por Geraldo Bessa TV Press
Íris Abravanel bem que tentou ser uma autora de novelas tradicionais. Fã de Janete Clair e Walcyr Carrasco, no início da carreira ela chegou a escrever folhetins mais adultos, como “Revelação” e o remake de “Vende-se Um Véu de Noiva”. Porém, foi com a criação de produções voltadas para o público infantil e adolescente que ela se encontrou na profissão.
“No momento em que as outras emissoras começaram a ignorar os mais novos, as novelas do SBT começaram a fazer diferença. É um público muito fiel e que também chama a família para a frente da tevê. Acho muito simbólico quando adultos chegam até mim ou minha equipe e falam que as novelas ajudam a entender o universo de seus pequenos”, valoriza a autora de “A Caverna Encantada”, adaptação dos livros “A Princesinha” e “O Jardim Secreto”, da escritora inglesa Frances Hodgson Burnett.
Natural do Rio de Janeiro, mas radicada em São Paulo, Íris é casada com o empresário e apresentador Silvio Santos desde os anos 1980. Inclusive, o marido foi o principal incentivador de sua estreia na teledramaturgia. “
Silvio vivia reclamando que não encontrava bons autores no mercado. Acabei pedindo uma oportunidade
”, entrega, aos risos.
Feliz com a boa repercussão de suas obras, Íris agora quer investir novamente na literatura. Depois do livro de crônicas “Recados Disfarçados”, lançado em 2010, ela aguarda uma brecha no setor de teledramaturgia do SBT para focar neste projeto de caráter mais pessoal. “Tem 12 anos que estou fazendo uma novela atrás da outra. Amo o que faço, mas quero ter tempo para fazer outras coisas também”, garante.
P – Há alguns anos que, antes mesmo de um projeto chegar ao fim, você já está idealizando a próxima produção. De onde vem tanta inspiração?
R – Me inspiro na vida real, na minha vida, no meu passado, no que acontece com a minha família e meus amigos. A minha grande inspiração é a vida. Pego um pouquinho de cada coisa, misturo com outras referências e coloco nas cenas. Também me inspiro muito na literatura. Meus últimos trabalhos beberam nessa fonte e gostei muito do resultado.
P – Falando em família, os personagens principais de “A Caverna Encantada” têm os mesmos nomes dos seus netos. É uma homenagem?
R – Eu adoraria dizer que sim, foi uma homenagem (risos). É, mas também não é. A verdade é que coloquei o nome de todos os meus netos na trama por causa da minha memória. Foi a forma que encontrei de memorizar melhor os personagens. Meus colaboradores agradecem (risos).
P – Sua equipe é composta por seis colaboradores e uma supervisora. Como é lidar com tantas mãos na confecção da trama?
R – É uma loucura. Mas boa parte dessas pessoas estão comigo desde “Carrossel”. Então, estamos juntos há mais de 12 anos. Esse tempo foi precioso para criar um entendimento entre todos. Eles já até sabem que ideias vou gostar ou não. Não sou uma pessoa muito tecnológica e contar com esses jovens antenados é precioso.
P – Depois de encontrar seu nicho em tramas de teor infantojuvenil, você sente falta de escrever novelas mais tradicionais?
R – Estou satisfeita como novelista. Sempre gostei de trabalhar com crianças. Fui professora de ensino fundamental. É um prazer enorme desenvolver esses trabalhos. Geramos muitos empregos e visibilidade. Além disso, é muito gratificante estar no horário nobre do SBT. Pelo público que atingimos, acho que as novelas não podem mais ser chamadas de infantis.
P – Por quê?
R – É uma novela para família. Falamos muito com os pais também. A resposta do público adulto é muito interessante. Os responsáveis pelas crianças falam como muitas das informações e situações que acontecem na novela são importantes para lidar com o dia a dia dos pequenos. Então, estamos atingindo a família. Pais e avós têm prazer em assistir ao lado de seus filhos e netos.
“A Caverna Encantada” – SBT – de segunda a sexta, às 20h45.