por Pró-Vida
[11:15, 17/10/2023] Edmar: A Profª Eliziane dos Santos, coordenadora acadêmica do curso de graduação em gestão hospitalar da Faculdade Santa Marcelina, explica como essa relação entre assediador e assediado acontece de forma sutil: “O assédio moral se dá em duas fases: na primeira, a pessoa ainda não tem consciência que a agressão é direcionada exclusivamente a ela, em um segundo momento, a pessoa se percebe como alvo das atitudes maldosas”.
A falta de discernimento entre poder e autoridade são a origem da maior parte dos comportamentos abusivos. Isso porque, de acordo com Eliziane, geralmente o assediador ocupa uma posição superior à da vítima na empresa: “São pessoas inseguras, mas usam da relação hierárquica para sobressair. Eles têm comportamentos arrogantes e exploram o outro nas relações interpessoais”. A professora destaca que o sentimento de inveja e a necessidade de se sentir importante também podem estar presentes no assediador.
Essa forma de se relacionar pode ter resultados satisfatórios para o assediador em um primeiro momento. É comum o abuso da autoridade resultar em submissão, obediência e, inicialmente, na qualidade de trabalho mais satisfatória. Mas quando a vítima começa a sofrer as consequências do abuso, a produtividade pode cair. Além disso, em casos nos quais outros funcionários testemunham o abuso, a relação da equipe e o clima organizacional também são comprometidos.
O fator mais preocupante são as consequências que a vítima pode sofrer. Eliziane destaca que “a alteração do sono, dificuldades de se relacionar, estresse, síndrome do pânico e depressão podem ser observadas”. Além do comprometimento imediato à qualidade de vida do indivíduo, o acúmulo gradativo desses sintomas pode resultar em doenças psicossomáticas, que são desordens emocionais ou psiquiátricas que afetam o funcionamento dos órgãos do corpo.
É comum o abuso da autoridade resultar em submissão, obediência e, inicialmente, na qualidade de trabalho mais satisfatória
Com o equilíbrio emocional comprometido, muitas vezes o indivíduo é colocado em uma posição onde não vê com clareza que é vítima da situação. Por isso, se culpar e continuar a se submeter aos assédios são atitudes muito comuns, e a denúncia se transforma em uma opção distante, acobertada pelo sentimento de incompetência profissional e o medo de perder o emprego.
Como identificar o assédio moral e o bullying?
Por mais que tenham premissas parecidas, o assédio moral e o bullying não são a mesma coisa. O bullying é caracterizado por agressões repetitivas, comumente físicas. Além disso, nesse tipo de abuso há um desejo consciente da prática de exposição da vítima. Já o assédio moral é mais sutil e mascarado, por vezes disfarçado pela relação de poder intrínseca ao contexto corporativo. Outra diferença é que, nas ocorrências de bullying, identificam-se não apenas as agressões verbais no âmbito presencial ou nas redes sociais, como o cyberbullyng, mas a também conta com agressões físicas, sendo facilmente percebido pelos demais, enquanto no assédio moral, o comprometimento físico da vítima é decorrente das agressões psicológicas que afetam a à saúde mental, a autoestima e autoconfiança da vítima. Um exemplo da ficção que trata do assédio moral no trabalho é o filme “O Diabo veste Prada”.
De acordo com Eliziane, o assédio moral pode ser identificado por colegas de trabalho: “As mudanças nas relações interpessoais no ambiente de trabalho são o maior sinal de que aquele profissional está passando por algum problema. A postura adequada ao identificar tais mudanças é buscar entender o que está acontecendo, porque na dinâmica profissional, o clima se torna tenso”.
Vale destacar que, ao notar qualquer tipo de relacionamento abusivo no ambiente de trabalho, a atitude empática dos colegas pode fazer uma diferença essencial nas consequências sofridas pela vítima.
Resumindo:
Condutas mais comuns que caracterizam o assédio moral:
– Dar instruções confusas e imprecisas ao trabalhador;
– Bloquear o andamento do trabalho alheio;
– Atribuir erros imaginários ao trabalhador;
– Pedir, sem necessidade, trabalhos urgentes ou sobrecarga de tarefas;
– Ignorar a presença do trabalhador na frente dos outros;
– Fazer críticas e brincadeiras de mau gosto ao trabalhador em público;
– Impor-lhe horários injustificados;
– Insinuar boatos;
– Forçá-lo a pedir mudança de lotação;
– Pedir execução de tarefas sem interesse;
– Não atribuir tarefas;
– Retirar-lhe instrumentos de trabalho;
– Assediar a vítima somente quando eles estão a sós;
– Proibir colegas de falar com ele.
Quem agride:
– Um superior.
– Um colega de trabalho de mesma hierarquia.
Consequências do assédio moral para a empresa:
– Queda de produtividade;
– Alteração da qualidade do serviço e do produto;
– Doenças profissionais, acidentes de trabalho e danos ao equipamento;
Consequências para o assediado:
– Perda de motivação, criatividade, capacidade de liderança;
– Aumento da ansiedade, insegurança, depressão, entre outras doenças;
– Aumento das doenças profissionais e acidentes de trabalho;
O que a vítima deve fazer:
– Anotar com detalhes todas as humilhações sofridas;
– Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor;
– Evitar conversar com o agressor, sem testemunhas;
– Procurar o canal de denúncia do seu órgão
– Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para recuperação da autoestima, dignidade, identidade e cidadania.
Fontes: EcoDebate - site de informações, artigos e notícias socioambientais
BVS - Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde
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[11:17, 17/10/2023] Edmar: Bom dia tudo bom.....