por Eduardo Rocha
Auto Press
A AMG pode perder os anéis, mas quer manter a esportividade. Com a aproximação do prazo final para a produção de motores a combustão (por enquanto, está estabelecido como 2035), as marcas europeias ainda buscam uma forma de solucionar a equação de viabilizar economicamente a eletrificação, ao mesmo tempo em que são assediados comercialmente pelos chineses. Mas nos segmentos mais altos, o custo da eletrificação não é tão decisivo. E é por conta dessa condição especial que a preparadora da Mercedes-Benz decidiu criar uma nova arquitetura para veículos elétricos de alto desempenho. E o primeiro resultado palpável é o Concept AMG GT XX.
Trata-se de um hiperesportivo com mais de 1 mil kW de potência máxima, ou 1.360 cv. Essa nova arquitetura, batizada de AMG.EA (AMG Electric Architecture), é capaz de recarregar energia para 400 km de autonomia, no ciclo europeu WLTP, em cerca de cinco minutos. Segundo a marca, o conceito é uma prévia para um futuro automóvel esportivo de quatro portas da Mercedes-AMG – uma espécie de Porsche Taycan vitaminado. O GT XX tem três motores de fluxo axial e uma inovadora bateria de alto desempenho.
A base tecnológica foi desenvolvida pela britânica YASA – uma subsidiária 100% da Mercedes-Benz AG especializada em motores elétricos. Para a aplicação no GT XX e, futuramente, em outros modelos de produção em série da fabricante, o conceito foi levado a um novo patamar de desempenho. Os motores elétricos proporcionam alta potência em um pacote extremamente compacto e já está confirmado que vão entrar em produção futuramente.
O Concept AMG GT XX é capaz de atingir velocidades máximas acima de 360 km/h. Como os motores fornecem potência de forma contínua, o modelo pode ser levado ao limite repetidamente, um desempenho antes considerado quase impossível no universo da mobilidade elétrica. A bateria permanece dentro de uma faixa ideal de temperatura mesmo em condução intensa, o que possibilita também carregamento ultrarrápido.
Os motores de fluxo axial oferecem diversas vantagens: são significativamente mais compactos, leves e, acima de tudo, mais eficazes do que os motores elétricos convencionais, de fluxo radial, com uma densidade de potência três vezes maior. Ao mesmo tempo, são 60% mais leves e ocupam 33% do espaço. Nesse propulsor, o fluxo eletromagnético corre paralelo ao eixo de rotação, enquanto em um motor elétrico convencional esse fluxo corre perpendicular ao eixo. Cada um dos dois motores traseiros mede cerca de oito centímetros de largura.
Na parte dianteira, o motor compõe um conjunto com uma transmissão de engrenagem reta e um inversor. Esse motor elétrico dianteiro atua como um booster e só entra em ação quando potência ou tração adicional são exigidas. Caso contrário, ele é desacoplado do sistema para reduzir perdas por arrasto e aumentar a eficiência. Durante acelerações e processos de recuperação de energia, ele é acoplado novamente para o máximo desempenho.
Com uma silhueta dinâmica fastback, capô longo e baixo e para-brisa fortemente inclinado, o GT XX deixa evidência sua vocação esportiva. A grade frontal característica da AMG, com dez barras verticais, é um elemento clássico do design da preparadora. O contorno, no entanto, evoluiu para um formato oval e côncavo. O capô possui duas saídas de ar, cada uma com duas aletas. Elas liberam o ar quente dos módulos de resfriamento horizontais localizados na parte frontal, otimizando o fluxo de ar do sistema de refrigeração.
O capô envolve toda a dianteira até os arcos das rodas, reforçando o visual esportivo. Visto de cima, o habitáculo aerodinâmico afunila em direção à traseira. Os arcos das rodas traseiras também fluem de forma orgânica a partir das laterais. Outro elemento de design na traseira é o difusor largo em fibra de carbono aparente, que se projeta para baixo em ambos os lados. Sua função é aumentar o downforce e aumentar a estabilidade da traseira em altas velocidades. O coeficiente de arrasto aerodinâmico é de 0,198 Cx – a 300 km/h, 83% da energia de propulsão é usada para vencer a resistência do ar.
O interior traz apenas o essencial, sem abrir mão de materiais luxuosos. O habitáculo é predominantemente em preto, com detalhes prata e laranja que enfatizam o foco nos elementos técnicos. O cockpit traz duas telas integradas, é totalmente voltado para a condução. O veículo e todos os seus instrumentos são controlados por dois grandes displays LCD: o painel de instrumentos sem revestimento de 10,25 polegadas e a tela multimídia touch de 14 polegadas.