial, revestimento em couro sintético e sensores de obstáculos dianteiros e traseiros com câmera de ré. São equipamentos que o nivela com os rivais, mas a expectativa da Honda é o ZR-V agrade mesmo por unir elementos de sedãs e de crossover sem abrir mão da dinâmica nem da habitabilidade.  

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 2.0 litros aspirado tem acelerações e retomadas progressivas e oferece uma dinâmica consistente, que prioriza a suavidade de funcionamento. A potência de 161 cv e do torque de 19,1 kgfm só fica disponíveis em giros altos, mas não há falta de potência em nenhuma faixa de rotação, até pela capacidade de resposta do câmbio CVT, com sete marchas emuladas. Trata-se, porém, de um carro comportado. Daí a aceleração de zero a 100 km/h em 10,9 segundos, com máxima de 195 km/h. Nota 8.

Estabilidade – O ZR-V traz uma suspensão refinada, com McPherson na frente e multilink atrás, que conjuga conforto e controle de carroceria. A estrutura, a mesma do Civic 11, tem boa rigidez torcional, o que oferece bom controle tanto pela rolagem nas curvas quanto pela firmeza nas retas. Em relação aos rivais, a altura livre para o solo e da carroceria menos se traduzem na melhor estabilidade do segmento. Nota 9.

Interatividade ‑ A generosa tela da central multimídia de 9 polegadas fica alinhada com o topo do volante, bem na linha de visão do condutor. O sistema conta com espelhamento e carregamento sem fio para celulares, o pacote ADAS Honda Sensing. O SUV tem ainda ar-condicionado digital duplo, banco do motorista com ajuste elétrico, painel digital de 7 polegadas, sensores dianteiros e traseiros, câmera de ré e chave presencial. Falta, no entanto, recursos como sensor de chuva e alerta de ponto cego para o lado esquerdo – conta apenas com a imagem de câmera para monitorar o lado direito, no chamado LaneWatch. Nota 8.

Consumo – O ZR-V Touring bebe somente gasolina e apresenta números de consumo apenas coerentes com peso, tamanho e motorização. Na avaliação do InMetro, a média fica em 10,2 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada, com nota C tanto na categoria quanto no geral. Nota 6.

Conforto – O ZR-V combina uma suspensão bem calibrada com uma posição de conduzir semelhante à de sedã, o que gera controle e conforto. O habitáculo se vale do bom entre-eixos de 2,66 metros oferece bom espaço para as pernas de quem vai atrás. O isolamento acústico é bem eficiente (o para-brisa, inclusive, é acústico) e o som do motor só é percebido quando se trafega em giros mais altos. Nota 10.

Tecnologia – Plataforma do ZR-V é sólida e o modelo tem um pacote de assistência ao condutor relativamente completo. Tem ainda controle de descida, central multimídia com conexão sem fio, faróis full led e oito airbags etc. Já o motor 2.0 aspirado segue um conceito mais tradicional e não se destaca nem em desempenho, nem em consumo, mas se vale de uma dinâmica suave e progressiva. Nota 7.

Habitabilidade –O habitáculo do ZR-V é um pouco mais baixo que os rivais do segmento, mas os bancos dianteiros têm uma ótima ergonomia. Há diversos nichos para organizar os objetos na frente e bom espaço no banco de traz. O porta-malas é apenas razoável com 389 litros e traz um bagagito flexível, meio precário, mas tem um bom acesso pela enorme tampa traseira. Os limpadores de para-brisa ficam ocultos quando desligados, para uma integração maior com a estrada. Nota 9.

Acabamento – A Honda tem um histórico de bom acabamento, que é respeitado no ZR-V. O interior, inclusive, traz diversos elementos do Civic 11, como a saída de ar que se estende por todo o console frontal a partir do painel. Os materiais também são de boa qualidade, com superfícies macias em todos os pontos de toque e com revestimento em couro. O habitáculo tem uma certa sofisticação e se destaca por ter proporções mais próximas às de sedã. Nota 8.

