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Variedades Sexta-feira, 23 de Agosto de 2019, 00:00 - A | A

23 de Agosto de 2019, 00h:00 - A | A

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Contra a corrente



por Luana Borges

TV Press

O mundo de hoje em dia está chato. Pelo menos, é o que Fábio Porchat tem notado nos lugares que frequenta. As pessoas já não conseguem simplesmente bater um papo descontraído. Quase tudo acaba em discussão política e em imposições de opiniões. O mesmo acontece nas redes sociais. Foi pensando nessa situação que Porchat teve a ideia de criar um programa que fugisse completamente disso. Com a proposta de contar histórias inusitadas, de famosos ou anônimos, nasceu o “Que História É Essa, Porchat?”, no GNT. “Não quero saber o que fulano acha disso ou daquilo e, às vezes, as pessoas começam a dar opiniões sobre o que elas nem sabem. Me perguntaram o que eu acho do Brexit e não faço a menor ideia. É um programa pensar na diversão, esquecendo a opinião”, explica.

Naturalmente falante, à frente do “Que História É Essa, Porchat?”, o humorista assume o lugar de ouvinte boa parte do tempo. Mas, sempre que existe uma brecha, pode contar uma situação que tenha vivenciado. “Eu fico mais modulando porque são muitas histórias. Eu conto uma minha mais curtinha”, diz ele, que se orgulha de ter entrevistado quase mil pessoas durante o período em que apresentou o “talk show” “Programa do Porchat” na Record. Mas a lista de nomes com quem ainda deseja conversar é extensa. E ainda tem algumas pessoas que ele gostaria de receber de novo no “Que História É Essa, Porchat?”. “Por mim, eu teria a Dani Calabresa no programa toda semana porque ela conta história muito bem, é muito engraçada. Então, o bom desse formato é que dá para repetir pessoas”, acredita.

P – Ao longo do processo de criação do “Que História É Essa, Porchat”, o que mais tem surpreendido você?

R – O interessante que nessa coisa de contar histórias, as pessoas começam a falar e, quando você vê, tem um monte de história legal. E eu não gosto de ficar cortando as pessoas no meio porque as histórias têm de ser naturais. Se você faz uma história toda certinha, cortadinha, ela perde a naturalidade. Às vezes, a gente tira uma história inteira de anônimos e famosos. Temos alguns pesquisadores trabalhando junto com nossa equipe de roteiro para acharem essas histórias. Eles acham, mandam para os roteiristas, nós aprovamos, mandamos para o GNT e tem algumas que surgem aqui na hora.

P – E como nasceu a ideia do programa?

R – Quando eu decidi sair da Record, comecei a pensar no que queria da vida. Fui falar com o GNT e, nas férias, me veio o questionamento: “por que eu não quero fazer um ‘talk show’ no GNT?”. Pensei que, para fazer um programa desse, eu precisava ter os convidados da Globo porque são as pessoas que não convidei na Record. Teria de pedir autorização. Conversei com a Globo, expliquei que faria um programa que dependia de convidados e eles disseram: “lógico, fica à vontade”. Mas me dei conta de que não queria “talk show” por causa de “lacração”, Twitter, pessoas, raiva, opinião, Bolsonaro e queria fazer algo que não tivesse nada disso. Não tem ninguém fazendo algo só assim. Quando contei que queria fazer algo só com histórias, o pessoal (do GNT) se assustou e perguntou se isso iria funcionar.

P – Como você defendeu para o canal que sua ideia funcionaria?

R – A gente fez um pré-piloto para ver se daria certo. Pedimos as histórias dos famosos antes e pedimos para eles darem opções, o que é difícil porque tem gente com quem você não tem intimidade. Do Lúcio Mauro Filho, eu sabia uma história e falei que ele precisava contar. Mas, por exemplo, a Claudia Raia eu vi duas vezes na vida, não tenho nenhuma intimidade com ela. Mas liguei para convidar, ela foi um amor e me mandou um áudio de 4 minutos com a história dela, contando que tomou um soco de uma índia no meio do Xingu, caiu desmaiada e foi puxada pela perna. Uma história maravilhosa! Então, para algumas pessoas estamos pedindo para mandarem o áudio das histórias para a gente ter uma noção do que é. Eu sei quais são as histórias então vou puxando gancho de um para o outro, para fazer um link para a coisa fluir. E a gente sentiu no pré-piloto que rolou, a plateia adorou. Fiquei eu fazendo as palhaçadas, ouvindo, porque sou um cara curioso, mas também contei a minha história. Lógico que as estrelas são eles, mas eu também tenho o poder de contar a história que eu quiser. Decidimos apostar nesse formato e fomos sentindo. A gente até tinha uma brincadeira que tínhamos criado, mas o programa estava tão fluido que não precisa criar uma maluquice, só sentar e bater papo. Sabe como você sabe que a história é boa? Quando a pessoa que está ouvindo fala: “mentira”.

P – Você acha que o formato “talk show” se esgotou?

R – Eu não acho que esgotou porque, nos Estados Unidos, tem muito mais “talk shows” que aqui e lá eles duram. Para eles, esse formato é tipo a novela para a gente. Eu gosto de “talk shows”. Estive recentemente no do Bial e fui no da Maísa também. Sempre tento artisticamente ir contra a corrente ou tentar pensar no que vai acontecer. Quando está todo mundo indo para um caminho, eu tento ir para o outro para ver o que acontece. Eu olhei para esse lugar de conversar com gente, mas de ouvir e contar histórias. Você vai conhecendo um pouco das pessoas e elas vão se soltando, se esquecendo que tem plateia. E as pessoas ficam curiosas em ouvir o outro. É um programa para ouvir.

P – Aconteceu de alguém trazer alguma história que não fosse engraçada?

R – A do Alex Escobar, por exemplo, ele quase morreu. Não é exatamente uma história feliz. Como é um programa que tem um cunho de humor, talvez aquelas coisas tipo “fui abusado pelo meu tio” não sejam o ideal para trazer aqui. Mas teve uma história de uma anônima. Ela tinha feito uma mastectomia, saiu para um primeiro encontro e foi transar com o cara sem mamilo. É muito doido, mas, ao mesmo tempo, você pensa: “caramba, ela teve câncer e tirou o seio”. Ela contou de forma muito engraçada porque não achou que ia transar, achou que ia dar uns beijos. Mas começou a rolar e ela ficou com as mãos no peito, o cara pedindo para ela tirar e ela dizendo que estava com vergonha. Aí, ele tirou o olho dele, porque tinha um olho postiço, e perguntou: “e agora, tudo bem?”. E são casados até hoje. É uma história linda, quase emocionante, mas tudo muito simpático.

Que História É Essa, Porchat?” – GNT – Terças, às 22h30.

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