José Vieira do Nascimento
Boa parte dos eleitores não se sente motivada a votar nas eleições deste ano. Mas não é uma questão de desinteresse pelo pleito eleitoral. É desilusão! Falta de confiança na classe política. Todo mundo sabia que havia muita corrupção, mas as operações desencadeadas pela Polícia Federal e Ministério Público, apresentaram as provas do volume de dinheiro que é roubado pela classe política. É muita grana!
Só no âmbito da operação Lava jato, de acordo com dados do Ministério Público Federal, já foram recuperados R$ 11, 5 bilhões por meio de delações premiadas. O ex-governador Silval Barbosa confessou ter desviado durante seu mandato, cerca de R$ 1 bilhão dos cofres públicos de Mato Grosso.
Dinheiro que saiu das contas do governo e que poderia ter sido investido em benefício da sociedade. Uma coisa é você ouvir falar que o cara roubou. Outra é ver materializada a corrupção. Alguém recebendo propina...
Estamos numa fase incipiente de transformação no processo eleitoral. Se ainda há boa parte do eleitor que pode ser facilmente alienada, existe também indignação popular com os fatos que foram externados com as delações e investigações. As pessoas entenderam que a corrupção é uma mazela social, que mata, destrói vidas e sonhos.
Portanto, mesmo que silencioso, há um clamor da sociedade por renovação na representação política nas eleições deste ano. Os eleitores não querem votar nos políticos envolvidos nos escândalos de desvio de dinheiro público. Não querem mais do mesmo.
E neste contexto, os partidos políticos têm um papel preponderante. Cabe as siglas decidirem se irão dar atenção ao clamor da sociedade e abrir espaço para novas lideranças, candidatos que não são detentores de mandatos, disputarem as eleições, ou se ignorarão a vontade da população.
A decisão dos dirigentes partidários irá influenciar de forma ambígua no resultado das eleições, principalmente no percentual de eleitores que vão se dispor a votar. Muitos eleitores só irão comparecer às urnas se tiverem alternativas, novas de voto.
Por outro lado, priorizar a oportunidade para os candidatos novos, significa dar a oportunidade ao eleitor de promover a renovação de seus representantes. E esta é a tendência do eleitorado...
Não cabe julgar se os políticos profissionais, que há várias décadas são detentores de mandatos, sejam ruim. Nem que um novo seja bom. Mas os antigos já tiveram a oportunidade de fazer ou não fazer.
Por outro lado, em momento em que vários municípios da região estão em um ciclo de crescimento, renovar a representação política, é de fundamental importância. Significa representantes com entusiasmo de iniciantes e que novas ideias e novos projetos serão inseridos no contexto político e social.
Desta forma, os partidos tem a responsabilidade de observar este sentimento que nasce no seio da população. E não se pode ignorar o memento atual, que exige que a política seja passada a limpo.
José Vieira do Nascimento é diretor e editor responsável de Mato Grosso do Norte
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