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Entrevistas Quarta-feira, 15 de Outubro de 2025, 14:00 - A | A

15 de Outubro de 2025, 14h:00 - A | A

Entrevistas / DIA DO PROFESSOR: Entrevista - Elaine Cristina dos Reis Viera

A essência de todas as profissões nasce na sala de aula

No Dia do Professor, conheça a trajetória de Elaine Cristina dos Reis Viera, educadora que há 19 anos acredita na educação como força de transformação social



Diopnéia Martins/ Mato Grosso do Norte

Juízes, promotores, engenheiros, médicos, oftalmologistas, prefeitos, deputados, governadore e até outros professores. Todos, sem exceção, passaram pelas mãos de um professor. Antes de ocuparem seus cargos e exercerem suas funções, sentaram em uma carteira escolar, abriram cadernos, enfrentaram provas, dúvidas, descobertas. A base de toda trajetória profissional de qualquer área  é sempre um educador.

A cada novo curso, seja uma especialização universitária ou um workshop de poucas horas, lá está novamente a figura de um professor, atualizada, adaptada aos novos tempos, pronta para compartilhar conhecimento. Estudar é um processo contínuo, e por isso a docência é, mais do que uma profissão, um pilar fundamental da sociedade.

Hoje, são milhares de professores e professoras espalhados pelos 5.571 municípios brasileiros, atuando desde a educação básica até o ensino superior. Em muitos casos, acumulam funções — são médicos e docentes, juízes e palestrantes, gestores públicos e formadores de novos profissionais.

Entre tantos nomes que sustentam essa nobre missão está o de Elaine Cristina dos Reis Viera, educadora da Rede Municipal de Alta Floresta, cujo caminho traduz o verdadeiro sentido da docência. De onde nascem os sonhos: a origem da vocação.

Leia a  entrevista:  

  Nome completo?

RElaine Cristina dos Reis Viera

Há quanto tempo é professora?

R-Há de 19 anos  

Onde Trabalha?

R- Professora na Escola Municipal Anjo Guarda, atualmente Mestranda na Universidade Federal de Mato Grosso, com licença qualificação concedida pela Prefeitura Municipal de Alta Floresta.

O que te fez escolher a docência como profissão?  

R-A escolha pela docência tem raízes muito pessoais, inicia com os incentivos de meus pais Antonio e Jeruza, imigrantes que enfrentaram muitas dificuldades por não ter tido acesso à escolarização. Viver as limitações que a falta de estudo nos trouxe despertou em mim o desejo de estudar e contribuir para incentivar outras pessoas a terem oportunidades diferentes. Além disso, ao longo da minha trajetória escolar, encontrei professores que me marcaram, não apenas pelo que ensinavam, mas pela forma humana e inspiradora com que exerciam à docência, isso me motivou a seguir o mesmo caminho.  

Qual foi o momento em que você teve certeza de que queria ser professora?

R- A certeza de que realmente eu queria ser professora surge no ano de 2006, logo ao iniciar a graduação em Licenciatura em Pedagogia para Educação Infantil e Anos Iniciais pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em uma parceria entre o Município de Alta Floresta e o Núcleo de Educação a Distância (NEAD), sob a orientação do Prof.º Mestre Dirceu Blanski, para qualificar profissionais que atuavam na rede municipal somente com o ensino médio.

Na UFMT compreendi que ser professora vai muito além de ensinar conceitos escolares, é sobre participar da formação de crianças, jovens e adultos para o exercício da cidadania, com um olhar a formar cidadãos participativos, autônomos, críticos e confiantes em seu próprio potencial.  

O que mais te emociona em sala de aula?

R- O que mais me emociona na carreira da docência é ver os estudantes se desenvolvendo em vários aspectos, cognitivo, emocionais, psicomotores e socioafetivos, porque o espaço escolar ele é amplo de possibilidades de desenvolvimentos. Isso aquece meu coração ver os estudantes demonstrando autonomia na resolução tanto de atividades escolares como nas relações socioafetivas.

O professor, que antes era visto como alguém que participava da formação humana de pessoas, hoje precisa constantemente provar seu valor diante de um sistema

Como a profissão mudou desde que você começou a dar aula?

R-Acredito que uma das mudanças que vale ressaltar é o avanço das tecnologias digitais, que tem possibilitado novas formas de ensinar e aprender. Entretando também é importante refletir os tipos de conteúdo, plataformas e aplicativos em que as crianças tem acessado, pois as experiências infantis relacionadas as novas tecnologias têm atravessado os muros escolares. Portanto à docência na atualidade envolve além de acolher esses novos modos, é necessário abrir espaço para formação das crianças, jovens e adultos sobre as práticas e convivência no atual contexto da Cultura Digital.    

Quais são os maiores desafios de ser professora hoje?  

R- Acredito que são vários, más o grande desafio na atualidade, é que vivemos um tempo em que a educação infelizmente muitas vezes, é reduzida a números, a notas e médias estaduais ou nacionais, essa lógica acaba transformando o processo de ensino aprendizagem em algo padronizado e mecânico, muito distante da realidade dos estudantes.

O professor, que antes era visto como alguém que participava da formação humana de pessoas, hoje precisa constantemente provar seu valor diante de um sistema que tende a medir somente conceitos escolares. E muitas vezes não considera as condições reais de vida dos estudantes, questões econômicas, sociais, emocionais e muitas outras que ressoam no cotidiano escolar.  

O que falta para a profissão ser mais valorizada no Brasil?  

R- Penso que um dos aspectos para valorização profissional da docência no Brasil, envolve o cumprimento de legislações e programas Nacionais já existentes, que muitas vezes não são implementados pelos estados e municípios, desde o cumprimento do piso Nacional do Magistério, entre outros programas relacionado a Formação de Professores. Outro aspecto relevante que destaco é a urgência em implantação de programas e politicas públicas de atendimento à saúde do professor.

  Que estudante ou situação marcou sua trajetória como professora?  

R- Muitos estudantes marcaram minha trajetória como professora, entre esses estudantes adultos em turmas de EJA, em associações de moradores no início da minha carreira, que, mesmo após um longo dia de trabalho, enfrentavam o cansaço para aprender a ler e escrever, lições que não tiveram oportunidade de aprender na idade certa.

Também marcaram a minha trajetória várias crianças que, apesar de viverem situações sociais complexas desde violências sexuais, físicas, psicológicas, as vi enfrentando todas essas situações buscando aprender os conceitos escolares e acreditando em dias melhores. Essas histórias me ensinam diariamente sobre coragem, superação e o verdadeiro sentido de educar.

O que você diria para quem está pensando em seguir o mesmo caminho?  

R- Eu faço uso das palavras de Paulo Freire, “É preciso ter coragem, esperança e conhecimento”. Pois ser professor envolve muito estudo diário, sensibilidade e entrega.  

Como você imagina a escola do futuro?

R- Imagino uma escola que se conecta com a vida real dos estudantes, que seja inclusiva, laica, que promova conhecimentos escolares e também humanos.  

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DIRCEU BLANSKI 15/10/2025

A entrevista cedida pela professora Elaine de fato representa a história e vida de muitos professores profissionais da Educação que vivem os dilemas da sociedade atual. Parabéns pela iniciativa do Jornal.

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