Terça-feira, 24 de Junho de 2025

Agronegócio Terça-feira, 24 de Junho de 2025, 09:16 - A | A

24 de Junho de 2025, 09h:16 - A | A

Agronegócio / Estudo

Uso crescente de agrotóxicos e fertilizantes reduz renda do produtor de soja no Brasil

“A realidade é que a disseminação de sementes transgênicas foi acompanhada do aumento do uso de agrotóxicos”, afirma Jaqueline Ferreira



 

Maior produtor mundial de soja desde 2019, quando superou os Estados Unidos, o Brasil baseia sua liderança em um modelo de produção que depende do uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes e que se mostra cada vez mais ineficiente e insustentável, tanto econômica quanto ambientalmente.

Em 1993, os produtores brasileiros usavam 1 kg de agrotóxico para produzir 23 sacas de soja. Em 2023, a mesma quantidade do insumo foi suficiente para produzir apenas sete sacas.

Padrão semelhante ocorreu com os fertilizantes (fósforo e potássio). Em 1993, uma tonelada de fertilizantes produzia 517 sacas de soja, quantidade que caiu para 333 sacas em 2022. O total de agrotóxicos utilizados na produção da soja no Brasil passou de 16 mil toneladas (1993) para 349 mil toneladas (2023), um aumento de 2019%.

No caso dos fertilizantes, foram usadas 728 mil toneladas na produção do grão em 1993, contra 6 milhões de toneladas em 2022, um crescimento de 734%. Entre os cinco maiores produtores de soja do mundo, o Brasil é o que mais usa agrotóxicos e fertilizantes por hectare.

Os dados acima integram o estudo “Brasil como líder mundial em produção de soja: até quando e a que custo?”, lançado nesta terça-feira (10) pelo Instituto Escolhas e realizado em parceria com o Instituto Folio. O estudo mostra que o atual modelo de produção da soja corrói a rentabilidade dos produtores brasileiros.

“O produtor usa cada vez mais agrotóxicos e fertilizantes para produzir cada vez menos soja. Isso afeta sua renda, que também é impactada pelo aumento de preço desses insumos”, afirma Jaqueline Ferreira, diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas e coordenadora do estudo.

Em 1993, bastavam 11 sacas de soja para o produtor pagar os custos com sementes, agrotóxicos e fertilizantes. Em 2023, ele precisou de 23 sacas de soja para dar conta dessas despesas. O protagonismo global do Brasil, que deve bater o recorde de 168 milhões de toneladas de soja na safra 2024/2025, se explica mais pelo aumento do uso de insumos (agrotóxicos e fertilizantes) e da área plantada do que da produtividade.

Entre 1993 e 2023, a área plantada de soja saltou de 11 milhões para 44 milhões de hectares, crescimento de 5% ao ano. A produtividade aumentou bem menos, 2% ao ano – era de 2.120 kg de soja por hectare e passou para 3.423.

O estudo do Instituto Escolhas mostra ainda que a promessa que acompanhou o lançamento das sementes transgênicas de soja no final da década de 1990, de que elas ajudariam no controle de pragas e na redução do uso de agrotóxicos, não se cumpriu.

“A realidade é que a disseminação de sementes transgênicas foi acompanhada do aumento do uso de agrotóxicos”, afirma Jaqueline Ferreira. Hoje, 93% das sementes usadas na produção de soja no Brasil são transgênicas.

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