por Geraldo Bessa TV Press
Como quase todo apaixonado por teledramaturgia, Luis Lobianco é fã da versão original de “Vale Tudo”. “Para mim, é a novela das novelas”, ressalta. Por isso, o intérprete do Freitas acha normal e saudável as comparações entre a obra exibida em 1988 e o atual remake que ocupa a faixa das nove. Ele acredita que a nova versão é importante para mostrar o que mudou entre os anos que separam as obras. Neste caso, em tempos de compliance e uma busca por um ambiente de trabalho com menos assédio, o ator questiona os caminhos do personagem ao topar tudo para se manter funcionário do vilão Marco Aurélio, de Alexandre Nero. “Pessoas como o Freitas aguentam as humilhações porque ambicionam o pequeno poder. Elas ficam felizes em bajular e ganhar as migalhas de quem realmente manda”, avalia.
Natural do Rio de Janeiro, Lobianco ficou conhecido ao integrar a trupe do Porta dos Fundos, que faz sucesso com vídeos cômicos no YouTube. A partir dos esquetes, começou a ser chamado para a televisão, com pequenas participações em séries do Multishow e GNT. Na Globo, atuou em “A Grande Família”, foi participante fixo do dominical “Esquenta!” e segue até hoje como um dos integrantes do humorístico “Vai que Cola”. Em 2018, estreou nas novelas em “Segundo Sol”, mas se destacou mesmo em sua segunda incursão pelos folhetins, na pele do Vitinho de “Vai na Fé”. No ano passado, teve a oportunidade de mostrar sua verve mais dramática na continuação do sucesso “Os Outros”, um dos maiores êxitos do Globoplay. “Não quero entrar em rótulos e sigo na busca por tipos diferentes para interpretar. Pela qualidade dos convites que tem chegado, acho que estou no caminho certo”, valoriza.
P – O processo de escalação de elenco para “Vale Tudo” foi longo e meticuloso. Qual foi sua reação ao descobrir que estava confirmado na trama?
R – Me joguei no chão e fiquei gritando (risos). O convite partiu do Paulo (Silvestrini, diretor), com quem eu trabalhei em “Vai na Fé”, uma novela onde tudo deu muito certo. Ele me ligou, falou um pouco do personagem e perguntou se eu toparia. Eu tive de me conter durante a ligação, mas estava explodindo por dentro.
P – A versão original é uma de suas novelas favoritas?
R – Exatamente. Eu tinha seis anos quando foi ao ar. Mas, já adulto, assisti completa no Viva, que agora é Globoplay Novelas. Então, a trama segue fresca na minha memória e me fez viajar um pouco na minha própria história como ator e as surpresas que a vida reserva.
P – Chegou a rever a produção para se inspirar?
R – Eu lembro bem do Freitas feito pelo João Camargo em 1988. Mas decidi não rever e buscar um caminho meu. A verdade é que pessoas como o Freitas estão em todos os lugares. Se existe uma elite, os bajuladores estarão lá para exercerem sua função. Os Freitas do mundo real estão sempre atrás do minipoder.
P – Como assim?
R - O Gilberto Braga usa muito bem esse tipo de personagem nas obras dele, que é aquela pessoa que não é rica, mas trabalha para alguém rico e isso a faz se sentir superior sobre os outros. Elas representam a pequena ambição, passam por humilhações e assédio porque se alimentam dessa pequena dose de poder. Então, o Freitas maltrata quem ele acha que está abaixo e segue realmente disposto a tudo para não perder esse lugar mínimo que ocupa.
P – Mesmo sem negar suas origens cômicas, você tem feito tipos cada vez mais diversos na tevê. É uma busca sua ou apenas acontece?
R – É preciso fazer alguma provocação para mudar as coisas. A comédia vai ser sempre parte de mim, mas acho saudável não entrar em um rótulo e buscar coisas diferentes. Não sou de me acomodar e acho que os autores e diretores acabam vendo isso. Dessa forma, consigo personagens interessantes e em sintonia com essa vontade de diversificar meu repertório, como o Seu Durval de “Os Outros” e o próprio Freitas.
“Vale Tudo” – Globo – de segunda a sábado, às 21h.
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