Quarta-feira, 02 de Julho de 2025

Carros Segunda-feira, 30 de Junho de 2025, 09:42 - A | A

30 de Junho de 2025, 09h:42 - A | A

Carros / BYD DOLPHIN MINI

Como uma onda

BYD Dolphin Mini aposta no custo/benefício para roubar vendas mercado dos compactos tradicionais



por Eduardo Rocha
Auto Press

A estratégia de ocupação da BYD começou com o médio-compacto Dolphin no final de 2023 e deu tão certo que a marca chinesa resolveu ser ainda mais agressiva e lançou o compacto Dolphin Mini no início de 2024. Na verdade, o nome original do compacto era Seagull, ou gaivota, já que segue o estilo de design Ocean da marca, mas para pegar carona no sucesso, a marca apenas acrescentou Mini ao nome – coisa que a BMW, dona da marca inglesa Mini, não gostou nem em pouco. De qualquer forma, a iniciativa deu certo. Com um preço 20% menor que o do Dolphin – R$ 115.800 para a versão de quatro lugares –, logo passou a vender 50% mais. Em 10 meses de 2024, foram quase 22 mil emplacamentos. Em 2025, vem mantendo a média de 2.200 vendas mensais.                

O preço, no entanto, não é o único atrativo do Dolphin Mini. Como outros modelos 100% elétricos da marca, ele é construído sobre a plataforma E-3.0 da BYD, que no caso integra uma bateria Blade, com módulos em forma de lâmina, de 38 kW, o que permite uma autonomia de até 280 km, segundo os critérios do InMetro. Ele tem 3,78 m de comprimento, 1,72 m de largura, 1,58 m de altura e 2,50 m de distância entre-eixos, com capacidade de porta-malas de 230 litros. Ou seja: é tipicamente um carro urbano, ligeiramente menor e com preço 10% maior que rivais a combustão com câmbio automático.                

O perfil em gota diferencia o modelo em relação a outros modelos que seguem o mesmo conceito estético Ocean, já que o Mini tem linhas mais angulares, embora a linha de cintura remeta a uma onda. As linhas na parte frontal fazem referência a asas de gaivota. Outro elemento que chama a atenção é o pequeno painel na coluna traseira, que funciona como uma extensão das janelas e cria o aspecto de teto flutuante – o que aparece pouco na unidade avaliada, com pintura preta. Elementos aerodinâmicos, como o spoiler sobre o teto e o para-brisa grande bem inclinado dão um ar agressivo ao modelo. Os faróis e lanternas são full led e as rodas de 16 polegadas calçam pneus 175/55.                

O motor tem 75 cv de potência e 13,8 kgfm de torque, acoplado a uma transmissão automática de velocidade única e reversão na ré com tração dianteira. A recarga pode ser feita em corrente contínua a até 40 kWh e em alternada até 6,6 kWh. A máxima é limitada a 130 km/h e aceleração de zero a 100 km/h é feita em 14,9 segundos. Ele conta com frenagem regenerativa e tem quatro modos de condução: para terrenos de baixa aderência e os tradicionais Eco, Sport e Normal.                

No interior, o modelo ostenta elementos que já caracterizam os modelos da BYD, com design original, materiais que imprimem boa qualidade e revestimentos sintéticos – aqui, com aspecto pouco requintado. No console frontal, a central multimídia traz a tela rotativa com 10,1 polegadas, tem GPS nativo e faz espelhamento sem fio através de Apple CarPlay e com cabo de Android Auto. Detalhes de acabamento em azul nos consoles central e frontal, painéis de porta e banco dão um ar jovial ao carrinho.                

Uma das atrações do Dolphin Mini é a boa lista de equipamentos. Ele inclui seis airbags, câmera e sensores traseiros, controle de cruzeiro, direção elétrica, frenagem regenerativa, banco do motorista com ajuste elétrico, ar-condicionado digital, painel digital de 7 polegadas, banco traseiro com reclinação e sensor de luminosidade, um volante multifuncional com ajuste duplo e chave presencial. Ou seja: consegue competir mesmo com modelos com motorização convencional.  

