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Atualidades Quarta-feira, 06 de Março de 2024, 13:49 - A | A

06 de Março de 2024, 13h:49 - A | A

Atualidades / Alta Floresta

Professores e acadêmicos da Unemat realizam atos contra ataques de racismo

Alunos e professor negro da Unemat sofreram ataque racista em rede social e realizam protestos



Ilson Machado
Mato Grosso do Norte

Uma manifestação foi realizada no início da noite de segunda-feira, 4, em frente a Campus ll da UNEMAT [Universidade Estadual de Mato Grosso] em Alta Floresta, por alunos que foram vítimas de ataques e ofensas racistas em grupo de WhatsApp.
Na semana passada alguns integrantes de uma Atlética da faculdade, publicaram durante uma conversa virtual, mensagens e figurinhas de caráter preconceituoso. Nas figurinhas, haviam mensagens comparando pessoas negras à macacos.
As alunas Alícia, Dalila e Kézia e o Professor e advogado Vinicius Eduardo de Jesus, sentiram-se discriminados e resolveram registrar na polícia civil, um Boletim de Ocorrência contra os alunos acusados de cometerem atos racistas.
Apesar dos discentes responsáveis pelas publicações saberem que podem responder judicialmente pelas ofensas que promoveram, mensagens mais agressivas voltaram a ser publicadas esta semana.
Desta vez com tom de ameaça contra as alunas e, principalmente, contra o professor Vinicius, devido a sua religião e a sua orientação sexual.
A mensagem que se espalhou pelas redes sociais traz a seguinte frase: “três pretas e gay que é macumbeiro. Queimar galinha na encruzilhada pode, mas queimar preto não!”.
Com medo de que as palavras ameaçadoras possam se tornarem fatos, os alunos conclamaram a todos os demais estudantes da Unemat, para se reunirem no pátio da faculdade e realizaram a manifestação, repudiando as ofensas racistas, homofóbicas e de intolerância religiosa.

Os alunos foram para o protesto vestidos com roupas de cor preta. O professor Vinicius, que adapto da Umbanda fez questão de levar o grupo de umbandistas do qual ele faz parte, para mostrar quem em um país considerado laico, o ordenamento jurídico não pode se vincular a nenhum credo religioso.
“Por isso as pessoas são livres para confessarem sua fé, seja em qual religião for, o que torna a intolerância religiosa, um crime”, disse Vinicius.
“Lembrando da minha história, quando muitas vezes me mantive calado, eu juntei as forças que tive e pensei, nesse momento eu tenho poder. Sou advogado, sou formado, sou uma pessoa que consigo ir atrás dos meus direitos e dos direitos dos outros. E eu não vou deixar essa situação dessa forma”, disse à reportagem de Jornal Mato Grosso do Norte o advogado e professor.

Foto/ Mato Grosso do Norte

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 Professora Célia apoiou a manifestação

Consternada com a situação e solidária aos alunos vítimas de racismo, a professora Célia Regina Araújo Soares, efetivada há 26 anos na Unemat, faz questão de manifestar sua indignação.
“Esse episódio de racismo, na realidade não é episódico, porque a gente viu em várias falas, que ele é estrutural, ele aconteceu todos os dias. Seja ele, de forma mais expostas como aconteceu agora nesse grupo, como pelo olhar e pela forma de tratar. Então o racismo infelizmente, ele é estrutural!”, disse.
A professora afirma que não concorda e não é conivente com esse tipo de situação. E observa que tem participado de todas as iniciativas dentro da instituição para criar resoluções que possam coibir, cobrar e punir pessoas que venham cometer qualquer tipo de discriminação.
Já o professor Gustavo Caione, que está substituindo temporariamente Marco Antônio, no cargo de diretor Político, Pedagogo e Financeiro do Campus da Unemat em Alta Floresta, ressaltou que a instituição vai criar uma Comissão para analisar toda a situação e o que estiver dentro das resoluções, a Universidades tomará a medidas cabíveis.

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