por Eduardo Rocha
Auto Press
As marcas, de forma recorrente, usam elementos puramente estéticos para tentar vender versões que, na realidade, não têm as características propagandeadas. Como um carro com visual aventureiro, mas sem qualquer capacidade off-road ou um esportivo que não apresenta nem motor nem desempenho que o diferenciem do restante da gama. Essa venda de gato por lebre, por vezes, é amenizada por sutis adaptações ao estilo proposto, mas nada que mude essencialmente o comportamento do carro. Como um aventureiro que recebe pneus de uso misto ou suspensão elevada ou um esportivo que ganha itens aerodinâmicos ou uma nova configuração na suspensão e na direção. O novo Hyundai Creta N Line se enquadra nos dois casos. Trata-se de um SUV sem uma capacidade off-road específica que ganha uma versão com estilo esportivo, mas sem qualquer ganho de performance. O modelo chega ao mercado por R$ 165.090 – R$ 159.490 apenas para as primeiras 200 unidades.
Na gama do SUV da Hyundai, a versão N Line vai funcionar como uma bifurcação da versão top de linha atual, a Ultimate, que custa R$ 167.490. As duas configurações guardam diferenças importantes. A mais surpreendente é a motorização. Apesar de ser a versão com pegada esportiva da gama, a N Line usa o motor 1.0 TGDI flex, turbo com injeção direta, que rende apenas 120 cv e 17,5 kgfm, o motor mais fraco aplicado ao modelo no Brasil, com uma relação peso/potência de 10,6 kg. Já a Ultimate traz o motor 2.0 flex aspirado, que rende 157/167 cv e 19,2/20,6 kgfm, com gasolina/etanol, com uma relação peso/potência de 7,8 kg. O zero a 100 km/h é cumprido em 9,3 segundos, 2,2 s mais rápido que o N Line. Mecanicamente, a única especificação que busca adequar a nova versão à proposta é mesmo a nova configuração de suspensão e direção, mais rígida.
As diferenças mais evidentes entre os dois são no tratamento de peças como protetor de para-choque, saias laterais, barras no teto, spoiler traseiro e capas de retrovisores, que ganham acabamento em preto brilhante. A grade frontal é também em preto brilhante e, além da assinatura N Line, ganha uma nova trama simétrica, com o escudo da marca escurecido ao centro. Os faróis recebem máscara negra enquanto as lanternas têm lentes escurecidas. Os para-choques dianteiro e traseiro apresentam um novo desenho, com aberturas na parte inferior. Nas laterais, a moldura que separa as janelas do teto, em vez de prata, passa a em grafite. Apesar de ser um modelo esportivo, as rodas têm 17 polegadas – na Ultimate têm 18 – mas ganham um desenho diferenciado, com seis raios duplos e a assinatura “N” no cubo da roda.
No interior, a assinatura da versão também é valorizada. Ela aparece no volante, no câmbio e bordada no encosto dos bancos dianteiros. O revestimento é em couro sintético com pespontos em vermelho. O interior é todo em preto, fugindo da duvidosa combinação de bege com marrom da Ultimate. No pacote de assistências ao condutor, o N Line traz um alerta de colisão com frenagem autônoma que detecta carros e pedestres, mas não ciclistas como no Ultimate. Outra falta é o controle de cruzeiro adaptativo, presente no topo de linha. No mais, os recursos são iguais: centralizador de faixa de rolagem, sensor de obstáculos dianteiro e traseiro, farol alto automático e sensor de ponto cego.
A versão N Line traz a mesma central multimídia presente na Ultimate, com 10,25 polegadas com câmera 360º, para o monitoramento do entorno do veículo, comando de voz, GPS nativo e espelhamento de celulares do veículo com cabo através de Apple CarPlay e Android Auto. A central traz ainda o sistema Bluelink, que conecta o equipamento a serviços remotos de monitoramento do veículo.
