por Marcelo Palomino
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
O Porsche Cayenne Turbo GT é simplesmente o SUV mais radical produzido pela marca alemã. Não é o mais potente, porque esse mérito pertence ao Cayenne Turbo híbrido, que gera 680 cv entre seus motores a gasolina e elétricos, mas os 640 cv do Turbo GT permitem que ele ofereça o melhor desempenho esportivo. E não se trata apenas do motor: a aerodinâmica refinada, a redução de peso e o tratamento específico para o chassi o transformam em um animal que devora asfalto, mesmo os que estão um pouco destruídos, como os que enfrentamos nas ruas da Cidade do México e em algumas estradas no entorno ‑ algumas delas até pareciam novas, mas tinham uma superfície muito ondulada e áspera.
A graça deste modelo é que ele pode parecer quase tão esportivo quanto um 911 GT3, mas em situações de má-pavimentação é mais eficaz e seguro de dirigir. A versão, até por uma questão de coerência, só está disponível com carroceria coupé, que oferece quatro lugares. Ele vem equipado com o motor V8 normal de produção mais potente fabricado pela Porsche, que além dos já mencionados 640 cv, rende 86,7 kgfm de torque. Para chegar nisso, ele recebeu melhorias no virabrequim, pistões, turbocompressores, sistema de injeção, intercooler e sistema de escape, que agora é de titânio. Além disso, a caixa Tiptronic de oito marchas foi modificada para ser muito mais rápida. A marca indica que o modelo pode chegar a 300 km/h e acelerar de zero a 100 km/h em 3,3 segundos.
As principais mudanças no chassi são resumidas pela Porsche em detalhes como ter a carroceria rebaixada em 17 mm, as rodas dianteiras contarem com um incremento de 0,45 graus no ângulo de convergência, para maior contato dos pneus com o asfalto, e incluir pneus Pirelli PZero Corsa de 22 polegadas – 285/35 na frente e 315/30 atrás –, desenvolvidos especificamente para o Turbo GT. Além disso, todos os componentes passivos do chassi foram modificados, como buchas e coxins. Os sistemas de controle ativo foram recalibrados para que operar no nível de velocidade e inércia do modelo. Caso das três câmaras de ar do sistema de suspensão pneumática, que aumentaram a rigidez em 15%, para maior firmeza. Todos os programas do sistema de amortecimento, da direção hidráulica, do diferencial do eixo traseiro e o sistema de estabilização foram recalibrados para ficarem mais firmes, mais precisos e orientados para entregar uma sensibilidade condizente com desempenho do carro. Por fim, o modelo passa a contar com freios compostos de cerâmica. No Brasil, este item é opcional e eleva o preço do modelo de R$ 1.325 mil para R$ 1.331 mil. Uma gota no oceano.
Em relação à estética e à carroceria, o Turbo GT distingue-se dos outros Cayenne por inclui teto e diversos elementos aerodinâmicos em fibra de carbono. Outro detalhe é a posição central das saídas de escape. Mas o que chama a atenção é mesmo o grande spoiler traseiro, que adiciona novas aletas nas extremidades e tem uma peça preta extensível de 25 mm. Na frente, a saia dianteira foi desenhada exclusivamente para a versão e se destaca pelas laterais com pequenas aletas e entradas de ar laterais maiores. No interior, destacam-se os bancos esportivos e os estofados de Alcântara nos bancos e em diversas partes do tablier. A versão, claro, inclui todos os equipamentos mais atualizado da linha, como a central multimídia da marca de sexta geração, PCM 6.0, compatível com Apple e Android. A sensação é uma boa mistura de esportividade e elegância.
Impressões ao dirigir
Além da velocidade
Todas as mudanças introduzidas no Cayenne Turbo GT permitiram que a Porsche conseguisse que seu SUV encarasse o famigerado Inferno Verde de Nurburgring, na Alemanha, e alcançasse o recorde de velocidade entre SUV cupês, batendo os dois modelos com quem compartilha a plataforma: Audi RS Q8 e o Lamborghini Urus. Com esse fato em mente, assim que se entra no SUV, é normal que as atenções se dividam entre o som rouco do motor V8 e a atmosfera de requinte absoluto que marca o habitáculo. Apesar do intenso luxo, o modelo não perde sua essência esportiva.
Nas ruas maltratadas da Cidade do México, onde foi realizada a avaliação, o Cayenne Turbo GT vai bem além do que um Porsche tradicional oferece. Para começar, ele é amigável aos rins e à condução. É um carro esportivo, sem dúvida – basta um pisão no acelerador para isso ficar muito claro –, mas pode transitar de forma suave a tranquila nas ruas congestionadas da capital mexicana, mesmo sendo meio grandalhão.
Na estrada, a principal preocupação é se manter nos limites da velocidade máxima permitida: é preciso vigiar atentamente o velocímetro pois a sensação é que o carro está sempre mais devagar do que de fato está. Ultrapassar não é um problema, uma vez que as reações são praticamente instantâneas. Uma vantagem – talvez a única – de andar nos limites de velocidade é se ele consome muito pouco combustível. A 120 km/h, o V8 gira a pouco mais de 1.600 rpm, e o consumo ronda os 10 km/litro.
Em movimento, o Cayenne Turbo GT é dócil, confortável e parece mover-se sobre trilhos, com uma notável estabilidade mesmo nas curvas mais apertadas. Apesar de ser um SUV e ter um centro de gravidade alto, não há rolagem da carroceria e as rodas estão permanentemente em contato com o solo. Como se não bastasse um conjunto mecânico espetacular, ele tem rodas traseiras direcionais e tração nas quatro rodas. Também impressiona a forma como freia. Além de se manter absolutamente sob controle, a redução de velocidade é de enorme intensidade.
Em resumo, o Porsche Cayenne Turbo GT é um carro magnífico, especialmente pensado para bons pilotos, que vão apreciá-lo ao máximo numa pista, durante um track day. Mas também vai agradar em cheio quem valoriza carros bem feitos e só querem se gabar da potência e do luxo para quando vão às compras no supermercado ou deixam as crianças na escola.
