José Vieira do Nascimento
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso volta a ser manchete a nível nacional com a prisão do deputado Mauro Savi, ocorrida nesta quarta-feira, acusado pelo Ministério Público de liderar uma quadrilha que surrupiou mais de R$ 30 milhões do Detran.
A corrupção banal praticada por deputados de Mato Grosso, desmoralizou completamente a Assembleia Legislativa. Savi é o segundo deputado preso nesta Legislatura. O primeiro foi Gilmar Fabris, que foi trancafiado em setembro de 2017 e liberado no final de outubro, com alvará de soltura emitido pelos próprios deputados. O motivo de ambas as prisões é sempre o mesmo: desviou de dinheiro público.
Paira na penumbra da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, um volume espesso de odor fétido, proveniente da lama que exala da corrupção que vem de seus recintos. O parlamento de Mato Grosso é visto pela sociedade, não como uma casa legislativa, que atua na defesa dos interesses do cidadão, mas como a casa onde se fenestra os achaques aos cofres públicos e se orquestram os esquemas.
Não é por acaso que, enquanto a população se dana, a maioria absoluta dos deputados estaduais ostenta uma vida luxuosa, proprietários de mansões nas praias dos litorais, de fazendas, carros de luxos e se esbaldam em vinhos caros. Tudo comprado com dinheiro roubado dos cofres públicos. Alguns sequer fazem questão de disfarçar. Outros escondem fortunas em nomes de laranjas. Insensíveis, ignoram o sofrimento da população.
A corrupção em si já é um ato abominável! O corrupto é desumano, rouba o futuro das crianças e dos jovens, rouba a vida dos mais pobres que morrem pela falta de remédios e assistência nos hospitais públicos. Político ladrão teria que ser tratado a moda chinesa: forca ou prisão perpetua. No entanto, no Brasil, os calhordas roubam o dinheiro público e esnobam a população. Afinal, o que é passar alguns dias ou meses presos e depois ser liberado e ir curtir a vida com os milhões que pilhou?
Queremos crer que o país está em processo de transformação. Todavia, não basta apenas o Ministério Público fazer a sua parte, mandando investigar e prender esses bandidos. O cidadão tem que ser também um agente de mudança, de moralização política.
Os Savis da vida e os demais deputados de Mato Grosso estão na Assembleia Legislativa porque foram eleitos com voto do eleitor.
Vejamos o caso do Rio de Janeiro. O Sérgio Cabral foi eleito governador, reeleito e ainda elegeu seu sucessor. Na história da República, talvez não haja alguém que tenha prevaricado mais que este cidadão. Entretanto, o povo do Rio de Janeiro, mesmo sofrendo as consequências dos desmandos de seu governo, votou seguidamente em um político, que segundo as investigações da operação Lava Jato, desviou bilhões dos cofres públicos.
A tecnologia da informação proporcionou a democratização da informação. Através das redes sociais, qualquer pessoa tem acesso as informações e terá instrumento para analisar a vida de seus candidatos. Quem votar em bandido é porque fez uma opção, uma escolha! E, no futuro, não poderá reclamar.
José Vieira do Nascimento é diretor e editor responsável de Mato Grosso do Norte
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