A crise hídrica que desespera a população de Alta Floresta não é apenas anunciada. Foi também negligenciada por quem tem a responsabilidade de cuidar da população, mas simplesmente ignorou.
As gestões eficientes se adiantam para encontrar uma solução para o problema latente. Não deixam acontecer para depois, na base do improviso, buscar uma solução emergencial. Tipo consertar o carro com o veículo em movimento.
Há os que buscam argumentos evasivos para o que está acontecendo, dizendo que é a natureza e ninguém tem culpa de não estar chovendo, dos rios estarem secando.
No entanto, o que mais se propagou no noticiário, com base em estudos e pesquisas, foi que o clima em 2024 seria ainda mais seco do que em 2023, quando foram registrados dias terrivelmente quentes, como não acontecia há 120 anos. E as previsões apontavam para uma estiagem ainda mais severa.
Os dados de institutos oficiais têm como uma de suas finalidades, orientar a tomada de decisão na gestão pública.
O serviço de distribuição de água é privatizado, mas a responsabilidade de cuidar da população é de quem foi eleito. As concessionárias, apesar das responsabilidades contratuais, só se interessam mesmo em lucrar, ganhar dinheiro. E pouco se importam com o que acontece com a população.
É compreensivo um gestor não saber de tudo e nem ter todas as respostas. Todavia, quando há compromisso e vontade de entregar soluções, acercar-se de uma boa equipe e de secretários eficientes para apresentar as soluções minimamente necessárias aos direitos elementares do cidadão. Ademais, acesso à água potável é um direito fundamental que a população de Alta Floresta paga caro para ter. Não é um serviço grátis!
Quando o serviço de água foi privatizado, há 20 anos, Alta Floresta se ressentia de ciclos econômico malsucedidos, a população era 50% menor do que é atualmente.
Entretanto, quando o município iniciou o processo de reação econômica e a cidade começou a se expandir com o investimento no setor imobiliário, instalações de novas empresas, a população crescendo, nenhum prefeito percebeu que o serviço de água, a qualquer momento poderia entrar em colapso.
Foi se passando de uma gestão para outra e todos os gestores fazendo vista grossa para algo iminente. O quadro desenhado explicitamente em Alta Floresta, notório por todos que queiram ver, é que não tardaria faltar água para abastecer a cidade. A crise hídrica apenas abreviou de forma brusca uma questão latente.
O único investimento feito pela prefeitura de Alta Floresta com relação ao problema enfrentada pela escassez da água, foi contratar a AGER/ Sinop (uma reguladora de faz de conta), que ganha uma grana alta do município, para fazer não se sabe o quê.
O único investimento feito pela prefeitura de Alta Floresta com relação ao problema enfrentada pela escassez da água, foi contratar a AGER/ Sinop (uma reguladora de faz de conta)
Durante estas duas décadas, a concessionária sempre esteve bem à vontade diante da leniência do município. Em alguns momentos foi alvo de críticas e ataques inócuos por parte de vereadores, mas no final, tudo se ajeitava. Da parte da prefeitura, nem agora frente a crise e o sofrimento do povo, fez qualquer exigência à concessionária. Foi necessário a intervenção do Ministério Público para haver uma reação e o problema passar a ser discutido.
E o resultado é esta calamidade coletiva que está sendo vivenciada pela população. Grande parte dos moradores está desesperada, passando por um transtorno sem precedentes na história do município. A população não sabe a quem recorrer.
Famílias, sem perspectivas de quando terão acesso à água. Há incontáveis residências que estão há 10 dias sem uma gota de água na torneira. Situação que afeta até mesmo a saúde mental das pessoas. Imagina a dona de casa que não tem água para fazer a comida da família, para beber e para a limpeza? Para quem tem crianças é ainda mais desolador.
E quem passa o dia no trabalho... Ao chegar em casa não tem água para tomar um banho, se precisar ir no banheiro não tem como dar a descarga.
A população passa por um enorme constrangimento. E um questionamento que cabe ser feito e se tudo isto ficará como se nada de mais tivesse acontecido. Qual será o posicionamento desta AGER? Haverá multas aos responsáveis pela situação ou tudo se limitará a um simples relatório de conveniência?
Este tema: abastecimento de água, não deve mais continuar negligenciado, pois as drásticas consequências recairão sobre a população.
Espera-se que todo este sofrimento e transtorno que o povo de Alta Floresta está passando, sensibilize os responsáveis a encontrar uma solução definitiva, e não apenas paliativa. Afinal, água é um recurso hídrico essencial para a vida.
Para população de Alta Floresta a esperança real, única e imediata para crise climática, é se Deus mandar chuvas para encher os reservatórios. Portanto, aos que acreditam, o momento é de se voltar aos céus e suplicar por clemência divina. Fica a dica!
Abs. Mas a boa notícia é: se está chovendo no deserto do Saara, ocorrendo tempestades raras e enchendo lagos como não acontecia há 50 anos, em Alta Floresta esse estado de coisas, também pode mudar! Você não acha?
José Vieira do Nascimento - Jornalista, pós graduado em Comunicação e editor de Mato Grosso do Norte. Email: [email protected]
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