Jornal Mato Grosso do Norte
José Vieira do Nascimento
Acho hilário quando ouço alguém dizer que as eleições é a festa da democracia. Particularmente, não tenho empolgação nenhuma com o processo eleitoral. Questiono-me se vale à pena votar. Entretanto, como alguém tem que governar, tento escolher o menos pior. Se bem que nas duas últimas eleições gerais, cancelei meu voto para o governo estadual.
E confesso que me senti bem, sem culpa e sem remorsos diante da roubalheira que assolou Mato Grosso neste governo. Todavia, necessariamente, temos que suportar a política. A política envolve tudo, toda situação gira em torno do processo político e faz parte do Estado de Direito. Infelizmente!
Deveria ser diferente, mas quando votamos em alguém no Brasil, é como se estivéssemos lhe concedendo autorização para desviar o dinheiro público, prevaricar, formar quadrilha de lavagem de dinheiro e direcionar os negócios do governo. É uma inversão de valores. Você está votando nas propostas de um candidato, as quais se tornam inócuas após as eleições. Os que se elegem mandam às favas os planos de governo!
Aqui mesmo na região. A maioria dos prefeitos e prefeitas que se elegeu nas últimas eleições, a primeira coisa que fizeram foi arrumar laranjas para desviar o dinheiro das prefeituras. Tem laranjas para fazer as obras, outros abrem empresas para prestar serviços e repassar parte do pagamento para os prefeitos e secretários, e contratam pessoas qualificadas e com experiência para forjar as licitações. Que se danem os interesses da sociedade! O que importa é aproveitar as prerrogativas do cargo para ser dar bem.
O descrédito da população é porque a política se transformou em sinônimo de ladroagem. Talvez seja por isso que no cenário nacional, o povo está naquela de ‘pior do que tá não fica’. O que vai virar esse país, em qualquer uma das três possibilidades, é difícil avaliar. Os eleitores querem pagar pra ver! O PT está há 12 anos mamando nas tetas públicas e não fez as reformas que o Brasil precisa para crescer. A presidente Dilma não consegue sequer transmitir segurança sobre o controle da inflação. E Aécio Neves... É um retrocesso.
Maria Silva é o que restou. Sua evolução nas pesquisas reflete a vontade de mudança da sociedade. O povo está cansado dessa disputa entre PT e PSDB que acontece há 20 anos. E como alguém que está morrendo afogado, se agarra a qualquer objeto que for lançado em sua direção.
Marina não chega a ser uma terceira via. Não tem propostas concretas. É sem graça. E tem essas questões das liberdades individuais, como as religiões e os gays. Mas entre a volta ao passado e permanecer no presente, o povo, mesmo com receio, tende a arriscar, conforme aponta as pesquisas eleitorais.
Quem teme profundas mudanças no país, deve considerar que essa conversa de nova política, é mote eleitoral. Caso seja eleita, Marina é inteligente o suficiente para saber que, se peitar o Congresso, os banqueiros e os empreiteiros, não conseguirá governar. Vai fazer alianças com as velhas raposas do PT, PSDB e do próprio PMDB para formar sua base. Aquela cara de ET da candidata, esconde uma política dissimulada, com a experiência de dois mandatos no Senado.
O único ponto positivo é que ela assumiu como um de seus compromissos com os eleitores, ficar apenas 4 anos na presidência, se vencer as eleições. Como em política tudo é possível, só resta esperar o dia 5 de outubro para ver o que acontecerá.
José Vieira do Nascimento é diretor e editor responsável de Mato Grosso do Norte
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