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Produto chinês no Brasil costuma ser sinônimo de coisa barata. Porém, no futebol é o jogador brasileiro que não custa muito para os chineses. Com o fortalecimento da Superliga Chinesa e a desvalorização do real, os times do país não economizam e encontram no país uma facilidade enorme. Depois de levarem Felipão, Cuca, Robinho e Paulinho, apontam para jogadores e técnicos que brilharam e começam a ganhar espaço na seleção brasileira como Elias e Renato Augusto ou jogadores que passaram por lá como Mano Menezes Jadson e Luis Fabiano. Uma balança comercial que só pende para um lado.
O novo mercado para os brasileiros deixa explícita uma situação que acaba sendo incômoda para Dunga. Os milhões de dólares oferecidos pelos chineses refletem na perda de jogadores na Seleção. Não que eles não possam ser convocados, mas com o, ainda, baixo nível dos campeonatos asiáticos, os jogadores perdem performance técnica e não rendem o mesmo com a camisa amarela. Foi o que aconteceu como nos casos de Diego Tardelli (Shandong Luneng) e Everton Ribeiro (Al Ain, da Arábia Saudita), que tiveram baixo rendimento na Copa América.
"Foi uma decisão difícil. Vou me preparar para, se tiver oportunidade (de jogar na Seleção), estar bem. É um risco que eu corro. Jogador tem dez anos para ganhar dinheiro. Chega uma proposta dessa, para pensar nos seus filhos e talvez nos netos, vai balançar. Principalmente um jogador com meu histórico. Posso começar ano e ter lesão. Aí falaria que era melhor ter ido. Foi uma escolha que eu fiz e agora tenho de correr atrás", explicou Renato Augusto na sua saída do Corinthians.
"Tecnicamente não dá para comparar o Campeonato Chinês e Brasileirão. Ainda falta um pouco. Eles já cresceram muito fisicamente. Vendo as últimas convocações do Dunga acho que o Renato e o Gil foram titulares nas Eliminatórias contra Peru e talvez possam estar na próxima convocação ", disse Muriqui, que hoje atua no Al-Sadd, do Catar.
A decisão de jogar na China em detrimento a seleção brasileira não surpreende a craques do passado. Jairzinho coloca a culpa da desorganização do futebol local.
Vanderlei Luxemburgo, novo técnico do Tianjin Quanjian, da segunda divisão da China acredita que os olhos do mundo se voltarão para a Liga Chinesa.
“O mercado brasileiro não está perdendo só para a China. Perde para a Ucrânia, para a Rússia e para tantos outros países. A seleção brasileira, hoje, não tem identificação. Se jogadores brasileiros de ponta, como o Renato Augusto, melhor jogador do último Brasileiro, estão indo para a China, todos terão que passar a olhar para lá com outros olhos, passar a transmitir os campeonatos de lá, o que é uma coisa natural”, afirmou em
entrevista coletiva.
Preferência pelo Brasil- O que chama a atenção no futebol chinês é justamente a paixão pelo Brasil mesmo com o país longe de seus melhores dias após a péssima Copa do Mundo em casa. São 19 brasileiros na Primeira Divisão de um total de 36. Os clubes ainda buscam outros jogadores já que a janela de transferências só fecha no dia 26 de fevereiro. O zagueiro Gil e o volante Elias, do Corinthians e da seleção brasileira também são alvos.
Para conseguir atrair jogadores de peso para seu país, os chineses não economizam nos salários. O ex-jogador do Milan Alexandre Pato, hoje no Corinthians, recusou uma proposta de R$ 5 milhões mensais do Tianjin Quanjian. Para se ter uma ideia de quanto isso representa no futebol mundial, o meia-atacante Thomas Muller do Bayen de Munique ganha menos da metade do oferecido ao brasileiro.
Estima-se que a folha salarial do Corinthians em 2015 girava em torno de R$ 9 milhões por mês, menos do que o salário oferecido a Pato somado com o de Robinho, do Guangzhou Evergrande. Juntos, os dois jogadores ganhariam R$ 9,4 milhões mensais.