Eduardo Rocha/ Auto Press
Inevitavelmente, a tecnologia bio-hybrid adotada pela Fiat aumenta o custo dos modelos. Mas a fabricante fez as contas e percebeu que podia se apoiar no CTA, ou custo total de aquisição, nos principais mercado do país para emplacar seus modelos. Diversos estados oferecem redução e até isenção de IPVA para automóveis híbridos.
São Paulo e Brasília, por exemplo, o imposto é zerado. No Rio, a alíquota cai de 4 para 1,5% do valor do veículo. Já Minas tem uma regra bem casuísta: veículos produzidos no estado são isentos, já os demais pagam 4%. Exatamente o caso do Fastback Impetus.
Por conta desses incentivos, a versão que custa R$ 169.330, e é o híbrido mais caro da marca, consegue uma redução de até R$ 6.800 por ano, contra o acréscimo de R$ 6 mil no preço que o modelo sofreu. Dessa forma, a versão intermediária do SUV cupê consegue melhorar o custo/benefício, ao trazer boa parte do arsenal disponível nos carros da Fiat. Na linha 2026, o Fastback renovou o visual com uma nova grade com aletas verticais, para-choque redesenhado e detalhes em preto, que dão um toque de maior robustez ao modelo.
O Fastback Impetus conta com ar digital, revestimento em couro nos bancos, painel de instrumentos digital de 7 polegadas e central multimídia com tela de 10,1 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto com espelhamento sem fio e carregador por indução, freio de estacionamento elétrico com acionamento eletrônico e chave presencial para travas e ignição, com botão de partida.
Traz um pacote de recursos ADAS com alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança de faixa e farol alto automático. Tem ainda sensores dianteiros e traseiros, câmera de ré, e lanternas full led. Ficam faltando, no entanto, airbags de cabeça – tem apenas frontais e laterais – e o controle de cruzeiro adaptativo.
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Quando as versões com tecnologia híbrida chegaram, no ano passado, era oferecida como opcional. Agora, tanto a versão Audace quanto a Impetus trazem sempre o emblema azul na tampa do porta-malas com a palavra Hybrid em letras brancas. E eles já representam 60,5% das vendas do modelo – somente as versões T200 e Abarth não são híbridas, por enquanto. Só este ano, o Fastback Impetus Hybrid vem representando quase 15% das 45 mil unidades vendidas do SUV da Fiat mais vendido em 2025. Além das vantagens fiscais, o Fastback híbrido ainda oferece uma discreta, mas efetiva, economia de combustível – o que se reflete também em uma emissão menor e uma autonomia maior. A média de consumo de etanol medida pelo InMetro passou de 8,5 para 8,9 km/l e com gasolina foi de 12,1 para 12,6 km/l – uma redução de até 5%. As medições em ambiente rodoviário, por outro lado, são invertidas, com o motor a combustão mais econômico, com 10,1 contra 9,8 km/l com etanol e 14,3 contra 13,9 km/l com gasolina, um aumento de 3%.
O consumo focado no uso urbano se dá por conta da lógica de acionamento da tecnologia híbrida leve, que conta com um motor-gerador e elimina o alternador e o motor de arranque. O sistema conta ainda com duas baterias de 12 V: uma comum no cofre do motor, de 68 Ah, e outra sólida, de íon de lítio, alojada sob o banco do motorista. Aqui, o motor elétrico não movimenta o carro, mas economiza combustível ao impulsionar o motor a explosão em momentos críticos: arrancadas e retomadas, entre 1.500 e 3 mil giros. O motor elétrico disponibiliza até 4 cv e 1 kgfm do motor elétrico, o que alivia até 25% do esforço total.
Esse ganho na progressividade se dá apenas em baixos giros, e por isto não afeta o comportamento em ambiente rodoviário, mas o consumo aumenta por conta do peso das peças integradas ao sistema híbrido. O motor T200 mantém a mesma potência máxima de 125/130 cv e o mesmo torque máximo, 20,4 kgfm das versões térmicas. O motor GSE 1.0 turbo de três cilindros é gerenciado por um câmbio CVT da japonesa Aisin, com sete relações pré-programadas e pode ser manipulado via paddle shifts no volante. A tração é dianteira e o modelo conta com o mesmo sistema de controle de tração TC+ usado no Pulse, que é capaz de usar o módulo de ABS para bloquear a ação do diferencial e frear isoladamente uma roda sem aderência.
O Fastback tem um ajuste de suspensão levemente esportivo em todas as versões. Trata-se de acerto que não comprometesse o conforto, até pela proposta mais familiar do modelo, bem explicitada pelo porta-malas agigantado, que comporta 600 litros de carga (1.087 litros com a segunda fileira rebatida). Os números também são compatíveis com a proposta. A aceleração de zero a 100 km/h é feita entre 9,4 e 9,6 segundos, dependendo da proporção de etanol e gasolina no tanque, com máxima de 194/196 km/h.
