Assessoria
Casal de assentados foi vítima de tortura na frente da filha de apenas 3 anos de idade devido à conflito agrário. A denúncia foi feita nesta quinta-feira, 2) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), mas o caso teria ocorrido na sexta-feira , 19, no Assentamento Raimundo Viera III, localizado na Gleba Gama, em Nova Guarita.
De acordo com a CPT, os assentados E.B e a esposa S.B foram mantidos em cárcere privado por capangas da família do fazendeiro Izairo Batista Braga, cuja propriedade foi desapropriada pela Justiça e dividida entre 12 famílias de assentados.
A comissão afirma que atualmente o fazendeiro é idoso, com mais de 70 anos, e as ameaças e agressões passaram a ser conduzidas pelo filho dele, Carlos Raposo Braga. Na sexta-feira, 19, acompanhado por capangas armados, Carlos Braga teria ido até a casa das vítimas e manteve a família sob a mira de armas, sendo torturadas em frente à filha de 3 anos de idade.
O casal recebeu chutes e socos sem poder reagir. Outros assentados tentar socorrer o casal, mas eram impedidas por disparos de armas de fogo. A Polícia Militar teria sido chamada, mas ao invés de auxiliar as vítimas e prender os torturadores fizeram ao contrário.
“O casal mora no primeiro lote, o mais próximo das terras do fazendeiro e foi alvo das agressões dos pistoleiros contratados pela família Braga”, conta o membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Inácio Werner.
“Hoje eles estão com muito medo, assim como as demais famílias que vivem constantemente em estado de tensão. Para piorar os policiais militares acabam invertendo os papeis”, critica Werner.
Devido à gravidade da situação Werner e integrantes da CPT foram ao assentamento, na segunda-feira , 21, promoveram reunião com membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), representantes do Incra e do PM e da Polícia Civil de Guarantã do Norte.
Na terça-feira, 22, houve reunião da CPT e do Conselho com o Ministério Público Estadual (MPE) em Terra Nova do Norte. Na quarta o fato foi comunicado ao Ministério Público Federal (MPF) em Sinop.