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Entrevistas Segunda-feira, 18 de Dezembro de 2023, 15:00 - A | A

18 de Dezembro de 2023, 15h:00 - A | A

Entrevistas / Dezembro vermelho

Não existe mais classificação de “população vulnerável para a AIDS/HIV’’

Com o acompanhamento pelo programa, quem tem o vírus, pode viver com qualidade e evitar a progressão para a doença



Vitória Weber V. NascimentoVitória Weber V. Nascimento/ Mato Grosso do Norte


Nas campanhas para a saúde no Brasil, o mês de dezembro se caracteriza pelo mês intitulado Dezembro vermelho, significando uma campanha de conscientização para o tratamento precoce de síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), além de outras infecções sexualmente transmissíveis. Esse mês foi escolhido por conta do dia primeiro de dezembro, que é o dia mundial do combate a AIDS, a cor vermelha, por sua vez, foi escolhida por conta do laço, que é o símbolo da luta contra a AIDS. Para falar sobre este tema, a enfermeira e Coordenadora do Programa IST/HIV/AIDS/HEPATITES VIRAIS de Alta Floresta, Emiliana Aparecida dos Santos Batista, concedeu uma entrevista ao jornal Mato Grosso do Norte.

Veja:
P- Quais são os principais objetivos da campanha “Dezembro Vermelho” em relação ao tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)?

R- A campanha tem como principal objetivo a conscientização e prevenção, ou seja: Falar sobre o assunto sem tabus, orientar a população sobre os meios de prevenção e o acesso ao diagnóstico.

P - Como as ações da campanha “Dezembro Vermelho” contribuem para a conscientização e redução das incidências de ISTs?

R- Quando se fala sobre infecções sexualmente transmissíveis, automaticamente a sociedade já impõe sobre o assunto seus estigmas e preconceitos. Então falar sobre isso sem tabus e com propriedade do assunto, esclarece os riscos, as dúvidas e aproxima a população do serviço, para que possam buscar auxílio em caso de necessidade ou mesmo que para conhecer seu status sorológico.

Todo caso dentro do SAE é tratado com sigilo. O diagnóstico pertence ao usuário e ele divide apenas com quem é quiser


com o acompanhamento pelo programa, quem tem o vírus, pode viver qualidade e evitar a progressão para a doença
P- Como as campanhas do chamado “Dezembro Vermelho” buscam combater o estigma associado ás pessoas que vivem com ISTs?

R- O SAE de Alta Floresta tem um trabalho voltado ao enfrentamento do hiv, principalmente desmistificando a infecção. Durante todo o ano trabalhamos com ações de palestras em empresas, órgãos públicos, profissionais da saúde e um grande aliado tem sido nossas redes sociais através do instagram @saecta.altafloresta

P - A senhora acredita que existam preconceitos no momento em que o paciente descobre a doença e que faça com que ele não procure tratamento? Nesse caso, existem formas de buscar por ajuda preservando a identidade do paciente?

R- No momento do acolhimento do usuário para confirmar o diagnóstico ele recebe todas as orientações necessárias para que ele se torne aderente ao tratamento. Dentro da instituição existe todo o apoio de uma equipe multiprofissional (enfermagem, psicologia, nutrição, assistente social, infectologia, farmácia), pode haver possibilidade sim ao longo do tratamento de abandono.Porém a equipe por meio da autorização assinada pelo usuário em sua primeira abordagem, faz a busca ativa. Todo caso dentro do SAE é tratado com sigilo. O diagnóstico pertence ao usuário e ele divide apenas com quem é quiser. É resguardado por lei.

P- Como a população do município de Alta Floresta pode iniciar o tratamento para o HIV?

R- O tratamento para o hiv/aids é gratuíto. A medicação é retirada na uUDM – Unidade Dispensadora de Medicamentos do SAE.

P- Os números referentes ao aumento ou diminuição dos casos de infecções dessa natureza vêm aumentando ou diminuindo?

 R- Neste ano de 2023, até o momento foram realizados 24 diagnósticos de hiv/aids, lembrando que este serviço atende a Regional de Saúde Alto Tapajós (Alta Floresta, Apiacas, Carlinda, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde e Paranaíta). 

Todas as pessoas que possuem práticas sexuais sem as devidas medidas de prevenção estão em risco de qualquer IST

P- Quais as estratégias o Serviço se Assistência Especializada - SAE - de Alta Floresta vêm desenvolvendo para o melhoramento da prevenção e tratamento dos indivíduos que possuem alguma infecção sexualmente transmissível?

R- É realizado o treinamento e preparo das equipes de saúde de alta floresta para diagnóstico precoce, todos as unidade de saúde do município possuem enfermeiros habilitados para realizar os testes rápidos, além da distribuição de preservativos nas unidades de saúde de livre demanda para população, acesso as profilaxias pós exposição de riscos implantadas no serviço de atendimento 24hs do município.

P- De quais maneiras a população de Alta Floresta pode se envolver nas iniciativas não apenas da campanha do mês de dezembro, mas em um geral, no combate as ISTs?

R - Participando ativamente das campanhas que são realizadas ao longo do ano de testes rápidos, incentivando os amigos a participar e disseminando informações realmente relevantes sobre os avanços frente ao enfrentamento do hiv/aids e demais ist.

P - Quais são os grupos populacionais mais vulneráveis a infecções sexualmente transmissíveis e como o Dezembro Vermelho se concentra em atender suas necessidades específicas?

R - Não existe mais a classificação de “população vulnerável”, afinal todas as pessoas que possuem práticas sexuais sem as devidas medidas de prevenção estão em risco de qualquer IST. Vale ressaltar que existe populações chaves (pessoas que usam álcool e outras drogas, pessoas privadas de liberdade, trabalhadores do sexo, pessoas trans, gays e outros hsh), assim como a população prioritária (população negra, jovens, população indígena e pessoas em situação de rua).

P- Para finalizar, quais são os avanços da ciência e das pesquisas para O tratamento do HIV/AIDS 

R - Ao longo de 40 anos de infecção pelo hiv, a evolução da ciência é constante. As pessoas que vivem com hiv já tem condição de iniciar o tratamento medicamentoso mesmo sem sinais de doença. O tratamento com antirretrovirais leva a pessoa vivendo com hiv em uso regular ao status de “indetectável”. Ou seja, o vírus presente no sangue não está se multiplicando e com isso torna-se “intransmissível” nas relações sexuais (i=i). Levando o indivíduo ter maior qualidade e longevidade de vida. 

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