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Ponto a ponto
Desempenho – A potência de 125/130 cv e torque de 20,4 kgfm do motor GSE 1.0 Turbo lida bem com os 1.271 kg do SUV cupê. Com uma relação peso/potência em torno de 10 kg/cv, o Fastback está sempre com potência disponível, mas não chega a oferecer um comportamento esportivo – esse departamento é reservado às versões Limited e Abarth. Em giros baixos, há uma sutil ajuda do sistema híbrido, mas sem interferir diretamente no desempenho. O câmbio CVT se entende bem com o motor T200, que por ter baixa inércia, oferece boas arrancadas e retomadas, abaixo de 10 segundos. O sistema TC+ quando acionado limita o escorregamento do diferencial em baixas velocidades e pode salvar em trechos enlameados menos radicais e dá uma certa personalidade SUV ao modelo. Nota 8.
Estabilidade – O Fastback tem uma suspensão macia, uma tradição da Fiat no Brasil, mas a versão passou a ter rodas maiores, aro 18 com pneus 215/45, que ajudam a controlar mais a rolagem lateral nas curvas, mesmo as mais forçadas, sem roubar tanto o conforto. Mesmo sendo um pouco elevado, com 19,9 cm de altura livre. A versão Impetus conta com, mas nada que assuste. Nota 8. Interatividade –O painel digital configurável de 7 polegadas nessa versão traz um gráfico que aponta o nível de carga do sistema elétrico. No mais, traz os mesmos recursos das versões a combustão. A central multimídia com tela sensível ao toque com 10,1 polegadas espelha smartphones sem cabo e tem GPS nativo. As demais funções se oferecem através controles bem intuitivos. O volante multifuncional traz um chamativo botão vermelho Sport, para alterar o modo de condução. Nota 9.
Consumo – De acordo com o Inmetro, o Fiat Fastback Audace 200 Turbo Hybrid Flex registrou médias de 8,9/9,8 km/l com etanol e 12,6/13,9 km/l com gasolina, na cidade/estrada. O consumo mais próximo entre cidade e estrada se deve ao fato de o sistema híbrido leve atuar em giros médios e baixos, como costuma ocorrer na cidade, e aumentar o peso do veículo, o que se reflete no consumo em estrada. Este índice rende nota B na categoria e C no geral, com B em emissões. Nota 7.
Conforto – A suspensão filtra bem as irregularidades, mesmo que seja um pouco mais rígida que a versão Audace, por conta das rodas maiores e pneus com perfil mais baixo. O espaço interno é extremamente generoso, por conta de utilizar a estrutura do sedã Cronos. Além disso, a plataforma MLA do tem boa rigidez e transmite a sensação de solidez quando encara irregularidades. Os bancos têm ergonomia correta, com bom apoio lateral. A insonorização da cabine é bem eficiente. Nota 8.
Tecnologia – O sistema híbrido, embora tenha efeitos limitados, aponta uma tendência inescapável com o progressivo enrijecimento das normas de emissões. O Fastback Impetus ganhou atualizações em relação ao projeto original de Argo/Cronos, como recursos ADAS básicos, como alerta de colisão frontal com frenagem autônoma, monitor de faixa e farol alto automático. A conectividade da central Uconnect é das mais práticas do segmento, com espelhamento de smartphones sem fio descomplicado, tela de 10,1 polegadas e GPS interno. Nota 9.
Habitabilidade – A altura elevada do teto cria um habitáculo espaçoso e aconchegante. Na frente, os ocupantes contam com um excelente espaço de movimentação e atrás há boa área para as pernas no sem ter de contar com a boa vontade de quem vai à frente. Como um carro com intenções de ser um Gran Turismo, deveria ter mais porta-objetos. Além do porta-copos e do nicho do carregador por indução, à frente do câmbio, há apenas os bolsões nas portas e o espaço sob o apoio de braços central. O porta-malas oferece generosos 600 litros de capacidade – comparável aos de minivans. Nota 9.
Acabamento – A Fiat cria valor percebido a partir da escolha de materiais, que mesmo sem serem custosos, trazem texturas e padrões agradáveis que valorizam o interior. No caso da versão testada, Impetus, o interior traz algum requinte com o revestimento dos bancos em couro sintético – presente também em áreas de toque, como câmbio, volante e apoios nas portas em couro sintético. Nota 8. Design – Na linha 2026, o Fastback Impetus traz uma nova grade com aletas verticais, um friso em preto no limite do capô, rodas em preto e para-choques redesenhados. Na traseira, a parte inferior do para-choque também foi remodelado. Nesse novo face-family da Fiat, a ideia foi exaltar a robustez dos modelos, valorizando a altura.
