Elkin Chaves/ Autocosmos.com/Colômbia- Exclusivo no Brasil para Auto Press
O Kia EV5 chegou em agosto de 2024 para assumir a função de primeiro modelo 100% elétrico da marca no Brasil. A ideia, a princípio, era brigar com os SUVs médios elétricos de fabricantes tradicionais no mercado, como os Chevrolet Equinox EV ou Hyundai Ioniq 5, mas mirando também em SUVs médios de luxo, como Mercedes-Benz EQA, Volvo EX40 e BMW iX1, que têm preços semelhante – o EV5 está cotado no Brasil em R$ 389.990 pela versão Land.
Apesar de suas qualidades, o EV5 acabou sendo vítima de um segmento de mercado incendiado pela chegada de SUVs/crossovers médios chineses como Zeekr X, Jaecoo 7, GAC Hyptec HT, Geely EX5 e Omoda E5, entre outros. Em um mercado que absorveu entre janeiro e agosto desse ano 45 mil carros 100% elétricos, sendo 12 mil deles SUVs, o crossover da Kia emplacou apenas 11 EV5, ou cerca de 0,1% do mercado. Pela variedade de oferta, não se pode afirmar que o EV5 é um injustiçado, mas diversos fatores podem contribuir para esse resultado, como preço, distribuição ou publicidade. Mas entre os problemas não estão nem design, nem conteúdo.
O Kia EV5 é um SUV médio-grande para cinco passageiros, com 4,62 metros de comprimento, 1,88 m de largura e 1,72 mm de altura; na verdade, com de 2,75 m. Consistente com sua linhagem, o modelo integra a linguagem de design Opposites United – algo como opostos unidos –, presente em toda a família EV da marca sul-coreana.
Os faróis de projeção em led são emoldurados pelo DRL e pelas luzes de posição também em led. A ótica traseira repete essa mesma organização das luzes, que gera uma assinatura luminosa inconfundível. Os traços de contorno do utilitário familiar destacam frente larga, capô esculpido e linha de cintura alta. A terceira janela em triângulo cria uma imagem de robustez que se coordena com o spoiler superior, que projeta visualmente o teto. A porta traseira tem um design irregular e dá acesso a uma porta-malas de 513 litros, com piso configurável em diferentes alturas.
Embora não tenho trocado os retrovisores externos por câmera, como ocorre no EV9, o EV5 tem outros cuidados aerodinâmicos, como as alças de carroceria embutidas. O exterior é marcado ainda por rodas de alumínio de 18 polegadas, barras de teto, que parecem mais estéticas do que funcionais, e placa de proteção em ambas as extremidades. A versão vendida no Brasil tem ainda teto panorâmico com operação elétrica e movimentação elétrica do porta-malas com sensor de movimento.
Seguindo a lógica do mercado de dar um brilho ecológico aos carros elétricos, a maioria dos plásticos internos são reciclados (e rígidos), com texturas e formas para criar um interior funcional e marcante, com uma orientação clara para o motorista. Além disso, conta com a presença de botões para funções-chave e mesmo que alguns sejam táteis, dispensam aqueles comandos indiretos chatos, através da tela da central multimídia, comum nos modelos chineses.
O console principal traz duas telas de 12,3 polegadas, uma para o painel de instrumentos e outra para a central multimídia. A proposta de funcionalidade inclui a personalização das informações e gráficos em ambas as telas. Há espelhamento sem fio através de Android Auto e Apple CarPlay e a interface é muito rápida.
Entre as duas telas, há um pequeno painel dedicado ao controle do ar-condicionado. Ao contrário do que se vê em muito modelos elétricos, que não têm qualquer comando para dar o start, o EV5 é iniciado a partir de um botão em uma haste na coluna de direção. Para selecionar as marchas, o mesmo controle é usado.
O espaço interno do EV5 é especialmente generoso, muito por conta da boa distância entre os eixos e da altura da cabine. Há também muito nichos para guardar coisas e é favorecido no espaço para a cabeça pelo design quadriforme. Além disso de contar com grandes janelas e um teto panorâmico que contribuem para deixar a luz entrar e criar um a sensação de amplidão.
Além do uso de materiais ecológicos e do estofamento em combinação de tecido e couro, que favorece o apoio dos ocupantes, detalhes como o apoio lombar na posição de condução, bancos dianteiros aquecidos, espelho eletrocrômico, carregador sem fio e encostos de cabeça dianteiros ajustáveis em altura e inclinação.
foto/ Divulgação
Impressões ao dirigir
Lógica interna
O EV5 traz um motor elétrico que gera 217,5 cv de potência e 31,6 kgfm torque, alimentado por uma bateria de lítio com capacidade de 88,1 kWh. Com este trem de força, o EV5 tem um alcance de 402 km, no ciclo do InMetro. O bom gerenciamento do motor desse utilitário gera uma ótima aceleração, embora não seja daquelas capazes de impressionar. O conjunto lega o SUV de 2.141 kg de zero a 100km/h é feito em 8,9 segundos, com máxima de 185 km/h.
Além de três programas de condução – Eco, Normal e Sport – há o recurso do one pedal e ainda quatro níveis de frenagem regenerativa, gerenciados através das espátulas no volante. Dessa forma, é possível configurar o comportamento do modelo e obter uma experiência mais personalizada. Na condução, a direção, mesmo elétrica, se mostrou muito comunicativa e direta, sensivelmente mais leve em manobras de baixa velocidade e mais pesada em altas velocidades.
Outro item que se destaca é a suspensão, do tipo McPherson na dianteira e multi link na traseira. Ela é muito bem-calibrada, filtrando bem as irregularidades em uso urbano e firme para fazer o SUV deslizar em alta velocidade. A aerodinâmica é outro aspecto que merece destaque. Apesar de ter um design quadrado, acima de 110 km/h dificilmente se percebe ruídos aerodinâmicos, exceto por um pequeno chiado dos retrovisores. Isso ocorre também por conta do bom isolamento acústico da cabine, bem como pela espessura particular das janelas.
No campo da segurança, a Kia equipou muito bem o EV5 com destaque para os seis airbags, um pacote completo de recursos ADAS. Um dos pontos fortes das assistências é que não são invasivas nem exageram nos alertas. E corrige uma falha comum em outros modelos: a imagem da câmera apontada para a pista à direita, ativada quando se indica com a luz de direção, é mostrada em uma seção do painel de instrumentos, e não no monitor da central multimídia, para não atrapalhar a navegação.
