Quarta-feira, 23 de Julho de 2025

Agronegócio Quarta-feira, 23 de Julho de 2025, 08:51 - A | A

23 de Julho de 2025, 08h:51 - A | A

Agronegócio / Alta Floresta

Alta Floresta vive boom do café e se torna referência estadual na produção

Em 2024, o município bateu recorde: foram mais de 90 mil quilos colhidos



Dionéia Martins/ Mato Grosso do Norte

O que começou em 2017 com apenas seis produtores desacreditados, muitos deles antigos cafeicultores frustrados pelos baixos preços do passado, transformou-se em um dos maiores cases de sucesso da agricultura familiar em Mato Grosso. Alta Floresta, colhe agora os frutos de quase uma década de persistência, planejamento e investimento técnico na cultura do café clonal.

Em 2024, o município bateu recorde: foram mais de 90 mil quilos colhidos e a estimativa para este ano já supera os 125 mil quilos. A previsão otimista tem fundamento. “Várias áreas que estavam em formação entraram agora na primeira safra. Outras, que não produziram no ano passado, já atingiram o segundo ano, que é quando a planta atinge sua maturidade produtiva”, explica Marcelo Fernando Pereira Souza, secretário municipal de Agricultura e Pecuária.
A expansão da cultura tem sido tão expressiva que hoje já são mais de 110 produtores cultivando café em Alta Floresta, 90 deles acompanhados de perto pela Secretaria. E a adesão não para de crescer. Até dezembro, outros 45 devem entrar na atividade, atraídos principalmente pelo bom desempenho financeiro do café.
Agricultura Familiar- A produção cafeeira de Alta Floresta é, em sua totalidade, fruto da agricultura familiar. Em média, os produtores trabalham com pequenas áreas de meio hectare a, no máximo, cinco hectares.
Segundo Marcelo o município já soma cerca de 200 hectares cultivados com café, com expectativa de fechar o ano com 40 hectares novos plantados, o maior crescimento anual da história local.
Esse avanço só foi possível graças à adesão ao programa estadual Pró-Café, que fornece mudas clonais de qualidade, insumos e assistência técnica desde 2017. A aposta no Conilon e Robusta, variedades mais resistente a pragas e adaptada ao clima quente da região, mostrou-se acertada.
“Hoje somos referência para outros municípios. Já recebemos visitas de produtores e técnicos de Querência, Confresa, Vila Rica e até de União do Sul, que querem replicar o nosso modelo”, conta Marcelo.
No início foi preciso insistência. Para iniciar o projeto, o governo estadual exigia ao menos dez produtores. Marcelo lembra que mal conseguiram seis. “A maioria só topou porque confiava na gente. Eram ex-cafeicultores desiludidos, que haviam trocado o café por pasto.
“Deu certo. E como deu! Os pioneiros continuam na ativa e hoje são os mais produtivos do município alcançando a impressionante marca de até 127 sacas por hectare”, relata o Secretário.
Desafios - Apesar do sucesso, o café em Alta Floresta ainda enfrenta obstáculos, principalmente o acesso ao crédito. “O produtor precisa esperar dois anos até a primeira colheita. Sem crédito com carência, fica difícil expandir”, pontua o secretário.
Outro desafio é o armazenamento. Como a maioria dos agricultores vende o café logo após a colheita para pagar contas ou reinvestir, não conseguem esperar pela entressafra, período em que os preços sobem. “Hoje o valor está em R$ 965 por saca. Mas já chegou a R$ 1.300. Quem tem estrutura para estocar, lucra mais”, diz Marcelo.
Para superar essas barreiras, a Secretaria investe na estruturação da produção de mudas. O jardim clonal da MT-325. Alta Floresta mostra, com resultados concretos, que é possível transformar a agricultura familiar em motor de desenvolvimento. E o café, que já foi símbolo de incerteza, hoje é sinônimo de oportunidade.

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