Acossado pelas carpideiras do impeachment, refém de uma bancada de apoio atolada na Lava Jato, cercado de colaboradores investigados pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, o governo Michel Temer tem razões de sobra para tremer na base. Para se equilibrar no poder e espantar o fantasma da presidente afastada que ronda a esplanada é preciso dividir o queijo com a ratazana faminta e fisiológica que controla o congresso nacional.
Se avançar nas reformas de conteúdo amargo e moralizador, perde apoio da base sem moral e sem pudor; se fraquejar perde apoio popular e protestos podem eclodir Brasil afora. Esse é o dilema de Temer.
O PMDB, partido de Michel Temer, é a mais organizada e poderosa máquina de corrupção do país. Não à toa, é considerada a prostituta chefe do bordel instalado em Brasília desde a redemocratização. Seus expoentes de proa frequentam com assiduidade as páginas policiais e abrilhantam polos passivos de ações penais pelos quatro cantos do país. Parece que o pressuposto oculto para ser peemedebista é ser expert na arte de pilhar o erário.
Mais que dominar o vernáculo e fazer o emprego correto da mesóclise, o presidente Michel Temer precisa dominar a inflação, conter o desemprego, estancar a corrupção, reduzir a máquina, privatizar empresas públicas, atrair investimentos externos, priorizar a saúde, a educação e a segurança pública. Para o povo parar de sofrer, o Brasil precisa voltar a crescer!
O ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, Sérgio Machado, guindado ao cargo pela cúpula do PMDB, temendo ser preso pelo juiz Sérgio Moro, traiu seus comparsas, se tornou araponga e fez bombásticas e comprometedoras gravações. Os áudios vazados provocaram verdadeira hecatombe no meio político.
O ex-presidente José Sarney disse que a delação de Marcelo Odebrecht seria equiparada a uma metralhadora ponto 100. O vetusto político estava equivocado. A delação de Sérgio Machado, para ficar no campo bélico, pode ser comparada a um letal Rifle Sniper DSR 50 de fabricação alemã.
O primeiro a ser abatido foi o senador Romero Jucá que foi obrigado a vazar fora do ministério do planejamento. O presidente do senado, Renan Calheiros, cambaleia no cargo e sua sobrevivência é incerta. Quando a delação de Sergio Machado ganhar publicidade, muitos outros corpos serão expostos à execração popular.
Enquanto a política entra em ebulição, a Lava Jato avança célere desmascarando corruptos e corruptores, o governo Michel Temer vacila sem segurança para promover as mudanças que o país reclama. Mal sabe ele que o Brasil tem pressa.
O PMDB, partido de Michel Temer, é a mais organizada e poderosa máquina de corrupção do país
Enquanto Dilma alimenta a esperança de voltar ao cargo, Michel Temer receia ser traído pelos senadores, abandonado pela fisiológica base na Câmara dos Deputados e torpedeado pela grande imprensa. É preciso negociar, distribuir cargos e benesses. Governar, mesmo, somente depois de sacramentado o impeachment da presidente afastada. Até lá, Temer finge que governa, o Brasil finge que tem presidente e tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.
Edésio Adorno é advogado militante em Mato Grosso, mora em Tangará da Serra. E-mail: [email protected]