por Marcelo Palomino
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Há uma máxima que diz: a melhor maneira de evitar uma morte em acidente de carro é não se envolver em um. É disso que se trata a tecnologia implantada no novo EX90, o mais novo e maior modelo elétrico da fabricante sueca, previsto para abrir as reservas no mercado brasileiro nesse início de 2025. A versão de topo, Ultra de sete lugares, deve custar em torno de R$ 900 mil, mas a entrega vai depender muito da disponibilidade das unidades – nos Estados Unidos, a espera para a entrega fica entre 4 e 8 meses.
O EX90 foi exibido pela primeira vez em abril de 2023 no Salão de Shanghai – no país da proprietária da Volvo, a chinesa Geely – com a pretensão de estabelecer o mais alto padrão mundial em termos de recursos e assistências tecnológicas de segurança disponível em um carro de produção. Além disso, foi anunciado como o primeiro modelo da marca desenvolvido com inteligência artificial software, o que supostamente criou recursos impressionantes para avaliação e gerenciamento das situações de ameaça à segurança.
Paradoxalmente, essa forma de desenvolvimento foi a maior fonte de problemas quando tirar o projeto da prancheta e organizar a produção. A miríade de problemas com desenvolvimentos tecnológicos atrasou o início da produção, em Charleston, na Carolina do Sul, por mais de um ano. Em suma, o software encarregado de controlar todas as funções de segurança do carro não agiu conforme necessário, e funções como os sensores por infravermelho, assistente de tráfego cruzado, assistente de velocidade nas curvas, sistema sem fio para Apple CarPlay ou carregamento bidirecional geraram erros. Com esses bugs solucionados e a produção já em andamento, o Volvo EX90 está mais uma vez sendo apresentado como o carro mais seguro do mundo.
O EX-90 é um veículo 100% elétrico e estreia uma nova arquitetura chamada SPA2 (Scalable Product Architecture 2) desenvolvida pela própria Volvo, e que conta com 15% de aço reciclado e 25% de alumínio reciclado. Segundo a Volvo, essa arquitetura otimizada para carros elétricos apresenta evoluções significativas em baterias, motores e autonomia em relação ao que conhecemos até agora na marca. A versão de topo tem uma bateria com capacidade de 111 kWh está localizada na parte inferior do piso e oferece uma autonomia de 496 km, segundo agência estadunidense EPA, que usa critérios semelhantes aos do InMetro.
Em termos de design, o EX90 é exatamente como um XC90 elétrico deve ser. Mede 5,04 metros de comprimento e 2,99 m de entre-eixos e parece sóbrio e elegante –tem 1,96 m de largura e 1,74 m de altura. As linhas buscam eficiência aerodinâmica em um visual com minimalista. A grade não tem aberturas, as maçanetas são embutidas e as rodas, cobertas. No final, o SUV atinge um coeficiente de arrasto aerodinâmico de 0,29 Cx, um índice muito competitivo para um veículo grande, com três fileiras de assentos.
O conjunto de iluminação foi reduzido com o uso de tecnologia led, mas a assinatura Martelo de Thor, representado por um T deitado, foi mantido. As lanternas em C também são marcantes, com uma reinterpretação das luzes verticais nas colunas traseiras. O interior do EX90 é uma exibição de minimalismo e elegância escandinava. Madeiras claras, superfícies limpas e detalhes de bom gosto. Tudo com materiais com carimbo de sustentáveis, para manter o discutível marketing de ecologicamente correto que os fabricantes associam aos carros elétricos.
O mais marcante do EX90 tem a ver com a tecnologia implantada, seja em conectividade, seja em segurança. A interface é a mesma já utilizada no EX30, baseada em sistema operacional da Google Automotive. Isso porque a Volvo decidiu não gastar tempo e dinheiro desenvolvendo aspectos do carro que podem perfeitamente ser encomendados de terceiros. Casos da plataforma NVIDIA DRIVE AI Xavier, dos processadores Snapdragon da Qualcomm e das ferramentas gráficas da Epic Games, a mesma usada por videogames de primeira linha.
A tela central vertical tem 14,5 polegadas e com suporte para conexão 5G. O painel de instrumentos está em uma tela horizontal de 9 polegadas com informações mais objetivas para o motorista, como estatísticas de consumo, velocidade, carga da bateria e autonomia, modos de condução e assistência à condução, entre outras. Em relação à segurança, a Volvo propõe "um escudo invisível de segurança" por meio de câmeras, radares e sensores por infravermelho conectados ao computador central para criar uma visão de 360º graus.
Conjunto de recursos eleva o sistema de direção semiautônoma do EX90 para o Nível 3 – é capaz, por exemplo, de mudar de faixa automaticamente. Há também sensores internos, parte do chamado Occupant Sensing, que verificam a presença de uma criança ou um pet esquecido no travamento do veículo. O sistema ainda monitora o nível de fadiga e concentração do condutor para gerar um alerta para provocar uma reação. Em casos extremos, e recurso é capaz de parar o carro e ligar para os serviços de emergência.
Primeiras impressões
Potência com controle
Os sistemas de condução presentes no Volvo EX90 são tão novos que não têm ainda autorização para serem usados em vias públicas nos Estados Unidos. Por isso, só houve a experimentação de uma amostra do que será a direção autônoma. Na própria haste de transmissão se ativa o Pilot Assist para o crossover grande seguir fielmente as linhas da estrada, mantendo a velocidade e a distância com o carro. Por razões legais, se não houver pelo menos uma mão no volante, o sistema é desativado.
No trânsito urbano, é ainda mais prático. Acelerador e freio se operam de forma independente, mantendo a faixa de rolamentos a uma distância segura dos demais carros. Quando todas as funções forem liberadas, o EX90 pode facilmente ultrapassar o carro à frente e virar qualquer curva. Já os alertas são altamente visíveis e audíveis, até com um certo conservadorismo na avisar a possibilidade de um acidente. O escudo Volvo funciona tremendamente bem.
Nossa unidade de teste foi a Ultra Performance, a mais provável para o mercado brasileiro. Ela tem a bateria de 111 kW, dois motores com 517 cv de potência e exorbitantes 93 kgfm de torque instantâneo, o que garante uma arrancada de foguete, com zero a 100 km/h em 4,9 segundos. Há muita potência neste carro para mover um peso que de 2.700 kg, mas que, para ser honesto, não é tão sentido. Nem mesmo em curvas. O chassi é neutro e, além do centro de gravidade rebaixado pela presença da bateria no piso, o EX90 tem o peso é bem distribuído entre as rodas.
O equilíbrio mecânico, sem ajuda de sistemas eletrônicos, é suficiente para que o carro faça curvas com pouquíssima rolagem. A suspensão bem calibrada proporciona conforto de condução, isola efetivamente a cabine e sustenta o peso para uma rodagem a mais plana possível. A direção responde bem, é rápida, previsível e entrega um bom feedback no volante – sempre considerando que carros elétricos costumam ser bastante anestesiados. De qualquer forma, o EX90 é mais ágil do que seu tamanho permitiria supor, o que mostra o bom trabalho da engenharia da marca sueca.