O Papa Leão XIV, líder da Igreja Católica, criticou as políticas de imigração de linha dura do presidente dos EUA, Donald Trump, chegando a questionar se elas estão alinhadas com os ensinamentos pró-vida da Santa Igreja.
Em entrevista concedida para os jornalistas, o Papa Leão não pensou duas vezes ao fazer uma declaração direta sobre o assunto. “Alguém que diz que é contra o aborto, mas concorda com o tratamento desumano de imigrantes nos EUA, não sei se isso é pró-vida“, disse o pontífice, do lado de fora de sua residência em Castel Gandolfo nesta última terça-feira (30).
É válido lembrar que a posição da Igreja Católica de que a vida é sagrada desde a concepção até a morte natural é um dos ensinamentos mais fortes da denominação.O Papa ainda voltou a falar sobre o aborto após ser questionado por um jornalista norte-americano sobre a decisão da arquidiocese de Chicago de conceder um prêmio ao senador de Illinois Dick Durbin, democrata que apoia o direito ao aborto. A medida atraiu críticas veementes de católicos conservadores, incluindo vários bispos dos EUA.
“É muito importante analisar o trabalho geral que o senador fez“, disse o Papa. “Eu entendo a dificuldade e as tensões, mas acho, como eu mesmo já disse no passado, que é importante analisar muitas questões relacionadas ao que é o ensinamento da Igreja“, seguiu ele. “Alguém que diz que é contra o aborto, mas diz que é a favor da pena de morte, não é realmente pró-vida“, completou.
É válido lembrar que, o pontífice é o primeiro na história a ser norte-americano e, diferente de Francisco, não crítica pontualmente e diretamente Trump.
O Papa Leão XIV interveio na política norte-americana pela primeira vez no seu papado, comentando na quinta-feira as questões quentes que agitam a cena política nacional, desde o aborto à imigração.
O primeiro pontífice nascido nos EUA apelou ao respeito por ambas as partes, mas também apontou contradições nos debates em torno do movimento anti-aborto ou "pró-vida".
Sem nomear ninguém, o Papa afirmou que ser pró-vida significa apoiar essa ideologia de forma generalizada, e não apenas de forma selectiva no que diz respeito ao aborto.
"Alguém que diz ser contra o aborto mas é a favor da pena de morte não é realmente pró-vida", disse o Pontífice natural de Chicago.
"Alguém que diz ser contra o aborto, mas está de acordo com o tratamento desumano dos imigrantes nos Estados Unidos, não sei se é pró-vida", acrescentou.
A doutrina da Igreja Católica proíbe o aborto, mas também se opõe à pena capital, considerando-a "inadmissível" em todas as circunstâncias. Os bispos norte-americanos e o Vaticano têm apelado fortemente a um tratamento humano dos migrantes, citando o mandamento bíblico de "acolher o estrangeiro".
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, contestou as preocupações levantadas pelo Papa sobre o tratamento dos imigrantes, afirmando que "rejeitaria a existência de um tratamento desumano dos imigrantes ilegais nos Estados Unidos sob esta administração". Leavitt sublinhou que a administração Trump "está a tentar fazer cumprir as leis da nossa nação da forma mais humana possível".
Os comentários do Pontífice surgiram quando foi questionado sobre os planos do Cardeal Blase Cupich, de Chicago, para entregar um prémio de mérito vitalício ao Senador Dick Durbin, do Illinois, pelo seu trabalho na ajuda aos imigrantes.
Os planos de Cupich suscitaram críticas por parte dos bispos conservadores dos EUA, uma vez que Durbin, um legislador democrata, é um defensor acérrimo do direito ao aborto feminino, o que vai contra a posição oficial do Vaticano.
Papa Leão XIV: "Ser contra o aborto e a favor da pena de morte não é ser pró-vida"