Domingo, 05 de Maio de 2024

Opinião Segunda-feira, 01 de Abril de 2024, 18:20 - A | A

01 de Abril de 2024, 18h:20 - A | A

Opinião /

De celebridade a um pária na política

Moro é menosprezado pela Direita, ignorado pela Esquerda



José Vieira do Nascimento  

O ex-juiz e ainda senador Sérgio Moro (União Brasil), está no banco dos réus. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), iniciou neste 1º de abril, o julgamento de duas ações promovidas pelo PL e pela Federação PT/PcdoB/PV, que podem resultar na cassação de mandato.

No entanto, Moro ser cassado ou permanecer no Senado em nada altera os fatores políticos, dada a sua insignificância e inexpressividade para a politica brasileira. O antes todo poderoso, considerado xerife da moralidade na Operação Lava- jato, era uma farsa, cuja máscara caiu e surgiu sua verdadeira face. Se transformou em um ilustre pária que se movimenta com desenvoltura  nos bastidores políticos do baixo clero do Senado.

Sua presença não é bem-vinda para ninguém. De juiz federal, herói da Lava- jato, na Vara Federal de Curitiba, celebridade, alvos dos holofotes com direitos a capas de revistas, se transformou em persona não grata, indesejado na elite política brasileira. Ninguém faz questão de tê-lo por perto.  

O antes todo poderoso, considerado xerife da moralidade na Operação Lava- jato, era uma farsa, cuja máscara caiu e surgiu sua verdadeira face

O ex- magistrado é um espectro que vaga sem norte pelos meandros do Congresso, rejeitado pelo próprio Bolsonarismo que ele tanto serviu. Na esquerda, é visto como ex-juiz que manobrou a Operação Lava- Jato, usando o cargo a favor de seus interesses, com suspeição de ter favorecido o ex-presidente Jair Bolsonaro, em detrimento do Presidente Lula, que acabou preso e impedido de ser candidato em 2018.  

Quando entrou com o pedido de sua exoneração, para ser o super- ministro da Justiça de Bolsonaro, Moro respondia a cerca de 20 procedimentos administrativos no CNJ. Porém, fora do Ministério suas peripécias foram retomadas. Na pré-campanha da eleição de 2020, começou seu périplo pelo Podemos e findou no União Brasil do Paraná, onde foi eleito senador.

Todavia, mesmo que escape da ser cassado pelo TRE/ PR, o senador também é investigado no Conselho Nacional de Justiça [CNJ] por ter conspurcado os deveres da magistratura. Há indícios que tenha promovido uma verdadeira lambança. Não somente na condução dos processos dos políticos acusados de corrupção durante a operação Lava Jato, mas que também tenha violado reiteradamente deveres de transparência e imparcialidade em suas decisões.

As suspeições sobre Moro incluem também a administração de mais de R$ 2 bilhões de dinheiro da Petrobrás recuperado na força tarefa. Moro é menosprezado pela Direita, ignorado pela Esquerda e sua permanência na política é inócua.

Em Brasília, a avaliação é que seria até mais conveniente que permaneça no cargo para não criar jurisprudência, que no futuro possar ser usado contra outros políticos.

Só importa que ele seja cassado, ou não, aos que estão de olho em ocupar sua vaga no Senado, tamanha é seu isolamento e inexpressividade.

Moro é presa do emaranhado das próprias teias que foi deixando para trás em sua trajetória, sentia-se inatingível enquanto, inadvertidamente, caminhava para o limbo. Sua situação não é nada confortável. Está experimentando do próprio veneno.

E corre um sério risco de ser um importante protagonista no vale da obscuridade.  

José Vieira do Nascimento é jornalista, pós graduado em Comunicação e editor do jornal Mato Grosso do Norte.

Email: [email protected]  

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