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Variedades Sexta-feira, 06 de Dezembro de 2019, 00:00 - A | A

06 de Dezembro de 2019, 00h:00 - A | A

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A dona da história



por Geraldo Bessa

TV Press

Manuela Dias tinha apenas sete anos quando pisou no palco de um teatro. Mesmo gostando de atuar, não se sentia tão seduzida pela carreira de atriz como suas colegas do Tablado - prestigiada escola de Artes Cênicas fundada por Maria Clara Machado. Já adolescente, nos anos 1990, resolveu tentar a televisão. Depois de duas novelas na extinta Manchete - “Dona Anja” e “Brida” -, enfim, reconheceu que atuar realmente não era o que queria para a vida. “Eu queria contar histórias, mas não atuando. Me formei em Jornalismo, depois em Cinema, e comecei a buscar trabalhos como roteirista. As ideias transbordavam e senti, enfim, que estava no caminho certo”, conta a autora de “Amor de Mãe” e mais nova novelista das 21h da Globo.

Baiana de Salvador, a estreia como autora de Manuela na tevê foi como integrante da equipe de roteiristas do infantil “Bambuluá”, em 2000. Ao longo dos anos, ganhou experiência trabalhando em séries como “Aline” e “A Grande Família” e colaborou em tramas como “Cordel Encantado” e “Joia Rara”. Com um trabalho bem avaliado dentro da Globo, em 2015, acabou estreando como autora principal na adaptação do clássico “Ligações Perigosas” para o formato de minissérie. Seus “status” dentro da emissora, entretanto, só mudaria mesmo no ano seguinte, ao conceber a trama densa e realista da série “Justiça”. “O bom de ter sido atriz por tanto tempo é que utilizo essa experiência para escrever pensando no ator. Faço questão de conhecer todo o elenco para escrever os diálogos pensando em cada um”, entrega.

P - Antes de “Amor de Mãe” você escreveu séries e trabalhou como colaboradora em novelas. Em que momento se sentiu pronta para encarar um folhetim das nove?

R - No momento em que o Silvio (de Abreu) me chamou para conversar e pediu uma sinopse para o horário (risos). É claro que eu fiquei muito nervosa, pois sei a responsabilidade que é encarar a principal faixa de teledramaturgia da emissora, que reúne autores consagrados e conhecidos do público. Mas também fiquei muito feliz pela confiança da emissora no meu trabalho.

P - A boa repercussão, audiência e prêmios de “Justiça” (2016) serviram cartão de visitas?

R - Sem dúvida. Foi um projeto muito bem avaliado internamente. E chegou em um momento em que a emissora buscava novos nomes para todos os horários de teledramaturgia. Já tinha feito coisas muito legais na tevê e buscava mesmo uma chance de fazer uma novela como titular. Comecei a trabalhar de fato em 2017 e foram dois anos de muita dedicação até o texto ser aprovado.

P - Qual foi o ponto de partida para a história de “Amor de Mãe”?

R - A premissa foi o desafio social que é reunir tantas pessoas diferentes na frente da tevê para consumir um produto audiovisual. Estamos em um momento de ruptura e polarização nas formas de ver o mundo. É preciso criar laços de reconexão social. E eu acredito que toda reconexão passa pelo afeto. Meu desejo é fazer uma novela que fale sobre o maior amor do mundo, que é o amor de mãe.

P - Você tinha acabado de se tornar mãe quando começou a trabalhar na sinopse. A novela reflete uma urgência sua com o tema?

R - Comecei a pensar muito sobre os relevos da figura materna nesse Brasil tão diverso, muitas vezes injusto, e ao mesmo tempo tão vivo e sedutor. O Brasil sobrevive do suor e do leite das mães que mantém as crianças vivas. Nossa pátria é uma mátria. Tenho profunda admiração pelas mulheres brasileiras e queria fazer a elas uma louvação. Apesar da sociedade extremamente estratificada em que vivemos, a figura da mãe é um corte vertical que une todas as classes. Todo mundo tem mãe. Mesmo morta ou ausente. É o nosso grande elo.

P - Em “Amor de Mãe” você repete a parceria com o diretor José Luiz Villamarim, com quem trabalhou em “Justiça”. Foi uma exigência sua?

R - A emissora tem diretores incríveis, mas eu queria trabalhar na minha primeira novela com alguém que tivesse uma boa relação profissional, mas também afinidade artística. O Zé é uma pessoa que me instiga como criadora e me dá a mão ao mesmo tempo. É bom, e raro, quando uma parceria lhe dá as duas coisas ao mesmo tempo: frio na barriga e segurança. Sempre que entrego um capítulo para ele, não importa se é o 1º ou o 40º, fico ansiosa para sabe se ele gostou. Eu tento surpreendê-lo e ele também me surpreende.

Amor de Mãe” - Globo - de segunda a sábado, às 21h.

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