Em linhas gerais, a composição de carroceria com a traseira alta e lanternas estreitas do Fastback remetem a SUV cupês de luxo, principalmente o BMW X4 – o que não é uma comparação demeritória. As linhas orgânicas se fundem de forma harmoniosa com os detalhes geométricos. Nota 9.
Custo/benefício – A família híbrida da Fiat se vale do custo total de aquisição, que devolve a cada ano um valor próximo ao custo que foi adicionado pelo sistema elétrico auxiliar. Com isso, mesmo com um preço inicial mais alto que Volkswagen Nivus ou Citroën Basalt, os outros SUVs cupês do segmento, o custo/benefício é bastante favorável. Além disso, é maior e tem linhas ousadas e marcantes. Nota 8.
Total – O Fiat Fastback Impetus 200 Turbo Hybrid Flex somou 83 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Dupla dinâmica
As mudanças no comportamento do Fastback Impetus são sutis. A economia foi melhorada na cidade, com o sistema híbrido, e a estabilidade foi incrementada na estrada, com o novo conjunto de rodas e pneus. Atrás do volante, o painel lembra a condição do modelo através de um pequeno mostrador que aponta o nível de carga da bateria. A verdadeira função desse sistema híbrido leve é mesmo reduzir as emissões, através de uma redução de consumo urbano, já cumprindo as obrigações do Proconve L8, que exigiu que parte da produção atendesse a novos padrões de emissões a partir de janeiro desse ano.
Nada disso altera a boa performance que o SUV cupê apresenta com o motor T200, com 125/130 cv e 20,4 kgfm. As acelerações de zero a 100 km/h ficam abaixo de 10 segundos. O modelo tem uma boa disposição em toda a faixa útil de rotações, com uma aceleração lisa, com subidas de giro progressivas. Ele conversa bem com o câmbio CVT, que até atrasa um pouco as reações, mas não tira o vigor.
A linha 2026 deu um visual renovado ao Fastback, mais moderno e robusto, e também um novo conjunto de rodas aro 18 com pneus 215/45, que incrementaram a boa estabilidade do modelo sem prejudicar o conforto. Obviamente, as reações são bem melhores no asfalto liso do que em pisos irregulares. Mesmo em uma condução mais agressiva, as rolagens da carroceria são bem controladas. O habitáculo do Fastback é o mais espaçoso da categoria e aumenta a sensação de amplidão com o novo teto solar panorâmico e as boas áreas para pernas e cabeça. A largura da cabine é adequada para a categoria, mas três adultos atrás se apertam um pouco. Se a proposta, inspirada nas linhas do modelo, for pegar a estrada, melhor se limitar quatro passageiros. Por outro lado, há espaço de sobra para as bagagens nos 600 litros de capacidade do porta-malas.
Ficha técnica
Fiat Fastback Impetus Turbo 200 Hybrid Flex
Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 999 cm³, sobrealimentado por turbo, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, eixo de comando simples no cabeçote e injeção eletrônica multiponto.
Motor elétrico: Com 12 V, 3 kWh (4,08 cv) de potência e 1,02 kgfm de torque. Dianteiro transversal acoplado mecanicamente ao motor a explosão com funções de arranque, propulsão e gerador, alimentado por uma bateria auxiliar de íon de lítio.
Transmissão: Automático continuamente variável, CVT, com sete relações pré-programadas à frente e uma à ré. Tração dianteira com sistema de tração TC+ para limitação do escorregamento do diferencial.
Potência: 125 cv a 130 cv, com gasolina e etanol, a 5.750 rpm.
Torque: 20,4 kgfm, com gasolina ou etanol, a 1.750 rpm.
Diâmetro X curso: 70,0 x 86,5 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração 0-100 km/h: 9,6/9,4 segundos com gasolina/etanol.
Velocidade máxima: 194/196 km/h com gasolina/etanol.
Carroceria: Crossover cupê em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,43 metros com 1,77 m de largura, 1,55 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. Possui airbags frontais, laterais e de cabeça de série.
Suspensão: Dianteira tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais.
Freios: Dianteiro a disco ventilado com 284 mm de diâmetro com pinça flutuante. Traseiro a tambor com regulagem automática. ABS com controle de partida em rampa e controle de estabilidade.
Pneus: 215/45 R18. Peso: 1.271 kg em ordem de marcha com 400 kg de capacidade de carga.
Capacidade do porta-malas: 600 litros expansível para 1.087 litros com a segunda fileira rebatida. Tanque de combustível: 47 litros. Lançamento da versão no Brasil: novembro de 2024.
Produção: Betim, Minas Gerais.
Preço da versão Impetus: R$ 169.330.
Preço da unidade testada: R$ 170.320.
