por Eduardo Rocha
Auto Press
A BYD decidiu pela lógica. Na hora de definir os primeiros modelos a serem produzidos na sua nova planta em Camaçari, na Bahia, a escolha recaiu sobre os dois modelos mais vendidos da marca no mercado brasileiro: o pequeno Dolphin Mini e o SUV médio Song Pro, respectivamente o elétrico e o híbrido mais vendidos do país, com número de emplacamentos próximo a 10 mil unidades no primeiro semestre de 2025. Os dois começam a ser montados em algumas semanas na mesma área que a Ford ocupou até janeiro de 2021 antes de virar importadora. A BYD, no entanto, levantou novas instalações com um investimento equivalente a R$ 5,5 bilhões – ou US$ 1 bilhão.
As atividades de produção da nova fabricante nacional devem ser iniciadas efetivamente em cerca de dois meses e serão intensificadas de forma crescente. No começo, os modelos serão montados em regime de SKD, ou Semi Knocked-Down, em que os veículos são importados parcialmente desmontados e apenas finalizados nas linhas de produção. Numa segunda fase, o regime será o CKD, ou Completely Knocked-Down, em que as peças são importadas ou compradas de fornecedores para serem montadas. É um sistema que reduz custos de transporte e exige um uso mais intenso de mão-de-obra, mas recebe maiores benefícios fiscais. Essas duas etapas serão empregadas apenas nos primeiros meses.
Na sequência, serão implementados setores de pintura, soldagem e estampagem, além do aumento do conteúdo local. Nesse ponto, a capacidade instalada será de 150 mil unidades por ano. O planejamento é que essa capacidade seja expandida para 300 mil unidades, de acordo com a reação do mercado aos produtos. A estrutura levantada pela BYD no complexo de Camaçari levou 15 meses e ocupa 4,6 milhões de m². A expectativa é que vá gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos quando todas as fases estiverem concluídas – diretamente na planta, pode chegar a 6 mil funcionários.
Ali, além de Dolphin Mini e Song Pro, entra em linha o sedã híbrido plug-in King – não por acaso, o terceiro modelo mais vendido da marca no primeiro semestre de 2025, com pouco mais de 5 mil emplacamentos. De janeiro a junho desse ano, a BYD já emplacou 47 mil unidades e ocupa atualmente a 8ª posição no ranking de marcas. Na parte de pesquisa e desenvolvimento, a missão da fabricante chinesa será criar uma versão flex para o motor 1.5 DM-i exatamente para equipar tanto o Song Pro quanto o King.
BYD Dolphin Mini
O compacto 100% elétrico tem linhas que seguem o conceito Ocean, da BYD. A base do projeto foi um automóvel urbana que facilitasse a massificação de modelos elétricos. E vem dando certo. O modelo foi lançado mundialmente em abril de 2023 e já ultrapassou o primeiro milhão de unidades vendidas. Ele é construído sobre a plataforma E-3.0 da BYD e tem 3,78 m de comprimento, 1,72 m de largura, 1,58 m de altura e 2,50 m de distância entre-eixos, com capacidade de porta-malas de 230 litros.
No Brasil, ele está sendo vendido a partir de R$ 118.800 e a fabricação nacional não deve alterar muito esse valor – afinal, custo e preço não têm necessariamente uma relação direta. O motor tem 75 cv de potência, ou 55 kW, e 13,8 kgfm de torque, acoplado a uma transmissão automática de velocidade única com tração dianteira. A autonomia é apontada em 280 km pelo InMetro e a recarga pode ser feita em corrente contínua a 40 kWh e em alternada a 6,6 kWh. A máxima é limitada a 130 km/h e aceleração de zero a 100 km/h é feita em 14,9 segundos.
O Dolphin Mini não tem concorrentes diretos no Brasil – o mais próximo é o Renault Kwid e-Tech, que custa R$ 99.900, mas é menor e menos equipado. Ou seja: a missão dele por aqui é morder o segmento de hatches compactos mais completos. O modelo chega equipado com ar-condicionado digital, chave presencial, iluminação full led, central multimídia com tela giratória de 10,1 polegadas com conectividade através de Android Auto e Apple CarPlay sem fio, carregador por indução, GPS integrado, seis airbags, sensores traseiros, controle de cruzeiro, direção elétrica e frenagem regenerativa.
BYD Song Pro
O Song Pro é o modelo híbrido mais vendido Brasil. Atualmente, ele é oferecido em duas versões de equipamentos: GL a R$ 194.800 e GS a R$ 204.800. Como no Dolphin Mini, esses preços não devem ser alterados substancialmente a partir do início de produção. Apesar das dimensões externas imponentes, com 4,74 metros de comprimento e 1,71 m de altura, a largura de 2,86 m e o entre-eixos de 2,71 o colocam na briga de SUVs médios-compactos, como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross.
O modelo usa tecnologia Dual Motors, DM-i, com carregamento regenerativo e externo (plug-in). Ele é animado por um motor 1.5 de quatro cilindros com 98 cv e 12,4 kgfm, que trabalha conjugado a um motor elétrico de 197 cv e 30,6 kgfm, com potência combinada de 223 cv, mais que suficiente para o SUV de 1.675 kg. Aceleração de zero a 100 km/h em 8,3 segundos, com máxima de 170 km/h. Uma diferença importante entre as versões é em relação à autonomia nos critérios do InMetro. A GL tem bateria de 12,9 kWh, capaz de mover eletricamente o carro por 49 km, enquanto a bateria de 18,3 kWh empurra a versão GS por 68 km.
Na parte de equipamentos, ele traz acesso por aproximação com cartão ou celular, câmera panorâmica 3D de 360º, central multimídia com tela giratória de 12,8 polegadas sensível ao toque, conexão com internet, GPS integrado, controle automático de climatização de duas zonas, painel de instrumentos LCD de 8,8 polegadas, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, chave presencial, trio elétrico, volante multifuncional, direção elétrica, abertura elétrica do porta-malas, iluminação em led, faróis de neblina, sensor de luminosidade e de chuva. freio de estacionamento elétrico.