Ponto a ponto

Desempenho –O Dolphin Mini foi pensado como um carro urbano, racional e prático. E a performance reflete exatamente isso, com zero a 100 km/h em 14,9 segundos e máxima de 130 km/h. Esses números explicitam que os 75 cv de potência trabalham no limite para mover os mais de 1.200 kg do carro, o que é sentido principalmente em vias expressas ou rodovias – a relação peso/potência fica na casa de 16,5 kg/cv. Em compensação, o torque de 13,8 kgfm, além de instantâneo, é superior aos modelos com motor 1.0 aspirado – que têm em média 10 kgfm. Isso significa que as arrancadas e acelerações até 60 km/h, típicas de ambientes urbanos, são mais vigorosas. Nota 8.

Estabilidade – A bateria, que pesa perto de 200 kg, é instalada entre os eixos. Assim, o centro de gravidade do modelo é bastante baixo e mostra grande neutralidade em curvas e retas, mesmo em velocidades mais altas. A reduzida distância para o solo, de 11 cm, obriga um acerto de suspensão bem rígido, pois o curso da suspensão é bastante curto, o que incrementa ainda mais a estabilidade. A direção elétrica é leve, mas não anestesia muito as reações no volante. Nota 9.

Interatividade – A Dolphin Mini mantém uma certa originalidade da concepção dos comandos, como é característico da BYD, mas não são difíceis de decifrar. O painel digital de 7 polegadas traz as informações básicas imediatas, como autonomia, consumo elétrico, velocidade e odômetro. Já a tela da central multimídia, rotativa e com 10,1 polegadas, espelha celulares sem fio e tem como complemento um carregador por indução no console central. Logo abaixo, um pequeno cilindro concentra comutadores para câmbio, modos de condução, ar-condicionado, volume do som etc – complementado pelos botões no volante multifuncional. Nota 8.

Consumo – Segundo o InMetro, o Dolphin Mini tem autonomia de 280 km no ciclo misto pelo novo sistema de medição do PBEV que é mais próximo do que se obtém no uso normal, com a bateria de 38 kWh. O consumo médio é de 0,41 Mj/km, com equivalência de 58,6 km/l na cidade e 41,9 km/l na estrada. Em um carregador de corrente alternada, leva em média 7 horas para recuperar até 80% da carga. Em carregador de corrente contínua, pode elevar a carga de 30 para 80% em 30 minutos. Nota 10.

Conforto – O Dolphin Mini é tipicamente um carro urbano, mas não foi projetado para as cidades brasileiras, com valões, bueiros desnivelados, remendos malfeitos ou simplesmente buracos. Em asfalto liso, o conforto de rodagem é irretocável, mas na realidade cotidiana, os solavancos são repassados quase sem filtro para os ocupantes. O isolamento acústico também deixa passar os ruídos de rolagem, mas como o motor é silencioso, é possível manter uma conversa em tom civilizado mesmo em velocidades mais altas. Nota 7.

Tecnologia – O Dolphin Mini usa a mesma arquitetura modular e-Platform 3.0, aplicada em praticamente todos os modelos elétricos compactos e médios da BYD vendidos no Brasil. O modelo não traz recursos ADAS, como frenagem autônoma ou centralizador de faixa, mas conta com tecnologias como chave presencial, banco do motorista com ajuste elétrico, sensor de luz, câmera de ré, sensor traseiro e controle de cruzeiro. Traz ainda seis airbags, freio de estacionamento de acionamento eletrônico, luz de circulação diurna, ar-condicionado automático e monitoramento de pressão dos pneus. Nota 8.

Habitabilidade – Pelas dimensões internas e capacidades, o Dolphin Mini pode ser classificado como compacto – mesmo com um porta-malas de 230 litros, menor que a média do segmento. O espaço interno, por outro lado, é compatível com o de Volkswagen Polo, Fiat Argo ou Hyundai HB20 – mesmo compensa o entre-eixo ligeiramente menor com uma parte mecânica mais compacta, que rouba menos espaço. Nota 7.

Acabamento – O Dolphin Mini é um modelo de entrada e o acabamento reflete isso. Bancos, painel e áreas de toque têm revestimento sintético, que é resistente, mas não refinado. Os encaixes são bons e os materiais são mais caprichados que os usados em modelos de entrada de outros compactos. Nota 8.

