José Vieira
Mato Grosso do Norte
No século 21, o lixo produzido pela população continua sendo um desafio em grande parte dos municípios brasileiros, que ainda não fazem a destinação ambientalmente adequada. A coleta seletiva é feita em poucas cidades e a maioria desconhecem o Plano Nacional dos Resíduos Sólidos, regulamentado em 2010.
Lixos orgânicos e resíduos sólidos são descartados em desacordo com os critérios ambientais, em lixões que continuam predominando, pois os aterros sanitários estão longe de ser uma realidade na maioria dos municípios.
Se a população das cidades enfrenta dificuldades em dar para o lixo que produz a destinação ambientalmente sustentável, por falta de alternativas do poder público, imagina quem mora nas zonas rurais?
Muitos municípios brasileiros já começaram a coletar o lixo em suas zonas rurais, criando pontos de coletas e incentivando os moradores a levarem até lá o seu lixo. E outros, discutem a implantação deste serviço.
Para promover este importante debate, Mato Grosso do Norte inicia uma série de reportagens sobre como é destinado o lixo gerado pelas famílias das comunidades rurais de Alta Floresta, e de pequenos aglomerados existentes no município.
Assim como na cidade, o morador da zona rural tem percepção acerca da importância da coleta seletiva do lixo, principalmente dos resíduos sólidos e demais materiais que impactam e poluem o Meio Ambiente.
Entretanto, o morador da zona rural ainda não tem alternativas ofertadas pelo poder público municipal, para destinar adequadamente o lixo que produz.
Mato Grosso do Norte entrevistou moradores da Comunidade Outro Verde que relatam de que forma fazem a destinação do lixo.
O professor Elio Egewarth, diretor da Escola Ouro Verde, explica como faz, tanto na escola que dirige, como em sua residência. “Na Escola, o Plástico, isopor e o papel, são separados e guardados em sacos grandes de lixo em área coberta. E quando forma um volume considerável, queimamos. Então, tanto na minha casa como na escola, esse material é queimado. Mas é queimada seco, em dias quentes, para não dar muita fumaça!”, disse.
Restos de comida na escola, conforme Hélio, são rerecolhidos por um funcionário em um balde com tampa. Porém, evidência que a sobra é pouca porque é feito um trabalho para evitá-las. “Na minha casa, o lixo orgânico, como resto de comida, é jogado em um local para fertilizar o solo, degradando naturalmente”, explica.
O lixo sólido da escola, como alumínio, segundo o professor, é doado em troca de ser retirado do local. E em sua residência, ele diz que junta e tem um comprador para este material.
Ele conta que a escola Outro Verde tem um tambor de 50 litros e recebe pilhas e baterias dos moradores da comunidade, que queiram fazer o descarte neste recipiente. “Os alunos e os pais trazem esses materiais e depositam no tambor. Quando encher, vamos dar o destino certo para este lixo”, enfatiza.
Moradores da zona rural de Alta Floresta não contam com serviço de coleta de lixo. Sem alternativa de descarte, o lixo geralmente é queimado em buracos
“O grande problema é o vidro. No caso da escola, a gente vai guardando num recipiente separado e quando forma um volume maior é levado para o Lixão. Já as lâmpadas são guardadas separadas para dar um destino reverso. Tem locais em Alta Floresta que recebem lâmpadas”, disse Elio.
Elio diz que se o morador seguir essas regras, não haverá grandes impactos com o lixo produzido pelas famílias que moram na zona rural.
“Depende do capricho de cada um e do zelo do proprietário. Cada casa é uma situação. Tem gente que é caprichosa, outros que é meio derramado”, acentua.
O professor sugere que, pelo menos uma vez por ano, a prefeitura deveria passar nas comunidades para coletar os vidros, lâmpadas, pilhas e baterias.
O pioneiro da Ouro Verde, Antônio Rosa, um dos primeiros moradores da comunidade, disse que o lixo de sua residência é todo queimado, porque o morador não tem outra alternativa ofertadas pelo poder público, para destiná-lo.
No entanto, reconhece que essa forma não é sustentável e traz consequências para o Meio Ambiente, principalmente porque o lixo é queimado todo misturado. “A gente queima até o papel higiênico”, disse.
Foto: Mato Grosso do Norte
Antônio Rosa cobra coleta
Antônio avalia que, ao logo de décadas, toneladas de lixos foram jogadas no Meio Ambiente. Segundo ele, que materiais como pneus, plásticos e outros descartes domésticos, às vezes ficam jogados em algum lugar nas proximidades da residência, e na maioria das vezes, acabam indo parar no Ambiente.
Para ele, a prefeitura deveria apresentar alguma solução para a população neste sentido. “Aqui é uma vila com muitos moradores e a prefeitura deveria encontrar um meio de fazer a coleta, principalmente agora que está sendo feito o asfalto, fica mais fácil de vir um caminhão pelo menos uma vez na semana”, sugere.
Foto: Mato Grosso do Norte
Morador Fernando Almeida
Fernando de Almeida, morador há 36 anos da Comunidade Outro Verde, disse que em sua residência, as garrafas pets e vidro, são juntados em um local, e quando tem uma determinada quantidade, ele traz para a cidade para levar para o lixão. Já o material reciclável, como alumínio, cobre e latinhas de cerveja são comercializados.
Quanto o lixo doméstico, como plásticos e papeis, são queimados. No entanto, a situação preocupa o morador, que diz entender que os métodos errôneos de descarte do lixo nas comunidades rurais, degradam o Meio Ambiente.
Segundo ele, a quantidade de lixo produzida por uma família, é grande. “Vai juntando e queimando. Mas fica restos desses produtos na terra e a fumaça produzida na queima, acredito que são tóxicas e também afeta o Ambiente”, diz Fernando.
“Temos que cuidar do Meio Ambiente. Entendemos isto! Queimar e jogar o lixo em qualquer local, degrada o Meio Ambiente, porque este lixo acaba indo parar nos rios. Cabe a prefeitura apresentar solução para os moradores”, aponta.
Na maioria das residências, os moradores tem um buraco feito no chão onde queimam o lixo.