por Eduardo Rocha/Auto Press
Em um ano de mercado, o sedã King cumpriu à risca os planos que a BYD desenhou. O modelo hoje se mantém como o segundo sedã médio mais vendido do mercado, com vendas superiores a 1 mil unidades por mês, enquanto o Toyota Corolla consegue 3 mil emplacamentos mensais.
No corte de modelos híbridos, no entanto, o King tem uma performance bem diferente: tem quase três vezes as vendas do Toyota Corolla híbrido, que emplaca em média 400 carros por mês. Obviamente aí há uma diferença significativa no preço – o sedã híbrido plug-in da BYD tem preço bem agressivo, menor que o do concorrente mesmo oferecendo uma tecnologia superior. A versão de entrada GL sai a R$ 169.990, enquanto a configuração avaliada, GS, fica em R$ 175.990.
Na linha 2026, a BYD oficializou esse valor, que já era praticado nas concessionárias – na tabela anterior custaria R$ 191.900. E se manteve, mesmo que na linha 2026 o sedã chinês tenha recebido algumas melhorias – segundo a BYD, é uma adequação ao mercado, prevendo a chegada do modelo produzido em Camaçari no ano que vem. Entre os incrementos, está um pacote ADAS, uma das ausências mais criticadas no modelo. Ele inclui controle de cruzeiro adaptativo com Stop & Go, sensor de ponto cego, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma e monitoramento de faixa.
Além do pacote ADAS, a versão GS, ela traz ainda equipamentos como multimídia com tela giratória de 12,8 polegadas com wi-fi integrado, chave presencial, painel digital de 8,8 polegadas, freio de estacionamento com acionamento eletrônico, sensores dianteiros e traseiros com câmera 360º, bancos dianteiros com ajuste elétrico, iluminação em led, faixa de led na grade dianteira, luz interna com cores ajustáveis e ar-condicionado de duas zonas.
Houve também uma recalibração do motor a combustão, 1.5 litro a gasolina, que teve a potência reduzida para de 110 para 98 cv, enquanto o torque recuou de 13,8 para 12,5 kgfm. Isso não afetou o desempenho, pois os parâmetros para a combinação de potência e o torque foram alterados para mater os 235 cv e 33,1 kgfm. Com isso, o desempenho também não se alterou: zero a 100 km/h em 7,3 segundos e máxima de 185 km/h.
O motor elétrico na versão de topo continua sendo alimentado por uma bateria do tipo Blade com capacidade de 18,3 kWh com carregamento CC de até 25 kWh e AC de 6,6 kWh – nesse padrão, ele consome 90 minutos para elevar a carga de 30 para 80% do total. Com a nova combinação entre motor elétrico e a combustão, a autonomia elétrica foi reduzida, passando de 80 para 62 km. Mesmo assim, a BYD garante que a autonomia combinada se manteve em 1.200 kg, com o mesmo tanque de 48 litros de combustível.
Ponto a ponto
Desempenho – A motorização híbrida do King funciona com uma precisão impressionante. O Dual Mode do nome não é só marketing. Os 235 cv combinados dos motores se expõem com enorme vigor quando o acelerador é pressionado, mas mal dá para perceber quando o motor a combustão entra ou sai de ação.
Em um uso com mais civilidade, o sedã mostra uma suavidade de carro elétrico. O gerenciamento de energia é o grande trunfo do sistema híbrido da BYD, que dosa o uso dos motores de modo a ser o mais econômico e suave possível.O zero a 100 km/h em 7,3 segundos mostra bem a agressividade que o King pode ter.
Nota 9.
Estabilidade – A bateria blade de 18,3 kW representa 90 kg adicionados no entre-eixos do sedã, o que colabora no rebaixamento do centro de gravidade e no aumento da estabilidade do sedã. Mesmo com eixo de torção da traseira, o King tem um bom nível de rigidez torcional e mostra refino de rodagem, com pouca rolagem nas curvas e passando a sensação de estar grudado no asfalto. Nota 8.
Interatividade – Mesmo que o condutor possa determinar se vai usar o carro de modo híbrido ou elétrico, o gerenciamento do carro é não eficiente que logo o condutor deixa tudo a cargo dos módulos de controle. O modelo traz a célebre tela de giratória 12,8 polegadas no centro do tablier, com controle bem amigáveis e intuitivos, e o painel digital tem grafismos simples, claros e elegantes.
Em relação a equipamentos, traz um pouco mais que o exigido pelo segmento, como chave presencial para travas e ignição, sensor de luz e de chuva, de obstáculos traseiro e câmera 360º.
A linha 2026 passa a contar com os recursos ADAS mais populares, como controle de cruzeiro adaptativo, sensor de ponto cego, alerta de colisão com frenagem autônoma e monitor de faixa de rolagem. Nota 9.
Consumo – O InMetro classificou o BYD King com índices A na categoria e no geral. O consumo equivalente medido foi de 44,2 km/l na cidade e 36,7 km/l na estrada. Durante a avaliação, sem qualquer preocupação com consumo, o King ficou entre 33 e 36 km/l. Nota 10.
Conforto – O BYD King tem uma suspensão simples, mas eficiente. No trabalho de neutralizar os movimentos da carroceria é ajudado pelo peso centralizado por conta da bateria. O isolamento acústico é excelente e em condições normais não dá nem para perceber quando o motor a combustão está atuando, a não ser quando se tentar extrair toda a potência do sedã. Os bancos são ergonômicos e vestem bem os passageiros da frente. Nota 8.
