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Entrevistas Sexta-feira, 05 de Abril de 2024, 08:21 - A | A

05 de Abril de 2024, 08h:21 - A | A

Entrevistas / CINCO PERGUNTAS

Hora da estrela

Em ascensão no vídeo, Vilma Melo exalta a permanência de “Encantado’s”, do Globoplay



por Geraldo Bessa TV Press              

   Vilma Melo passou as primeiras duas décadas de sua carreira focada no teatro. Conhecida professora de Artes Cênicas e premiadíssima nos palcos, foi só a partir de 2010 que ela passou a investir na televisão. Destacando-se em personagens secundários de produções como “Joia Rara” e “Segunda Chamada”, foi com muito afinco que a atriz chegou ao posto de protagonista de “Encantado’s”, cuja a segunda temporada já está disponível no Globoplay.

A série criada pela dupla Renata Andrade e Thais Pontes é o primeiro fruto da oficina de humor para roteiristas negros, realizada pela Globo em 2018. A trama é ambientada em um galpão no subúrbio carioca que durante o dia é supermercado e à noite vira a quadra da Escola de Samba Joia do Encantado. Vilma vive a obstinada Olímpia, que divide o comando de ambos os empreendimentos com seu irmão, o inconsequente Eraldo, de Luis Miranda.

Eu amo a Olímpia. Ela é um protótipo da mulher preta brasileira. Ela é arrimo familiar, extremamente amorosa, empreendedora e justa. Mas, como nem tudo são flores, ela também sofre o que muitas de nós, mulheres pretas nesse país, sofremos: a baixa autoestima. Ela, tão capaz em tantos aspectos, não consegue enxergar a sua beleza e confiar em seu potencial”, resume.            

     Carioca criada em Realengo, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Vilma é formada em Artes Cênicas pela UniRio e apareceu pela primeira vez na tevê na minissérie “Cidade dos Homens”, de 2002.

Os inúmeros compromissos com os palcos e os convites pouco atraentes para a televisão fizeram da atriz uma presença bissexta no vídeo. Nos últimos anos, entretanto, o streaming ajudou a melhorar a situação, com Vilma assumindo papéis de destaque em produções como “Amar é Para os Fortes”, do Prime Video, “Ritmo de Natal”, recente telefilme do Globoplay, e “Casamento à Distância”, da Netflix. “São papéis muito diversos, com histórias instigantes e que alimentam meu repertório como atriz. Sinto que é o momento de aproveitar as oportunidades e me dedicar totalmente ao trabalho”,

Quando um time de atores pretos conquista uma oportunidade como essa, a gente agarra esse ofício com afinco

valoriza. P – Depois de uma primeira temporada que fez sucesso no streaming e na tevê aberta, como você encara a continuidade de um projeto como “Encantado’s”?

R – A segunda temporada de “Encantado’s” tem uma simbologia muito forte. Em um tempo em que o streaming tem tantas opções e ideias na fila, a continuidade de qualquer projeto merece ser celebrada. Ainda mais uma produção como essa, que tem um elenco majoritariamente negro, recheada de atores desconhecidos do grande público. É sinal de que o povo preto vende, é talentoso. A série mostra que estamos e sempre estivemos presentes no mercado audiovisual. Nos bastidores, é lindo ver todo mundo feliz e dando tudo de si para contar essa história. Isso não acontece em qualquer série. P – Como assim?

R – Quando um time de atores pretos conquista uma oportunidade como essa, a gente agarra esse ofício com afinco. Nunca sabemos se virá outra chance, já que para nós elas sempre são limitadas e passageiras. A repercussão da série é incrível e vem muito da identificação do público. A trama é um recorte da vida cotidiana da classe trabalhadora do país e se utiliza do humor para mostrar dramas e dilemas.

P – Você acha que o tom cômico intensifica o apelo popular da história?

R – Com certeza. E tira a série do contexto da ação ou violência. Hollywood tem diversas produções com famílias pretas protagonistas que não estão diretamente ligadas a violência e outros estereótipos. É raro no Brasil visitarmos este lugar e “Encantado’s” faz isso, mostra um subúrbio como ele é, onde pessoas trabalham, sofrem, ganham dinheiro, perdem dinheiro, sorriem, desfilam, namoram, sustentam suas famílias, fofocam, lutam pelo dia a dia sem perder o rebolado. E esse é o encanto.

P – Sua relação com a tevê vem se intensificando nos últimos anos. Como você encara o posto de protagonista? R – É uma vitória pessoal, mas também coletiva. A televisão está presente na casa da maioria da população brasileira, são milhões de aparelhos ligados vendo o seu rosto estampado, ouvindo a sua voz falando para e com eles. Por tanta visibilidade, acredito sim que “Encantado’s” será sempre lembrada como uma virada de página.

P – Em que sentido?

R – É uma questão de valorização. Nesta história, muitos de nós migramos de repetidos papéis de subserviência para personagens com relevância, com histórias próprias e cheias de nuances. Figurar na liderança deste supermercado que dá nome a série obviamente é de uma imensa felicidade. E fazer parte dessa virada de página é e sempre será muito significativo. Sou muito agradecida por isso.  

Encantado’s” – Globoplay – duas temporadas disponíveis.

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