Reportagem/ Mato Grosso do Norte
Aos 93 anos, o topógrafo Antônio Nunes Severo Gomes, é um dos poucos remanescentes entre os que participaram da implantação de Alta Floresta, na década de ‘70’. Apesar da idade, ele é muito lúcido e relembra com detalhes a convivência com o colonizador Ariosto da Riva, que lhe convidou para participar do projeto, fazendo o traçado topográfico da região.
Ele já estava na região norte de Mato Grosso, trabalhando nos serviços de topografias da BR-163, desde 1970. Era uma época de muitas dificuldades a serem superadas pelos trabalhadores.
“Primeiro partia a equipe de topografia. Os trabalhadores iam sem máquinas e chegavam a ficar 40 dias isolados no meio da mata. Eles seguiam na frente para identificar o traçado da rodovia. Atrás seguiam militares e civis que trabalhavam na construção. Os alimentos eram jogados de avião”, lembra Severo.
O traçado da BR-163, conforme Severo, havia chegado na Serra do Cachimbo, quando recebeu o convite de Ariosto, em 1972. E como gostava de novos desafios, decidiu aceitar a proposta.
Segundo ele, Ariosto da Riva enfrentava dificuldades com trabalhadores que havia trazido do Sul e o trabalho não se desenvolvia da forma desejada.
“Acabei vindo para cá a pedido também do Coronel Meireles. Cheguei em Alta Floresta no dia 15 de abril de 1974. Comecei fincando a estaca zero da estrada que hoje é a MT 208. Passamos a Quaresma daquele ano no mato, fazendo exploração para começar o trabalho", disse Severo.
O topógrafo lembra que começou a trabalhar para o seu Ariosto da Riva em abril de 1975, um ano depois de sua chegada à região. Recorda que o lote de Alta Floresta adquirido por Ariosto através de licitação, era uma área de 400 mil hectares. E onde antes o que era mata fechada deu lugar a cidade Alta Floresta.
Severo assegura que foi quem abriu as primeiras picadas, construindo a clareira onde hoje a cidade se localiza. Depois, observa que as famílias pioneiras começaram a chegar, a cidade foi crescendo e chega agora ao 49 anos. “Seu Ariosto iria gostar se estivesse aqui, para ver a cidade que Alta Floresta se transformou. Quanto a mim, estou muito feliz de fazer parte da história. Parabéns a todos!”, diz Severo que atualmente passa a maior parte de seu tempo na cidade de Apiacás.
