Sábado, 27 de Julho de 2024

Caderno B Segunda-feira, 27 de Abril de 2015, 00:00 - A | A

27 de Abril de 2015, 00h:00 - A | A

Caderno B /

No meio do caminho

Jornal Mato Grosso do Norte



por Anna Bittencourt

TV Press

      Crescer na tevê é uma arte. Mas nem sempre ganhar corpo e papéis mais complexos é garantia de maturidade profissional. Marina Ruy Barbosa que o diga. Nas densas cenas como a Malvina de "Amorteamo", série que a Globo estreia no próximo dia 8 de maio, ou nas sequências cheias de sensualidade da recém-finalizada "Império", a atriz brilha por sua beleza e carisma frente as câmaras. Mas nos bastidores, ao falar desses trabalhos de forma madura e ciente da trajetória que está formando, Marina demonstra suas inseguranças e fragilidades. A cada pergunta mais "afiada", Marina se esquiva. "Não quero falar de cabelo. Vamos para o próximo ponto?", pergunta, ansiosa. Dona de exuberantes fios ruivos, ela já se viu no meio de uma polêmica por não querer cortá-los em "Amor à Vida". Em "Amorteamo" foi salva pelo gongo. Como o início das gravações da série coincidiram com a reta final de "Império", duas perucas pretas foram usadas para dar o ar "dark" de Malvina. "Foi só por uma questão de continuidade", jura.

      Na série de Cláudio Paiva, Guel Arraes e Newton Moreno, a atriz dá vida a uma noiva cadáver. Após ser abandonada no altar por Gabriel, interpretado por Johnny Massaro, Malvina se lança de uma ponte e morre. Culpado, Gabriel viola seu túmulo e a leva de volta para casa. A partir daí, todos os mortos da fantasiosa cidade de Recife do Século XX voltam ao convívio. Para compor o lado sombrio de sua personagem, Marina conta que assistiu a filmes como "A Órfã", "Carrie, a Estranha" e a animação "A Noiva Cadáver". "Queria entender esse fascínio pela morte mesmo antes de morrer, que ela carrega desde a infância", justifica, antecipando que a provável causa é a precoce e inexplicada morte da mãe de Malvina. Além disso, o processo de caracterização foi fundamental para que ela concluísse a construção do papel. "Me ver tão diferente de mim mesma e da Maria Ísis foi um grande exercício", conta ela, fazendo referência à sua personagem de "Império".

      Emendar dois trabalhos e, consequentemente, não ter muito tempo de preparação para viver a antagonista de "Amorteamo" não foi um problema para a atriz. "Gosto do melodrama, ainda mais com uma temática diferente. É uma experiência que me fez sair da zona de conforto, não sei quando teria a oportunidade de fazer outra coisa desse tipo na tevê", justifica. O processo de gravação também foi um dos atrativos para que Marina aceitasse de imediato estar no projeto. Além de querer se aventurar nas séries – "braço" da teledramaturgia que nunca tinha experimentado –, os elementos usados pela diretora Flávia Lacerda também chamaram a atenção da atriz. "Gravei muito com 'chroma key', sem cenário. É muito complicado, dificulta muito não visualizar onde você está", protesta, contando que também usou cabos de aço para cenas com altura. Mas, segundo ela, o pior foi a sensação de estar sendo enterrada, com direito a vento e chuva forte. "Depois disso, nada mais me assusta", diz, entre risos, mas deixando claro que a sensação foi das piores possíveis.

      Com participações quase anuais desde que estreou na tevê, em 2002, Marina garante não se preocupar com o chamado "descanso de imagem". "Todo trabalho tem sido importante para que eu aprenda e me transforme como atriz", valoriza. Por isso, ela já acertou sua participação em "Totalmente Demais", novela das sete prevista para ir ao ar no segundo semestre. Pontuando papéis mais maduros, desta vez ela fará par romântico com Fábio Assunção. "Essa transição de menina para mulher pode ser muito complicada. Mas para mim foi ótimo, em uma novela consistente, como 'Império', com uma personagem forte e em um momento bacana para mim", finaliza.

       

Na marra

      Natural do Rio de Janeiro, Marina estreou na tevê em "Sabor da Paixão" com apenas sete anos. Ela é mais uma que reforça a tese do "aprender fazendo". Sem nenhuma formação acadêmica nas Artes Cênicas, a atriz conseguiu desempenhar bons papéis e imprimir certa personalidade em seus trabalhos. "Claro que quero fazer cursos, estudar mais... Mas nunca dá tempo. Então, a minha ferramenta é mergulhar fundo e estudar muito para as personagens", afirma.

      Com 19 anos e dez novelas no currículo, Marina está cada vez mais ciente do caminho que quer trilhar na tevê. Sempre convidada para novos personagens, ela garante que isso não tira seus pés do chão. "Não tenho feito testes. Não que nunca mais vá acontecer. Estou aberta a tudo", jura. E admite que é uma preocupação diversificar seus trabalhos na teledramaturgia. "É desejo meu e de todos os atores. Mas, infelizmente, não depende só dá gente", lamenta.

 

Instantâneas

# Marina acha graça da falta de sorte de sua personagens com o casamento. "Primeiro peguei fogo, depois morri, agora sou a noiva cadáver. Se tem casamento que dá errado, pensam logo em mim", diz, aos risos, citando "Morde & Assopra", de 2011, e "Amor à Vida", de 2013.

# A atriz chegou a prestar vestibular para Comunicação Social, mas o intenso ritmo de gravações não permitiu que ela cursasse a faculdade.

# Marina é contratada da Globo desde "Belíssima", em 2005, sua terceira novela na emissora.

# Para "Império", ela contou com a ajuda de um psicanalista para compor o perfil de Maria Ísis. Segundo ela, era fundamental que a personagem tivesse um tom realista. "Também ajudou a compreender as mudanças ao longo da trama", explica.

Comente esta notícia

Rua Ivandelina Rosa Nazário (H-6), 97 - Setor Industrial - Centro - Alta Floresta - 78.580-000 - MT

(66) 3521-6406

[email protected]