Design – O visual do ZR-V foge do conceito usado pela Honda em seus outros modelos. As linhas são arredondadas, com uma grade ovalada na parte central do para-choque e carroceria musculosa. A ideia foi valorizar a elegância e não a robustez, como ocorre com os modelos do segmento. Não há muita ousadia, mas é design equilibrado e agradável. Nota 8.

Custo/benefício – O ZR-V Touring está tabelado em R$ 214.500, o que o deixa um pouco abaixo das versões de topo dos SUVs médio-compactos. Ele é bem completo, tem bom acabamento e a motorização, apesar de não ter recursos como turbo ou assistência elétrica, é eficiente. Nota 8.  

Total ‑ O Honda ZR-V somou 81 pontos em 100 possíveis.  

Impressões ao dirigir

Sem pressa                

A partir do momento que os automóveis abraçaram a eletrônica, cresceu a velocidade do surgimento de novidade e, consequentemente, a exigência de atualização das tecnologias. Mas nem todas as marcas entram nessa pilha. Enquanto algumas marcas europeias e norte-americanas apostam tudo na eletrificação, as fabricantes japonesas tomam uma posição mais precavida. A verdade é que os modelos híbridos e elétricos podem fazer bonito nas vitrines, mas não são tão efetivos nos números de emplacamento. Mesmo com todo o alvoroço em torno do tema, esses modelos não passam de 8,5% do total do mercado brasileiro. Por isso, a aposta da Honda no ZR-V, com um motor 2.0 litros aspirado, não é nada despropositada.                

Trata-se de um propulsor eficiente o suficiente para animar o ZR-V, com seus 161 cv e 191,1 kgfm, e robusto o bastante para não dar dor-de-cabeça. Dinamicamente, o motor prioriza a linearidade nos ganhos de velocidade, com acelerações consistentes e conforto de rodagem, sem qualquer despejo brusco de potência. Essa progressividade, bem controlada pelo câmbio CVT, cumpre a promessa de maneabilidade de sedã, em relação a estabilidade e conforto. Para o uso urbano, esse comportamento é bastante adequado, mas em estrada não atende a quem busca uma direção mais agressiva – alguém que, a princípio, nem deveria buscar um SUV/crossover.                

O interior é coerente com essa proposta. O ZR-V traz uma ergonomia típica de sedã, pelo alinhamento horizontal do quadril com o calcanhar. Os bancos também têm uma boa ergonomia, com uma estrutura com vários pontos para distribuir o peso. Um detalhe que incomodou foi o reflexo da parte clara do acabamento no retrovisor externo. No mais, o conforto interno, ajudado pela solidez e consistência do chassi, é outro ponto a favor do modelo da Honda. A suspensão filtra bem as irregularidades, controla bem as rolagens laterais e gera estabilidade direcional acima da média para o segmento.  

Ficha técnica

Honda ZR-V Touring

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.996 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote variável na admissão e no escape. Acelerador eletrônico e injeção multiponto de combustível.

Transmissão: Transmissão continuamente variável (CVT) acoplada por conversor de torque com sete marchas pré-programadas e paddle shifts no volante. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração.

Direção: Elétrica com monitoramento de faixa com assistente de esterçamento.

Potência máxima: 161 cv a 6.500 rpm com gasolina.

Torque máximo: 19,1 kgfm a 4.200 rpm com gasolina.

Diâmetro e curso: 86,0 mm X 85,9 mm.

Taxa de compressão: 10,8:1.

Suspensão: Independente nas quatro rodas com McPherson na dianteira e multilink na traseira. Controle eletrônico de estabilidade.

Freios: Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. Oferece ABS com EBD, assistente de partida em rampa, controle de descida e sistema de frenagem autônoma.

Pneus: 215/60 R17, com monitoramento de pressão. Estepe temporário 135/90 R17.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,57 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,61 metro de altura e 2,66 metros de entre-eixos. Altura livre para o solo de 17,8 cm. Oferece oito airbags – duplos frontais, laterais, de cortina e de joelhos de série.

Peso: 1.446 kg.

Capacidade do porta-malas: 389 litros, com 1.306 litros com os bancos traseiros rebatidos.

Tanque de combustível: 53 litros.

Produção: Celaya, México.

Preço da versão Touring: R$ 214.500.

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