Hiper Notícia/ RAFAEL COSTA/ https://www.hnt.com.br
Eleito deputado federal com a mais expressiva votação nas eleições de outubro, 98.704 votos, o empresário Fábio Garcia, em entrevista exclusiva ao HNT, diz que planeja dedicar seu mandato à defesa de um poder público mais eficiente e sintonizado com as demandas sociais do cidadão cada vez mais crescentes.
Diante disso, o futuro parlamentar diz ser contrário à atual emenda constitucional em votação pelo Congresso Nacional, que permitirá ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), gastar R$ 200 bilhões, furando a lei do teto de gastos, sob o pretexto de garantir o pagamento do Auxílio Brasil e o aumento real do salário mínimo.
"O melhor caminho está na eficiência. Para cumprir esse princípio é necessária uma reforma administrativa pautada pelo enxugamento e, assim, tenhamos dinheiro para investimentos, o que permitiria ao governo federal suprir as necessidades de municípios e Estados", afirma.
Ex-secretário de governo da Prefeitura de Cuiabá, Fábio Garcia já foi deputado federal na legislatura 2015/2019. Em seu novo mandato, também elege a saúde pública como bandeira para auxiliar municípios com investimentos e diz atuar em Brasília, em seu novo mandato, para coibir retrocessos institucionais. "Serei independente e responsável atuando contra retrocessos. Não serei oposição por mera oposição. O que for bom a Mato Grosso e ao Brasil votarei favorável", destaca.
HNT - Neste seu segundo mandato, o que o senhor pretende levar para discussão na Câmara dos Deputados? Quais áreas pretende legislar?
Para cumprir esse princípio é necessária uma reforma administrativa pautada pelo enxugamento e, assim, tenhamos dinheiro para investimentos, o que permitiria ao governo federal suprir as necessidades de municípios e Estados
Fábio Garcia – Todos nós que fomos eleitos para o Congresso Nacional estamos assumindo em um momento muito difícil e desafiador para o Brasil. O país está muito dividido com muitas pessoas. Acho que o Congresso Nacional tem que ser independente, conforme prevê a Constituição. A independência dos poderes tem que ser defendida de forma corajosa para que possa impedir retrocessos neste país. Precisamos garantir o necessário equilíbrio entre as instituições e os poderes constituídos deste país. Assim, podemos trabalhar e consolidar valores para que este país seja ainda mais justo e democrático.
HNT - O União Brasil, em âmbito nacional, sinaliza com a possibilidade de aderir à base aliada do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A sua relação com o governo federal será de oposição, aliado ou independente?
Fábio Garcia – O União Brasil é um partido muito grande e com diversas correntes. Essa eleição presidencial mostrou uma diferença regional muito forte. Os votos de um candidato nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Sul são notadamente pró-Bolsonaro, enquanto a maioria do Nordeste é pró-Lula. É muito difícil unificar um grande partido político neste momento. O que espero é que o União Brasil respeite as opiniões de cada parlamentar. Particularmente, já disse que quero ter a independência nos meus posicionamentos para que eu possa, se necessário for, ser uma resistência a eventuais retrocessos que queiram impor ao Brasil. Serei independente e responsável atuando contra retrocessos. Não serei oposição por mera oposição. O que for bom a Mato Grosso e ao Brasil, votarei favorável.
Com relação às emendas parlamentares, que serão liberadas em 2024, em quais setores o senhor acredita que possa contribuir com investimentos aos municípios mato-grossenses?
Fábio Garcia – A Saúde é uma área essencial da administração pública. Se nós pudermos contribuir para a saúde pública, certamente será uma das áreas prioritárias, assim como a agricultura familiar, infraestrutura, educação e amparo social. Existem muitas áreas que são essenciais para a administração pública que nós podemos cooperar. Nós precisamos saber a disponibilidade de recurso, o que ocorre nos meses anteriores à aprovação do Orçamento da União e, também, verificar junto aos prefeitos e vice-prefeitos quais são as áreas mais necessitadas nos municípios.
HNT - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro que vai adotar o seguinte plano na economia: aumentar os gastos públicos com o propósito de manter o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e assim gerar desenvolvimento socioeconômico. Na sua avaliação, é o melhor caminho a ser trilhado?
Fábio Garcia – Eu defendo a eficiência. Eu defendo a redução do custeio das despesas da máquina pública para que seja a cada dia mais eficiente e enxuta, para que sobre dinheiro para investimentos. O melhor caminho está na eficiência. Para cumprir esse princípio é necessária uma reforma administrativa pautada pelo enxugamento e, assim, tenhamos dinheiro para investimentos, o que permitiria ao governo federal suprir as necessidades de municípios e Estados em serviços essenciais que são cada vez mais crescentes. Não sou favorável ao aumento de impostos e tampouco de aumento de gastos públicos, que está muito próximo da ineficiência.
HNT - Diante disso, o senhor é contrário à PEC encaminhada ao Congresso Nacional pela equipe de transição de Lula, que autoriza gastar R$ 200 bilhões acima da lei do teto de gastos? É um equívoco em sua avaliação?
Fábio Garcia – Eu não voto a PEC, que está submetida à avaliação da atual legislatura. Eu reconheço a importância de prosseguir com o pagamento do Auxílio Brasil, mas, acredito que o Congresso Nacional deva exigir da Presidência da República uma transparência com relação à sua política fiscal. Deveríamos, portanto, autorizar somente o necessário para garantir o pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600, bem como o aumento real do salário mínimo. Estamos vivendo um momento de pressão inflacionária, o que corrói o poder de compra. Por isso, é importante o reajuste do salário mínimo. A partir do próximo ano, particularmente, vou defender mais transparência para saber como o governo fará o enxugamento da máquina pública e a respeito de uma reforma administrativa tão importante ao país.
https://www.hnt.com.br/politica/campeao-de-votos-fabio-garcia-defendera-eficiencia-em-gastos-saude-e-independencia-de-lula/313385