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Atualidades Segunda-feira, 30 de Junho de 2025, 08:34 - A | A

30 de Junho de 2025, 08h:34 - A | A

Atualidades / Mortes de cachorros

“População não sabe o que fazer, então mata”, diz presidente de Associação

Denúncias apontam envenenamento próximo à estação de esgoto; falta de políticas públicas agrava crise no cuidado animal



Dionéia Martins
Mato Grosso do Norte

Denúncias recentes apontam novos casos de envenenamento de cães em Alta Floresta, nas proximidades da estação de tratamento de esgoto, sentido fazenda Anacã. Moradores relataram à reportagem o medo e a indignação diante do aumento nos episódios de maus-tratos, que se repetem tanto na zona urbana quanto em áreas rurais do município.

De acordo com relatos de pessoas que pediram para não ter seus nomes relevados, pelo menos sete cães foram mortos recentemente por envenenamento. O caso reacende uma preocupação antiga em Alta Floresta: o abandono sistemático de animais e a ausência de políticas públicas eficazes para lidar com o problema.

Essa não é a primeira vez que o município enfrenta uma onda de crueldade contra esses animais. Em 2019, a Polícia Civil chegou a investigar a morte de mais de 25 cães, vítimas de envenenamento com “chumbinho”, um veneno altamente tóxico e proibido para uso doméstico.

Outro ponto crítico está no lixão seco, onde casos de abandono continuam ocorrendo com frequência alarmante. Segundo Ismael, vigia do aterro, é comum que pessoas entrem com o carro, sigam até o fundo do terreno e deixem os animais para trás, sem que ninguém perceba na hora.

“Hoje vivem aqui quatro cachorros abandonados há mais de um ano. Tem ainda uma cadela que foi deixada faz três meses e agora pariu sete filhotes”, relata.

A manutenção dos animais no local depende exclusivamente da boa vontade de voluntários. “Uma vez por mês, a Associação Amamos Animais traz um saco de ração. Outros usuários do aterro também ajudam como podem”, conta Ismael.

Para Valéria Oliani, presidente da associação Amamos Animais, a situação está no limite. “Sempre houve mortes e sempre haverá, diante do cenário político que vivemos”, desabafa. Sem estrutura, apoio institucional ou campanhas regulares de castração, a ONG enfrenta dificuldades para lidar com a demanda crescente.

“O povo não aguenta mais nem a associação. Mas também não sabe o que fazer. Então, mata”, lamenta Valéria.

Segundo ela, não há canal efetivo de denúncia, o poder público não recolhe nem trata os animais e as campanhas de castração são raras e ineficazes diante da demanda.

Ela conta que já procurou o Ministério Público diversas vezes, mas não houve retorno prático. “Respondi quatro páginas ao MP. Pedi orientações. Não aconteceu nada”, afirma.

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