Design – O Dolphin Mini segue o estilo de design Ocean, da BYD, marcado por linhas ascendentes e sutilmente sinuosas. Trata-se de um hatch compacto com muita personalidade pela coluna dianteira angulosa, o perfil cortado por traços diagonais e traseira gorducha, com para-lamas largos e lanternas que cortam o carro de fora a fora. Combina ousadia e simpatia. Nota 9.

Custo/benefício – O Dolphin Mini para quatro passageiros custa R$ 118.800, preço na mesma faixa de compactos com o mesmo nível de equipamentos e que puxou para baixo os valores de modelos elétricos – caso do Renault Kwid, que hoje custa R$ 99.990, mas custava R$ 146.900 em 2022. Ainda assim, o maior volume de equipamentos ainda torna a relação custo/benefício do Dolphin Mini superior. Nota 8.

Total – O BYD Dolphin Mini obteve 82 pontos de 100 possíveis.  

Impressões ao dirigir

Urbanidade natural                

O Dolphin Mini surpreende quem se prende às informações absolutas da ficha técnica. Afinal, são 75 cv, potência típica de modelos 1.0 aspirados, e tem torque de 13,8 kgm, para um modelo que pesa mais de 1.200 kg. Quando se acelera, porém, além do discreto zumbido produzido para chamar a atenção em baixas velocidades, há o impacto do torque total a partir do primeiro metro. Não se trata de uma aceleração daquelas que pressionam o corpo contra o encosto, mas é capaz de deixou os demais carros para trás nos semáforos. E a não ser pelo tal zumbido de alerta, essa movimentação é feita de forma bastante silenciosa.                

Essa característica deixa o Mini bastante ágil em meio ao trânsito urbano. Não há nem medida de comparação nesse sentindo com um compacto com motor 1.0 aspirado, que é cerca de 200 kg mais leve. Essa diferença corresponde exatamente ao peso da bateria que fica entre os eixos e dá à dinâmica do compacto da BYD um comportamento de kart, especialmente nos contornos de curva. A suspensão, inclusive, apresenta uma certa aridez, bastante sentida quando se enfrenta pisos um pouco mais irregulares. Os amortecedores têm pouco curso e a pequena distância para o solo, de apenas 11 cm, não dá margem para mais. Ou seja: não se adequa a aventuras em caminhos ruins.                

Por dentro, o Dolphin Mini oferece um bom espaço para cabeças e pernas, além de confortos como piso plano, ajustes elétricos do banco do motorista, central multimídia com tela rotativa, banco traseiro reclinável etc. A versão avaliada foi a de quatro lugares e o espaço traseiro bastante adequado para dois adultos, sem exigir sacrifícios dos passageiros da frente. Além de bom manuseio, o Dolphin Mini mostrou agilidade e eficiência. A pesar dos rigores do InMetro, o consumo apresentado em uso urbano permitiria que o carrinho passasse facilmente de 350 km de autonomia.  

Ficha técnica

BYD Dolphin Mini

Motor: Elétrico, síncrono de imãs permanentes.

Transmissão: Uma marcha à frente e uma a ré. Tração dianteira. Traz controle eletrônico de tração e estabilidade de série.

Potência: 75 cv. Torque: 13,8 kgfm.

Aceleração de zero a 100 km/h: 14,9 segundos.

Velocidade máxima: 130 km/h.

Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com amortecedores hidráulicos e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos verticais. Controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 175/55 R16 com kit de reparo.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Freios ABS com EBD e assistência de partida em rampa e freios regenerativos.

Carroceria: Hatch compacto em monobloco com quatro portas e quatro lugares. Com 3,78 metros de comprimento, 1,72 m de largura, 1,58 m de altura e 2,50 m de distância entre-eixos. Distância livre para o solo de 11 cm. Airbags frontais, laterais e de cabeça de série.

Peso: 1.239 kg.

Capacidade do porta-malas: 230 litros.

Bateria: Com 38 kWh de capacidade. Portas de carregamento AC type 2 com 6,6 kWh de capacidade e DC CCS 2 com 40 kWh de capacidade. Autonomia na norma InMetro PBEV: 280 km.

Produção: Changsha, China.

Lançamento do modelo no Brasil: fevereiro de 2024.

Preço: R$ 115.800.

Álbum de fotos

Comente esta notícia

Rua Ivandelina Rosa Nazário (H-6), 97 - Setor Industrial - Centro - Alta Floresta - 78.580-000 - MT

(66) 3521-6406

[email protected]