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Artigo Sexta-feira, 03 de Agosto de 2018, 00:00 - A | A

03 de Agosto de 2018, 00h:00 - A | A

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Mineração é sustentável

Foto: ilustrativa



Sei que é um tema espinhoso mas a mineração, querendo ou não, é insubstituível para manutenção do nosso estilo de vida ocidental, consumista. Para fazer um carro, utilizamos mais de 65 minerais diferentes, um computador mais de 95 elementos minerais. Uma casa é constituída de tijolos, cimento, areia, brita e0 ferragens, todos produtos minerais, ou seja, não gostar de mineração pode ser chamado também de hipocrisia.
Referente à imagem do garimpeiro, a situação é pior. Sua imagem está ligada à degradação ambiental, rostos feios, sujos de lama, maltrapilhos, violentos e prostituição. Todos têm culpa, principalmente os garimpeiros da década de 80, que não respeitavam o meio ambiente. O estado, que sempre a reboque da sociedade, demorou demais para conhecer a situação in loco e criar leis e normatizações para coibir excessos, fiscalizar e punir os depredadores
Há 32 anos o Projeto de Avaliação e Controle Ambiental da Atividade Garimpeira em MT foi o pioneiro na avaliação in loco da variável ambiental dos garimpos no Brasil. Foi desenvolvido pela Coordenadoria de Meio Ambiente, ligada à Secretaria de Trabalho, único órgão ambiental do estado e precursor da atual Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT).
Esta coordenadoria contava com apoio do Cetem-RJ, Cetesb-SP, DNPM e British Columbia Universidade de Vancouver, no Canadá. O projeto constatou uma realidade que poucos conheciam. Além da poluição ambiental descobriu, entre outros, o uso do mercúrio quantificado em 40 ton/ano. Ninguém conhecia a destinação desta quantidade de mercúrio importada que, em pouco anos, saltou de 4 para 40 toneladas anuais.

Participamos das comemorações da festa dos garimpeiros em Peixoto de Azevedo, nos dias 20 e 21 de julho, organizada pela Cooperativa de Garimpeiros do Vale de Peixoto (Coogavepe). O evento contou com um simpósio científico com especialistas em ouro de instituições como Unicamp, USP, UFMT e das principais empresas do país. Houve também um importante Fórum de Cooperativa de Ouro do estado, do qual participei representando a Cooperativa de Pontes e Lacerda, onde sou diretor técnico. Neste encontro foi decidida a criação da Federação das Cooperativas de Garimpeiros do Estado de Mato Grosso, para representar o interesse da pequena mineração e melhoria da imagem da mineração e do garimpeiro.
Vejamos os números da maior cooperativa de garimpeiros do Brasil, a Coogavepe, de Peixoto de Azevedo. Possui 6 mil associados, produz cerca de 7 toneladas de ouro por ano, cerca de R$ 1 bilhão. Todo este volume é 100% tributado. A cooperativa também é a maior empregadora da cidade.
Quanto à questão ambiental, as lavras possuem recuperação ambiental e o uso do mercúrio é controlado em circuito fechado na fase final do processo. Após a recuperação topográfica do solo, este é corrigido e, na maioria das vezes, é instado a pastagens.
O dia 21 de julho é o Dia do Garimpeiro. É a data de saída da bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que encontrou ouro no rio Coxipó. Os maiores garimpeiros da historia do Brasil foram os Bandeirantes. Cuiabá, então a capital das bandeiras, foi criada por garimpeiros, faiscadores de ouro, mas a cidade ainda "torce o nariz" para a mineração e os garimpeiros. Com a recuperação ambiental e o pagamento de impostos, esperamos que esta visão seja mudada, principalmente por parte dos gestores públicos.
A mineração de ouro na Baixada Cuiabana, Poconé e Pontes e Lacerda já é realidade há quase 300 anos. Acredito que nossa atividade mineral permanecerá nos próximos 300 anos, desde que mantenha o cuidado ambiental e distribuição da renda mineral. Uma atividade econômica com perspectiva de 600 anos de operação, ou mais, pode ser considerada sustentável.

Max Salustiano de Lima é geólogo, sócio fundador da empresa Minero Ambiental Geol. Ass. Ltda, diretor técnico da Cooperativa de Garimpeiros de Pontes e Lacerda e ex-diretor técnico da Metamat

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