Tecnologia – O entrosamento delicado e elegante dos motores elétrico e térmico requer um sistema de controle extremamente aprimorado e ainda oferece um nível de eficiente sem concorrência no segmento. O sedã chinês é moderno, econômico e tem bons recursos de conectividade. Além disso, como é plug-in e tem autonomia de 62 km, em muitos casos é possível utilizá-lo na cidade somente no modo elétrico, desde que se tenha um pouco de disciplina e atenção para a recarga. Nota 9.
Habitabilidade – O King é um sedã médio típico, que oferece bom nível de conforto, espaço e recursos. O entre-eixos de 2,72 metros é bem aproveitado e mesmo os passageiros de trás contam com uma boa área para as pernas e cabeça – até pela boa altura do modelo, que tem 1,50 de altura. O ambiente é agradável, prático e traz um bom número de nichos para acomodar objetos. O porta-malas comporta bons 450 litros. Nota 9.
Acabamento – Um ponto que já está sendo corrigido nos modelos chineses, mas que o King ainda apresenta, é que os materiais de acabamento são pouco requintados, especificamente em relação aos revestimentos em couro sintético, que são pouco convincentes. No mais, a combinação de elementos é agradável e de bom gosto e o design consegue transmitir a imagem de modernidade que a marca quer. Nota 8.
Design – O King é no pioneiro na BYD na implementação do conceito design Ocean, que tem ainda o Dolphin e o Seal como representantes. Esse estilo se caracteriza por linhas suaves e sinuosas, que caíram muito bem no sedã. A frente exagera um pouco na ornamentação, com muitos frisos horizontais, mas cumpre bem a função de dar algum requinte e ajuda o sedã a marcar presença. Nota 8.
Custo/Benefício –Os rivais do King se valem de uma certa tradição para tentar emplacar seus modelos, mas não há como rivalizar com o sedã da BYD em custo/benefício – ainda mais na versão GS, que teve uma redução significativa de valor. Mesmo tento uma tecnologia mais completa, por ser plug-in, ele é mais barato que outros híbridos autorrecarregáveis, ou os chamados full hybrid, como Corolla e Honda Civic. Nota 10.
Total – O BYD King GS somou 88 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Silêncio a bordo
O BYD King impressiona no primeiro olhar. Tem linhas elegantes, com detalhes que emprestam requinte, como os frisos horizontais e a barra em acrílico na frente e a barra de led tanto na frente quanto atrás.
É, sem dúvida, um sedã vistoso. Essa boa impressão se mantém quando o condutor se acomoda em frente ao cockpit. O largo console central dá a impressão que é preciso vestir o carro – e ele veste bem. Os bancos são largos e confortáveis, a posição de dirigir tem todas as regulagens possíveis e tem um amplo espaço interno.
Tudo isso, porém, se torna secundário quando o King é posto em ação. O sistema dual mode dosa as ações entre o motor a combustão e o elétrico de forma impecável.
É preciso ficar muito atento para perceber quando o motor térmico entra em funcionamento, pois ele é extremamente suave e silencioso, sem ruídos ou vibrações que o denunciem. A impressão é que ele só trabalha no modo elétrico – o que não é o caso. Apenas quando se pisa fundo, o motor 1.5 se faz presente.
Além dessa discrição, o modelo oferece todos os recursos esperados de um sedã médio topo de linha. Sensores, câmera 360º, manobrabilidade e visibilidade ótimas, espaço e conforto a bordo, muitos porta-objetos e acabamento caprichado.
E além disso, é espartanamente econômico. Nos sete dias de avaliação, ele foi usado na estrada e na cidade sem muito compromisso de dirigir de forma econômica. E ainda assim fez a média de 34,6 km/l. É um rival bastante indigesto para os competidores do segmento.
foto/ divulgação

Ficha técnica
BYD King GS DM-i Motor térmico: Gasolina, dianteiro, de Ciclo Atkinson, transversal, 1.498 cm³, quatro cilindros em linha, comando duplo no cabeçote com abertura variável na admissão, quatro válvulas por cilindro, injeção multiponto e acelerador eletrônico. Potência máxima: 98 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 12,5 kgfm a 4.500 rpm.
Motor elétrico: Síncrono de ímã permanente, alimentado por bateria Blade de 18,3 kWh
Potência: 197 cv.
Torque máximo: 33,1 kgfm. Potência combinada motores elétricos e térmico: 235 cv.
Torque combinado: 33,1 kgfm.
Autonomia: 62 km em modo elétrico e 1.200 kg em modo combinado.
Transmissão: Automática epicicloidal de uma marcha com reversão. Tração dianteira e controle eletrônico de tração. Aceleração 0-100 km/h: 7,3 segundos.
Velocidade máxima: 185 km/h.
Suspensão: Dianteira independente tipo McPherson, molas helicoidais e barra estabilizadora.
Traseira por eixo de torção, molas helicoidais e barra estabilizadora.
Controle de estabilidade de série. Pneus: 215/55 R17. Freios: A disco ventilado na frente e sólidos atrás com ABS e EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,78 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,50 m de altura e 2,72 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 1.620 kg com 375 de carga útil.
Capacidade do porta-malas: 450 litros.
Tanque de combustível: 48 litros.
Preço da versão GS: R$ 175.990.