O domingo (25/02) foi intenso e emocionante no Beira-Rio! Depois de estar duas vezes atrás no placar, o Inter virou na bola e com o apoio da torcida, venceu o Gre-Nal 441 por 3 a 2, chegou aos 25 pontos na tabela e garantiu a liderança antecipada da primeira fase do Gauchão. Mauricio, Lucas Alario e Alan Patrick marcaram os gols da partida, válida pela 10ª e penúltima rodada estadual e disputada sob os olhares de mais de 47 mil pessoas.
Agora, o Inter volta suas atenções para a Copa do Brasil. Na próxima quarta-feira (28/02), o time de Eduardo Coudet estreará na competição nacional fora de casa, diante do ASA-AL, em duelo eliminatório no qual a vantagem do empate pertence ao Clube do Povo. Dias depois, no sábado, o Colorado encerrará a primeira fase do Gauchão contra o Juventude, no Alfredo Jaconi. O embate está previsto para as 16h30min.
Domínio colorado
Desfalcado por Gabriel Mercado, Eduardo Coudet escolheu Robert Renan para formar dupla de zaga com Vitão. O comandante colorado também promoveu alteração na frente, escalando Mauricio pela meia-direita, alinhado a Wanderson. Com isso, Alan Patrick teve mais liberdade para se aproximar de Enner Valencia, e foi no embalo de seu quarteto ofensivo que o Clube do Povo encurralou o rival ao longo de todo o primeiro tempo.
Ainda no minuto de abertura da partida surgiu a primeira oportunidade colorada. Pela direita da área adversária, Enner Valencia foi acionado em condições de investir na jogada individual. Feroz, o equatoriano ganhou ângulo frente à marcação de Reinaldo antes de finalizar com a perna esquerda. Em dois tempos, Marchesín quase se complicou, mas conseguiu fazer a defesa.
Fértil, o lado direito do ataque vermelho conseguia se impor com naturalidade sobre a defesa visitante. Ausência nos primeiros jogos do ano devido à disputa do Pré-Olímpico com a Seleção Brasileira, Mauricio demonstrava o costumeiro entrosamento com Alan Patrick e Bustos. Ligado aos movimentos do trio, Bruno Henrique escolhia os momentos certos para infiltrar rumo à área adversária. Envolvente, o Inter parecia pronto para abrir o placar.
As aparências cobraram pouco tempo para enganar o público. Aos 14 minutos, o Grêmio largou em vantagem após gol contra de Renê, que deixou o rival um pouco mais confortável em campo. Seguro de sua qualidade, porém, o Inter reagiu – assim como a torcida. Empurrado pelo canto ‘Camisa Vermelha’, Mauricio recebeu bom passe de Alan Patrick e, com espaço na entrada da área, arriscou chute forte e rasteiro para empatar aos 25.
Primeiro de Mauricio em Gre-Nais, o gol também abriu a contagem particular do meio-campista com a camisa colorada em 2024. Adrenalizado pelo empate, o Inter recuperou a posse logo depois da saída no meio de campo e imediatamente avançou pela direita. Dentro da área, Bruno Henrique cruzou à meia-altura para Alan Patrick, que emendou de direita e tirou tinta do poste. Quase a virada!
Veloz para trocar passes e intenso na movimentação de seus jogadores de ataque, o Clube do Povo continuou em ritmo elevado até o intervalo. Chances claras, entretanto, não voltaram a ser criadas, em boa parte por conta da postura claramente defensiva adotada pelo Grêmio, que iniciara o clássico com quatro volantes. Encerrado o primeiro tempo, o placar permanecia injusto: 1 a 1.
Jogo de trocação (e emoção)
“É difícil, depois de fazer um primeiro tempo assim, iniciar o segundo a 100 outra vez.” Oferecida na coletiva pós-jogo, a explicação de Eduardo Coudet resumo bem a roteiro da etapa final. Senhor da partida antes do intervalo, o Inter esteve mais espaçado na volta do vestiário. No lugar do domínio colorado, apareceu o jogo de transição, mas também nesse contexto o Clube do Povo conseguiu assustar.
Valencia teve duas boas chances para marcar. Na primeira, o equatoriano recebeu de Renê, fez bonito giro e finalizou com a direita. Forte, o arremate tinha endereço, mas explodiu em Rodrigo Ely e tomou a lateral como destino. Depois, Enner atacou as costas da linha de marcação e foi percebido por Mauricio, que serviu passe em profundidade. No último instante, Ely travou de carrinho.
Tal como ocorrera no primeiro tempo, o rival também marcou seu gol cedo no segundo. Desta vez, foi Villasanti quem anotou, aos 10 minutos, o tento visitante. Seis minutos mais tarde, Wanderson tentou repetir a receita de Mauricio e arriscou chute de fora da área. Desviada, a bola tomou a direção do contrapé de Marchesín, que se esticou todo para fazer a defesa praticamente em cima da linha.
Aos 18 minutos, Eduardo Coudet substituiu Bruno Henrique por Alario, redesenhando o time com dois centroavantes na linha ofensiva. Segundos depois, o argentino recebeu excelente assistência de Mauricio e, na entrada da área, fez o giro com a perna direita antes de definir com a canhota. Dois toques na bola: foi disso que El Pipa precisou para balançar as redes logo em seu primeiro Gre-Nal. O gol ainda foi o de número 600 do Inter na historia do clássico!
O faro artilheiro de Alario quase rendeu novo gol aos 20. De cabeça, o centroavante teve reflexo para desviar cruzamento à queima-roupa de Wanderson, mas a bola saiu por cima. Movimentando o jogo de xadrez entre os técnicos, Renato Portaluppi também voltou seu time para o ataque, colocando Pavón e André Henrique nos lugares de Dodi e João Pedro Galvão. Do 4-4-2, os visitantes partiam para o 4-3-3-.
As trocas renovaram o fôlego adversário e sobrecarregaram o poder de marcação do meio de campo colorado. Coudet imediatamente percebeu a melhora do Grêmio e substituiu Enner Valencia, que já caminhava com dificuldades após pancada no tornozelo, por Bruno Gomes. Ao lado de Aránguiz, o reestreante freou o ímpeto do rival, que não demorou para mudar pela terceira vez, com a saída de Gustavo Nunes para a entrada de Nathan Fernandes.
Desgastados, Wanderson, Mauricio e Aránguiz – que tivera boa chance para marcar o terceiro em chute de perna canhota – foram os três últimos nomes sacados por Coudet. Com Wesley (estreante), Lucca e Rômulo nas respectivas vagas, o Inter garantiu o gás necessário para acreditar na virada, e ela chegou nos pés do melhor camisa 10 do futebol sul-americano.
O relógio indicava mais de 48 minutos quando Alan Patrick recebeu bom passe de Rômulo e chamou Kannemann para dançar. Desequilibrado, o marcador não acompanhou a ginga de Alanpa, que buscava a finta para a perna canhota, e caiu no chão. Antes do contato com a grama, contudo, o argentino acertou o pé do capitão colorado. No apagar das luzes, o pênalti estava marcado!
Maior homem Gre-Nal da década, Alan Patrick esbanjou a qualidade de sempre para marcar seu quarto gol na história do maior clássico do país, assim igualando ídolos como Fabiano, Ruben Paz, Claudiomiro, Figueroa e Fernandão. De chapa, o craque buscou o canto direito. Batido no lance, Marchesín pulou para o esquerdo. O delírio estava instaurado nas arquibancadas do Gigante!
