Quinta-feira, 06 de Fevereiro de 2025

Atualidades Sexta-feira, 13 de Setembro de 2019, 00:00 - A | A

13 de Setembro de 2019, 00h:00 - A | A

Atualidades /

Garimpeiro não é bandido; é trabalhador, diz presidente de cooperativa



Edemar Luiz Savariz
Mato Grosso do Norte

No dia 7 de setembro, garimpeiros que estavam trabalhando ao longo do Rio Teles Pires, na região de Alta Floresta, foram surpreendidos por agentes do IBAMA, que chegaram incendiando barcos, balsas, carros entre outros equipamentos. Até os documentos pessoais foram queimados e deixaram os garimpeiros isolados em uma ilha. 
“Garimpeiro não é bandido, ele é trabalhador. Se não fosse os índios ter socorrido eles não teriam para onde ir, eles queimaram até os carros particulares deles. Isso é aplicar a lei? Cadê os direitos humanos nesta situação? Infelizmente, direitos humanos é só para bandidos eles não vão lá defender o trabalhador”, Darcy Winter, presidente da COOPERALFA (Cooperativa dos Garimpeiros de Alta Floresta e região.
Darcy Winter disse que muitos garimpeiros trabalham na ilegalidade devido as questões burocráticas. “Para legalizar uma área para garimpo é caríssima e a demora é muito grande. Para legalizar, primeiro você tem que conseguir o subsolo, depois uma longa jornada para as licenças ambientais e depois disso tudo, ainda tem que conseguir o título autorizativo para extração pela ANM (Agência Nacional de Mineração) que é mais uma longa espera”, disse o presidente.
Darcy enfatiza que todo esse processo é muito demorado, o custo é muito alto e muitos acabam trabalhando na ilegalidade por falta de condições. “Os trabalhadores não podem ficar parados. Muitos não tem condições de gastar 20 ou 30 mil reais em um licenciamento ambiental, ficar um ano esperando o resultado e muitas vezes o órgão ainda diz que não tem recursos técnicos ou humanos para fazer uma vistoria da área para que seja emitido a licença. São pessoas que lutam para se manterem e suas famílias”, disse. 
Sobre a operação do IBAMA, Darcy explica que foi um caso isolado. “Não existe licenciamento para aquela área e nem meios para legalizar. Segundo consta, eles estavam trabalhando numa área indígena. Cada um que estava lá, estava por conta e risco, mas isso não dá o direito do IBAMA chegar queimando tudo”, esclarece.
“O IBAMA chegar em algum lugar para combater um crime ambiental e causar um crime ambiental ainda maior é um erro muito grave. Eles fizeram um papelão muito feio. Queimaram barco, balsa, com gasolina, óleo diesel e isso tudo foi para a água do Rio Teles Pires. Causaram um impacto ambiental muito maior do que essas balsas vem produzindo desde quando começaram a trabalhar”, enfatiza.

Darcy questiona as atitudes dos agentes do IBAMA. “Eu nunca vi uma casa ou um carro de um traficante de drogas sendo queimados, agora um trabalhador que está lá produzindo riquezas, comprando combustível, sustentando sua família, comprando no mercado, comprando peças, movimentando o comércio tem que perder o maquinário dele e ser tratado como bandido”, finaliza.

Darcy faz um alerta sobre a Amazônia e diz que os mato-grossenses tem capacidade para cuidar muito bem. “Podem ter certeza que o garimpeiro, pecuarista e o produtor rural tem muito mais cuidado com a nossa região, com as reservas legais, APPs do que qualquer outro que não é daqui”, disse.

Comente esta notícia

Rua Ivandelina Rosa Nazário (H-6), 97 - Setor Industrial - Centro - Alta Floresta - 78.580-000 - MT

(66) 3521-6406

[email protected]