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Atualidades Sexta-feira, 02 de Dezembro de 2022, 09:21 - A | A

02 de Dezembro de 2022, 09h:21 - A | A

Atualidades / Skateboard

Projeto Remando para Vida oferece aulas de skate gratuitas para crianças em Alta Floresta

A prática do esporte ajuda na coordenação motora, equilíbrio, confiança e melhora qualidade de vida



Natalia Emanoela Varela
Mato Grosso do Norte

Lucas Alexandre Ricardo, tem 36 anos, atualmente é casado, pai de três filhos e atua como instrutor de skate e coordenador no projeto Futuro em Alta Floresta. Começou a trabalhar socialmente com o esporte em 2009, no projeto Escola de Skate, na cidade de Curitiba-PR, na escola Maria Aguiar Teixeira, sua motivação inicialmente foi ensinar as crianças e tentar passar uma visão diferente sobre a prática do skate, visto que o esporte é bastante criminalizado pela sociedade e em algumas cidades e os skatistas são associados a marginais.

 Em entrevista ao Jornal Mato Grosso do Norte, o instrutor conta que na adolescência, época que morava em Curitiba, participou de vários torneios e competições de skate e que no ano passado levou alguns alunos para participar do circuito mato-grossense, e chegou até a segunda fase, realizada em Sinop, mas infelizmente sofreu uma pequena lesão. Porém, futuramente pensa em participar de novos desafios e instruir seus alunos a avançarem na prática também.

“Tenho muita inspiração pelo esporte, tenho vários amigos que começaram comigo desde novo em Curitiba, e hoje estão espalhados pelo país tentando viver do skate, o que não é muito fácil, principalmente no Brasil. Por mais que as olimpíadas tenham revolucionado o esporte, não foram todos que viram o campeonato, a cena do skate é muito mais presente na rua, de filmar e fotografar, ainda tem coisas que eu com 36 anos não consigo, mas o foco da inspiração é esse, é você correr atrás, treinar até conseguir. É incrível ver pessoas que estão na prática há anos ensinando as novas gerações e passando essa inspiração para elas,” expressa Lucas.

O Projeto Remando para Vida surgiu no ano de 2021, após Lucas e a família virem para Alta Floresta continuar o trabalho do sogro na zona rural que faleceu de Covid-19. Após passar um ano no campo, voltaram á cidade e pensaram em desenvolver um novo projeto voltado para o esporte. “Não conhecia outras pessoas que andavam de skate e percebi que a cidade não tinha um espaço apropriado para a prática. Comecei a andar na rua com o meu filho, porém recebíamos muitos olhares estranhos de algumas pessoas,” conta.

Atualmente o Projeto Remando para Vida acontece em conjunto com o Projeto Futuro, que atua há mais de 11 anos em Alta Floresta e oferecem aulas gratuitas de skate em três núcleos, no colégio Ludovico da Riva, localizado no bairro Vila Nova e na escola 19 de Maio, no bairro Boa Nova 1, também na pista de skate, na praça Cívica, no centro da cidade. De segunda a sábado, com dois horários por dia, com alunos de 7 a 17 anos de idade e conta com material de proteção apropriado para a pratica.

Lucas conta que acredita que um dos alicerces do projeto, além da prática do esporte, é ensinar os alunos que o skate em si é só uma ferramenta em que eles podem utilizar para se tornar pessoas melhores na vida, e entender os princípios e valores para que possam aplicar isso no dia a dia. O objetivo é transformar a realidade dos alunos e mostrar uma nova visão sobre as coisas, sobre tentar errar, se esforçar, as vezes se machucar e conseguir alcançar. E para a sociedade, mostrar que o esporte não tem mais a mesma visão marginalizada de antigamente.

“Também é a gente conseguir demonstrar e ensinar um pouco sobre amor, o cuidado que cada um deve ter com si mesmo ao aprender uma atividade nova. Tem dias  que a criança fica o momento todo em casa assistindo TV ou mexendo no celular, enquanto os pais estão na correria do dia a dia, eu mesmo fui criado assim. é importante dar esta opção para a criança e incentivar ela a participar de uma atividade física, onde possa melhorar a qualidade de vida e fazer amizade com outras crianças,” explica.

No início, em associações de bairros, por conta do espaço limitado as aulas atendiam cerca de 10 a 12 crianças. No início de 2022, por conta do período de chuva solicitaram o apoio das escolas, visto que as quadras são cobertas e tem um espaço mais amplo, aumentando também o número de alunos e chegando na faixa de 30 participações por aula, totalizando aproximadamente 90 crianças e adolescentes.

A pratica do esporte ajuda bastante no desenvolvimento da criança, na coordenação motora, desenvolvimento da saúde, força, equilíbrio, agilidade e principalmente na questão emocional, ensinando perseverança e determinação ao tentar executar uma manobra. O instrutor explica que o desenvolvimento da confiança em si mesmo cresce bastante, ainda mais se a criança tem com quem compartilhar, aprender e ensinar sobre suas conquistas.

A inclusão do esporte nas olimpíadas ocorreu em Tóquio em 2020, porém só foi realizada em 2021, com um ano de atraso por conta da pandemia do Covid-19. Lucas descreve como esta conquista revolucionou o mundo dos skatistas, sendo mais respeitados e havendo mais procura pela a pratica. “Existe uma luta dentro deste esporte, da mesma forma que existe skatistas que acharam legal a inclusão, existem muitos que não gostaram, mas sem dúvidas, o crescimento e visibilidade que o esporte alcançou no último ano foi incrível. Em Alta Floresta, ainda neste ano foi inaugurada a quadra de skate na Praça Cívica, o que aumentou o número de pessoas se interessando pela pratica, a comunidade do skate agradece,” finaliza o instrutor.

Foto/Lucas Alexandre/Arquivo pessoal

Skate

 

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