Sábado, 10 de Maio de 2025

Artigo Quarta-feira, 07 de Maio de 2025, 08:57 - A | A

07 de Maio de 2025, 08h:57 - A | A

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O Peso Invisível da Reciclagem: Como os Impostos Estão Desestimulando a Economia Circular

Esse tipo de tributação desconsidera completamente o valor ambiental, social e econômico da reciclagem



Quando falamos em sustentabilidade, economia circular e reciclagem, é comum imaginarmos um futuro mais verde, limpo e inteligente na gestão de resíduos. No entanto, quem vive o dia a dia da reciclagem sabe que essa realidade ainda está muito distante, não por falta de esforço dos empreendedores e trabalhadores do setor, mas por conta de entraves estruturais e fiscais que tornam o caminho quase inviável.

Um exemplo gritante é o sistema tributário aplicado sobre materiais recicláveis. Poucos sabem, mas quando um resíduo reciclável como papelão ou plástico é coletado, processado e reintroduzido na cadeia produtiva, ele volta a ser taxado como se fosse um produto novo. Ou seja, os mesmos impostos pagos na sua fabricação original são cobrados novamente, agora sobre um material que já havia cumprido seu ciclo de uso e foi descartado.

Esse tipo de tributação desconsidera completamente o valor ambiental, social e econômico da reciclagem. E mais: penaliza justamente quem está tentando fazer a coisa certa, reaproveitar materiais, gerar empregos, reduzir a pressão sobre os aterros sanitários ou lixões e proteger o meio ambiente.

Na prática, isso se traduz em um desestímulo direto para a economia circular. Como avançar em políticas de sustentabilidade se a legislação trata o resíduo reciclado como um novo produto, e não como um serviço ambiental essencial?

Mesmo diante desse cenário hostil, empresas como a Si Resíduos, que atua em Alta Floresta e região, têm buscado fazer a diferença. Em apenas dois anos, conseguimos aumentar em 230% a reciclagem de papelão e plásticos, uma conquista que demonstra o potencial do setor, mesmo travado por um sistema que parece agir contra ele.

No entanto, é preciso mais. É urgente que o governo federal revise a estrutura de impostos que incide sobre os materiais recicláveis e crie políticas que incentivem, e não punam, quem atua nesse segmento.

Reciclar não pode ser um ato de resistência solitária. Deve ser parte de uma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável, com incentivos reais, apoio institucional e um marco regulatório coerente com os desafios do século XXI.

Enquanto isso não acontece, seguimos firmes, com coragem, criatividade e consciência ambiental. Mas também com a esperança de que, em breve, reciclar no Brasil e em Alta Floresta deixe de ser uma ironia fiscal e passe a ser, de fato, uma prioridade de Estado.

David Dalpiva Junior - CEO da Si Resíduos de Alta Floresta MT

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