Assessoria
A Bayer fechou um acordo de US$ 2 bilhões para resolver casos futuros que envolvam alegações de que seu herbicida Roundup causa câncer, disse a empresa alemã na quinta-feira, 4. O produto é feito à base do glifosato, o agrotóxico mais vendido no Brasil e no mundo.
No final do ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter, com restrições, o uso do agroquímico no Brasil. Valor será liberado por quatro anos para cobrir tratamento médico de pessoas diagnosticadas com o linfoma não-Hodgkin e que estiveram expostas ao produto, que é o agroquímico mais vendido no Brasil e no mundo.
Segundo a Reuters, a Bayer vinha trabalhando para concluir o acordo relacionado às alegações de que o Roundup e outros herbicidas à base de glifosato causariam o linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer.
Em março de 2019, inclusive, um júri de São Francisco (EUA) decidiu, por unanimidade, que o agrotóxico contribuiu para o desenvolvimento desta doença em Edwin Hardeman, um homem de 70 anos, que vive na Califórnia. Ele usou o herbicida com regularidade de 1980 a 2012 em sua propriedade em Sonoma County, na Califórnia.
Segundo a Reuters, o acordo prevê a cobertura de futuras reivindicações apresentadas por pessoas diagnosticadas com o linfoma não-Hodgkin e que estiveram expostas ao Roundup antes do diagnóstico. O acordo também inclui benefícios para pessoas que, tendo sido expostas ao Roundup, desenvolvam o câncer no futuro.
Pelo plano proposto, a Bayer vai desembolsar US$ 2 bilhões por quatro anos para compensações e cobertura de assistências diagnósticas. Reclamantes futuros poderão receber até US$ 200 mil com o acordo. As partes podem concordar em estender o período de vigência do pacto.
A Bayer herdou a disputa legal com a aquisição da Monsanto, em 2018, empresa que criou o herbicida Roundup.
A empresa disse que décadas de estudos mostraram que o Roundup e o glifosato são seguros para uso humano.
O Roundup, que a Monsanto levou ao mercado pela primeira vez em 1974, é amplamente usado por agricultores nos Estados Unidos e no Brasil, em lavouras geneticamente modificadas para resistir ao seu efeito herbicida.
O glifosato permanecerá no mercado. A Bayer concordou em buscar permissão da Agência de Proteção Ambiental dos EUA para acrescentar um link referencial nos rótulos, para que os consumidores possam encontrar estudos científicos sobre o herbicida.