Jornal Mato Grosso do Norte
Fazer campanha num país de terceiro mundo, com uma população pobre, que não conhece os seus direitos e não sabe o que é ter um padrão de vida com bem estar, qualidade e acesso as coisas boas que uma renda per capita digna pode oferecer, é muito fácil para os candidatos. Basta ser profuso na demagogia e nas promessas falaciosas.
As propostas dos candidatos são baseadas no básico, serviços que teríamos direito fora da pauta eleitoral. Infelizmente, a classe menos favorecida se acomoda e aceita a degradação como um desígnio de Deus. Acham que é assim porque Deus quis que fosse. E os candidatos se aproveitam desta ignorância.
Pegando Mato Grosso como exemplo, onde o atual governo sucateou o Estado, os três principais candidatos tem o mesmo discurso. Todos prometem investir na Saúde, acabando com as organizações sociais, que vieram prestar serviço em Mato Grosso para lavar dinheiro para o governo. Também são unânimes em prometer recuperar as estradas estaduais, porque esses fatores estão expostos e seria um direito elementar da sociedade. O resto é balela eleitoral.
Ninguém assume o compromisso de promover um debate para fazer uma reforma tributária e diminuir os encargos que enforcam a sociedade e impedem o país de crescer. Mesmo porque, um povo burro e ignorante não iria entender uma agenda tão complexa de preposições e mudanças na estrutura administrativa do governo.
E para os governantes é mesmo bom que a maioria da população não tenha noção de como funciona a pesada maquina pública. Enquanto o povo for mantido com uma fenda nos olhos, é bom para a classe política e péssimo para o país. Por um lado, os governantes estão com os pés na garganta do setor produtivo, impedindo o crescimento das empresas. Na outra margem, temos uma classe que se contenta com as migalhas dos programas sociais do governo federal.
Em 2013, o PIB brasileiro foi de R$ 4, 83 trilhões. E pelo tamanho do produto Interno Bruto do país, dividido por uma população de 201 milhões de pessoas, o brasileiro poderia ter um padrão de vida de países europeus.
No dia 12 de agosto, os governos municipais, estaduais e federal atingiram em arrecadação, R$ 1 trilhão.
Este número mostra a avidez dos governos em arrecadarem impostos. Mas, se o país é rico em arrecadação, porque temos mais de 40 milhões de brasileiros que vivem em extrema pobreza?
É isto que os candidatos deveriam explicar para a sociedade. Que temos uma máquina pública burocrática, retrógrada, inchada com excesso de funcionários, auto custo do sistema federativo (municípios, Estado e União), o que torna seus gastos de manutenção elevados. O governo gasta muito para manter as mordomias e os altos salários dos servidores dos poderes. O recurso que sobra para os investimentos em obras e serviços públicos é, em grande parte, surrupiado pela corrupção do sistema.
Por outro lado, as empresas gastam quase tudo o que ganham, para atender a burocracia do sistema tributário. Isto faz com que o padrão de vida do brasileiro seja inferior a outros países que tem a mesma arrecadação, mas que gastam menos com a manutenção da máquina do governo. Somos um país que arrecada muito, mas que tem uma população pobre.
Nos Estados Unidos, a renda média anual por pessoa é de US$ 53 mil. No Brasil, é de R$ 24 mil. O que significa que um cidadão de classe média do Brasil é mais pobre que o pobre americano. O governo brasileiro gasta mais para oferecer serviços de qualidade inferiores. E tudo isto interfere no padrão de vida da população.
O Estado precisa arrecadar para investir em benefícios para a sociedade. Em todo o mundo é assim. O que difere o Brasil de outros países é o sistema tributário e a forma como os recursos é investido.
O que precisa ser mudado em nosso país é a monstruosidade é a estrutura apodrecida de arrecadação. Diminuir o número de leis, reduzir a quantidade de impostos, taxas, contribuição e simplificar o sistema de pagamento. Este modelo atual é uma engrenagem girando ao contrário, podre, emperrado, que motiva o avanço da pobreza e inibe a produção.
É bom apenas para os políticos, que querem arrecadar mais para roubar mais. A maior fatia do dinheiro dos impostos não é direcionada para os serviços inerentes ao bem da população. Vai para os bolso dos deputados, governadores, senadores e toda a quadrilha que funciona nos meandros dos poderes.
Diante do tamanho das distorções, a solução não é simples e nem fácil para o Brasil. Mas se estes temas continuarem fora de nossa agenda política, o país vai continuar capengando e longe de ser uma nação com um bom padrão vida e dignidade para seu povo.
José Vieira do Nascimento é diretor e editor de Mato Grosso do Norte
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